• ~ Começo ~ •

250 29 15
                                    

Faziam algumas semanas desde o começo das aulas, a maioria dos estudantes estava empenhada em atingir o seu melhor desempenho, já outros pareciam nem ter notado que o ano escolar começou e não se importavam com esse fato. No meio de todos eles, havia Ricardo, uma rapaz vindo do Rio de Janeiro e que era muito sonhador, quem sabe até demais.

De tão emocionado que era, acabou ingressando nos clubes de música e futebol desse ano. Sabia tocar violão desde moleque e é apaixonado por futebol, e suas habilidades eram tão boas, que acabou entrando pra banda da escola e levou seu time a vitória no campeonato estadual do ano passado.

Graças a essas conquistas, se tornou um garoto popular entre a multidão. Mas apesar disso, sempre mantinha a humildade e respeito pelos outros acima de tudo, principalmente com seus colegas de turma. Ser popular tinha suas vantagens dentro da escola, como várias garotas tentando ganhar sua atenção e até intimidade com os professores.

Que vida boa, não é? Mas nem tudo são flores.

A maioria das pessoas na escola, acha que ele só conseguiu isso porque tem talento, ou um dom, porém a verdade era outra. Só conseguia jogar bem daquele jeito, devido aos treinamentos e vários tombos no campo. E só conseguia tocar e cantar bem, por causa de prática e incentivo de sua família.

Sempre tem aqueles que só quer ver o lado bom da moeda. A minoria, como seus amigos, sabem mais do seu esforço do que qualquer um nessa escola, e ele agradece a Deus por colocá-los em sua vida.

A escola era grande, na parte da manhã a aglomeração de grupinhos era normal, o campus também era vasto de gente conversando, jogando ou estudando. Estudavam das 7:30 da manhã até às 4:00 da tarde, ou seja, era uma rotina puxada e cansativa.

Mas, apesar disso, o que o motiva a continuar indo são justamente seus amigos e seu sonho de completar o ensino médio. E, acima de tudo, deixar sua mãe e seu falecido pai orgulhosos.

° ~ Ricardo ~ °

Me espreguicei tentando mandar o sono embora, infelizmente nunca tive sucesso, minha mochila pesava nas costas me fazendo caminhar meio corcunda. Destranquei meu armário e coloquei o máximo de livros possíveis nele, de jeito nenhum vou levar esse peso pra cima e pra baixo.

Ao fechar a portinha, dou de cara com uma cabeça do tamanho de um balão. Se tivesse a cara de um, teria morrido ali mesmo.

- Puta que pariu, Du! Que susto, carai!!

- Valha, tu também me assustou, oh drogado!!

Depois de um minuto, rimos e demos um aperto de mão. Dudu, mais conhecido como Eduardo, mais conhecido como cabeça-de-nós-todos, apelido carinhoso dado por mim e pela nossa turma. Pense num bicho assanhado que só ele, parecia que tinha formiga no botão, sempre dava um jeito de arrumar uma encrenca!

- Aí, vim te entrega um negócio. Toma - estendeu um cartão, olhando de perto tinha um coração no centro.

- Ave Maria, de novo?! Já é o terceiro essa semana - peguei o envelope e coloquei no armário entre os livros. O cearense abriu seu próprio armário enquanto dava uma risada.

- Poisé, né? Queria ser o bom da boca, agora guenta! - o carioca se recostou no metal frio e esfregou os olhos.

- Cê sabe que não era minha intenção, Du. Tô com tanto sono, que nem quero me preocupar com isso agora.

- Vixi, homi. Ficou fazendo o que até altas horas? - fechou o armário, os dois seguiram pra sala de aula.

- Tive que ajudar mainha com as lembrancinhas pros alunos dela, não queria deixa ela fazê tudo sozinha. - disse entre bocejos, as pessoas iam se dissipando pras respectivas salas.

• Yᴏᴜ Aʀᴇ Mʏ Sᴏᴜɴᴅ •Onde histórias criam vida. Descubra agora