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Nova York, NY. 2016

- Yeah! We're happy, free, confused and lonely at the same time!

Uma coisa que eu não fiz, mas definitivamente deveria ter feito, antes de aceitar dividir um quarto com Rosé, foi considerar os possíveis contras. Eu sempre a amei como a irmã que nunca tive, porém a convivência diária em um dormitório universitário começava a testar nossa amizade.

Pelo visto, nós éramos mais diferentes do que eu imaginava.

Por exemplo, ela dormia com uma luz noturna toda noite, o que me incomodava um pouco, já que eu sempre preferi o quarto completamente escuro.

E eu colocava diversos despertadores pela manhã, porque sabia que poderia perder a hora, o que irritava minha melhor amiga, que tinha sono leve.

Ah, e ela também não tinha a menor preocupação com o barulho que fazia quando estava cantando suas músicas preferidas. Como naquele momento.

- It's miserable and magical, OH YEAAAAH!

- Argh, Rosé... - Resmunguei, enfiando os dedos entre minhas mechas loiras e as puxando em agonia. Não era só a cantoria alta, mas também o fato de que eu estava tentando estudar para a prova da matéria que eu mais tinha dificuldade.

- Tonight's the night when we forget about the deadlines, it's time. - Ela continuou a cantar sem me dar a mínima atenção. - OH OH! I don't know about you, but I'm feeling twenty-two!

- Roseanne! - Bati na superfície da escrivaninha aonde estava sentada e olhei para ela, percebendo que a garota tinha headphones sobre as orelhas e nem sequer olhava em minha direção, concentrada demais em colar mais pôsteres na parede do seu lado do quarto. Me estiquei para pegar um travesseiro sobre minha cama.

- Everything will b-- AI! - Os fones de ouvido voaram com o impacto do travesseiro contra a cabeça dela. Rosé virou o rosto em minha direção, com os olhos arregalados. - Por que você fez isso?!

- Pra ver se você cala a boca. Eu tô tentando estudar! - Gesticulei de maneira exasperada para mostrar a pilha de livros e cadernos na mesa diante de mim.

- Ai, que chata. - Ela se deixou cair sentada em sua própria cama, não parecendo nenhum pouco feliz, enquanto tentava arrumar os cabelos cor-de-rosa que haviam sido bagunçados após meu "ataque". E sim, ela pintou o cabelo de rosa quando entrou na universidade. - Parece que você só faz isso ultimamente.

- Eu faço porque preciso. - Retruquei, voltando minha atenção para o caderno repleto de equações. - Nunca teria escolhido esse curso se soubesse que tinha tanta física.

- O quê? Você achou que astronomia seria só deitar em uma cama elástica e olhar as nuvens e as estrelas? - O tom da garota foi carregado de deboche e eu lancei um olhar feio por cima do ombro em sua direção. Ela meramente sorriu em provocação.

A porta do quarto foi aberta sem nenhum aviso prévio e Yeri passou por ela.

Yeri era uma estudante do curso de artes plásticas que Rosé e eu havíamos conhecido durante a tour com os calouros no primeiro dia de aula. Ela estava sozinha e parecia bem tímida, por isso decidimos meio que acolhê-la, mas logo descobrimos que a garota era uma baita de uma festeira e sempre tinha uma resposta afiada na ponta da língua.

- Tô entrando. - A intrusa avisou, mas só depois que já estava dentro do quarto.

- Não sabe bater, não? - Perguntei, talvez um pouco mais ríspida do que pretendia, mas a culpa era de Rosé que decidiu testar minha paciência.

- Ih, tá estressadinha? - Yeri me olhou de cima a baixo com uma sobrancelha erguida. - Vocês que sempre deixam a porta aberta.

- A Rosé deixa você quer dizer, né? - Corrigi. Aquela era definitivamente a mania dela que mais me tirava do sério. Roseanne quase sempre deixava a porta destrancada, como se esquecesse que morávamos em um prédio sem câmeras de segurança nos corredores de onde centenas de outros estudantes entravam e saíam diariamente.

don't you see me? (i think i'm falling for you) // jenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora