Em '16 anos depois ', Eliz e Kiara se veem confrontadas com o ressurgimento do amor que compartilharam na adolescência, quando descobrem que seus filhos estão namorando. Embora ambas estejam comprometidas em casamentos estabelecidos, a intensidade d...
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Hoje é outro daqueles dias tristes em que me sinto incapaz de fazer qualquer coisa. Pego meu celular em cima do criado-mudo e volto a me deitar. Minha vida, nos últimos dois anos, tem sido uma luta constante. Desde que perdi Bella, minha irmã, em um acidente de carro, nada mais foi como antes. Ela era meu porto seguro, a única que parecia realmente me entender. Agora, cada dia é uma batalha para seguir em frente.
Ontem foi exaustivo por conta das aulas, e hoje decidi sair com minhas amigas para tentar relaxar e espairecer. Depois do almoço, sento no sofá, rolando sem pensar pelas redes sociais, enquanto espero Addison chegar.
— Boa tarde, Ely! Addison entra animada na sala.
— Oi, Addison. Vamos pra onde? pergunto, desligando o celular.
— Não sei. Tava pensando em só... ir, sabe? O primeiro lugar que a gente achar.
— Por mim, tanto faz. dou de ombros.
— Que tal uma lanchonete?
— Ah, não! Faço uma careta.
— Estou de dieta. Tenho comido besteiras todos os dias.
— Dieta? Eliz, você tá saindo pra passear! Como assim não vai comer nada?
— Sim, ué. Dá pra sair sem enfiar o pé na jaca.
— Tá bom, Dona Saúde. Vamos pro shopping então.
— Shopping de novo, não! A gente vai lá todo dia.
— E parque?
— Beleza, bora! concordo, já cansada da conversa.
Addison dá partida no carro, e seguimos em direção ao parque no centro. Durante o trajeto, Hannah, nossa outra amiga, me manda uma mensagem perguntando onde estamos . Respondo rápido e guardo o celular, focando na conversa.
— Vocês já sabem como vão fazer o trabalho de biologia? Addison quebra o silêncio.
— Acho que vou fazer um seminário respondo, sem muita convicção.
— Eu nem pensei nisso ainda ela responde.
— Vou viajar, então tenho tempo pra decidir.
— Sortuda! comento.
— Vai viajar pra onde?
— Pra casa do meu pai. Ele me chamou pra passar uns dias lá.
Chegamos ao parque e encontramos um banco próximo a um carrinho de pipoca. Hannah nos encontra e se senta ao nosso lado para contar o motivo de ter se atrasado. O clima estava agradável, com o cheiro doce de algodão-doce misturado ao das árvores ao redor. Mas eu mal tinha tempo de aproveitar o momento quando Addison se inclina para sussurrar:
— Me arrependi de ter vindo aqui. Péssima ideia.
— Qual é o problema? — pergunto, intrigada.
— Só disfarça e olha quem tá vindo ali.
Levanto os olhos e meu coração dispara. O grupo mais popular da escola está vindo em nossa direção. Meu nervosismo não é exatamente por causa do grupo, mas por Kiara. Meu olhar cruza o dela por um breve segundo, e sinto o rosto esquentar. Tento disfarçar mexendo no celular, mas minhas mãos tremem.
— E o que a gente tem a ver com isso? pergunto despreocupada.
— Nicolas. Ele não para de pegar no meu pé.
— Ah, Addison, deixa de ser chata Hannah reclama.
— Você não gosta que fale dele porque gosta dele.
— Eu? Gosto mesmo
— E como gosta! Falo rindo.
— Eliz, sai desse celular e me dá uma força aqui! Hannah me balança pelo ombro.
— O que foi agora?
— Ele tá vindo pra cá!
Antes que eu pudesse responder, Nicolas para na nossa frente, com aquele sorriso convencido de sempre.
— Oi Nicolas Hannah cumprimenta ele, mas Nicolas não dá muita atenção, apenas sorri
— E aí, gnomo de jardim? ele provoca Addison.
— Vai encher outra pessoa, Nicolas. Já não basta a semana toda no meu pé?
Kiara, que estava mais atrás, se aproxima e sorri. Meu coração acelera ainda mais, e sinto meu rosto corar.
— Acho que ele gosta de você, Addison ela brinca.
— Eu também acho Addison revira os olhos, mas não consegue segurar uma risada.
— Até parece Nicolas fala empurrando Addison
— Vamos logo, gente. O filme já vai começar! alguém do grupo diz, e eles se afastam, deixando-nos sozinhas novamente.
— Que garoto insuportável! Addison reclama, cruzando os braços.
— E lindo também! Hannah solta, rindo.
— Cala a boca! Addison retruca.
Volto a olhar para o celular, tentando esquecer a presença de Kiara, mas Addison percebe.
— Sério, Eliz? No celular de novo?
— O que tem?
— A gente saiu pra se divertir, e você só tá no celular.
— Desculpa, mas eu não tô no clima. Acho que vou pra casa.
— Como assim? A gente acabou de chegar!
— Tô cansada, Addison. Vocês fiquem aí e aproveitem. Eu pego um táxi.
— Chegando, me manda mensagem, tá?
— Mando, sim.
Quando chego em casa, subo direto para o meu quarto, tomo um banho e me deito na cama. Mil pensamentos passam pela minha cabeça, mas o principal deles é Kiara.
Eu realmente gosto dela? É estranho, porque mal trocamos palavras. Talvez seja só coisa da minha cabeça, uma obsessão para preencher o vazio no meu coração desde que perdi Bella.
Sei que Addison e Hannah não têm ideia disso, e não quero que ninguém saiba até eu entender o que está acontecendo. Mesmo assim, a ideia de estar apaixonada por Kiara me deixa nervosa e, ao mesmo tempo, feliz.
Sinto tanta falta de Bella. Ela saberia o que dizer agora...