Todas menos eu

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Alice

Nunca tínhamos ficado em tanto silêncio, parecíamos estar em mundos completamente distintos. Algo preocupava o Pietro, mas diferente de mim, ele consegue esconder muito bem o que sente.

- Tá tudo bem? - eu perguntei quebrando o gelo, ele suspirou.

- Tá sim - ele disse olhando para o volante.

Estávamos voltando da festa da Becca e do Lion, desde o momento que eu saí do banheiro não falamos mais nada um com o outro.

- Você não parecia estar sendo sincero com sua mãe - eu disse, ele desviou o olhar para a janela - Abre o jogo Pietro - eu pedi.

- Eu não tô me dando bem, no trabalho, eu não quis admitir para a minha mãe, porque ela ia fazer o maior escarcel e eu ia ficar ainda mais desconfortável - ele disse - Eu estou trabalhando como guarda de trânsito, meu superior só me passa essa tarefa, mesmo sabendo do meu potencial - ele disse.

- Sinto muito - beijei sua bochecha, apertei sua mão como conforto - mas você devia falar com sua mãe mesmo assim, ela está acima de todos lá, eu sei que você pode parecer um filhinho da mamãe para eles, mas você sabe que você não é, você está, assim como eles, por merecer, então não deixa te destratarem assim, você merece mais - eu disse, ele sorriu para mim.

- Você é incrível - ele disse, eu sorri constrangida, ele beijou as costas da minha mão - Agora você - ele disse, senti um frio na barriga.

- Eu? - perguntei.

- E mon amour, seus olhos estavam vermelhos e sua maquiagem bem mais leve que antes, você estava chorando, por que? E eu senti que tem algo te incomodando a um bom tempo, abre o jogo, Alice - ele disse com o rosto próximo ao meu, eu congelei sem saber como reagir.

- Tô grávida - eu disse.

- Oi?! - ele perguntou, alguém buzinou atrás de nós, eu dei risada.

- E você ainda não tá pronto - eu disse.

- Como?! - ele perguntou dirigindo e afrouxando a gravata do pescoço.

- Tô brincando, meu período tá certinho - eu disse dando risada, ele suspirou - Você vai sempre surtar assim? A dois anos foi a mesma coisa.

Flashblake

Dois anos atrás

Podem dizer que é uma brincadeira de mal gosto, mas eu queria testar, queria ver a reação do Pietro.

- Como pode ? E rico mesmo, quem nunca andou de ônibus? - eu perguntei, ele sorriu constrangido.

- Meus pais me mimaram muito e mesmo ocupados sempre me levavam e traziam dos lugares, então deu nisso - ele disse, eu dei risada.

- Tinha que ser o caçula da família rica - eu disse, ele sorriu constrangido.

O carro de Pietro estava em manutenção, e em vez de usar o meu ou ele pegar algum carro da família dele, eu decidi que ele tinha que andar de ônibus, pelo menos uma vez na vida.

Mesmo com todos os problemas, vamos nos amarOnde histórias criam vida. Descubra agora