O relógio já batia as cinco e meia da tarde,o sol já ameaçava se esconder mas isso não mudou em nada o aflorado ânimo da discussão que se desenrolava na minha frente
Eu estava sentado em uma poltrona,afundado em seu estofado de couro negro que mais parecia me engolir do que me sustentar ,enquanto observava os dois maiores monarcas da história desse reino,se descontrolarem em um bate-boca incessante,que não parecia ter fim mamãe andava de um lado para o outro,tremendo,nervosa e gesticulando loucamente,enquanto papai estava esparramado em outra poltrona,só que de couro branco,massageando as têmporas ,talvez,na falsa esperança de que isso diminuísse a enxaqueca que certamente o atacava
- não!,você não tem esse direito...simplesmente não tem!Eu escutava mamãe gritar,rebatendo todas as explicações que papai apresentava
- você não entende, Hadassa
- você que não entende - mamãe andava de um lado para o outro com a mão no peito,chorando,há muito ela havia perdido a compostura para com aquela situação - você quer manda-lo para longe,exilado,escondido como um criminoso
- e eu já não vivo assim?
Disse eu,sendo ignorado pelos dois
- você ignora que ele é meu filho,meu filho Eugênio,seu também,mas pelo que vejo,você não se importa muito com ele já que insiste em me enfiar goela a baixo essa ideia estapafúrdia
Papai massageava as têmporas
- voce me faz parecer um monstro,age como se você fosse a única a sofrer
Eles se encaram mutuamente
- e você,Eugênio,encontra a solução em manda-lo para a fenícia,do outro lado do continente,ele ainda é uma criança!
- então me apresente outra solução! - papai grita,gemendo depois pela dor de cabeça ,e suspirando em seguida - o que você sugere,Hadassa!? Quer continuar mantendo o garoto dentro daquele maldito quarto? Escondido,enjaulado com um animal
Mamãe respirar fundo,e fala agora mais baixo,mais calma,quase mansa
- a solução virá,você precisa ter paciência...é sobre nosso filho que estamos falando,Eugênio - mamãe se vira para a janela,de costas para nós - você deseja que eu aceite isso?
- é o melhor pra ele
- sair daqui,de sua casa,sorrateiro na noite,como um criminoso sendo conduzido a sua nova penitenciária...
- que ótima descrição...- eu murmuro
- você não entende... - diz papai
- então explique,de uma forma compreensível,para mim
Mamãe está desesperada
Papai se levanta e se aproxima devagar
- Hadassa,nosso filho vai virar um homem,e ele nunca saiu,o herdeiro deste trono nunca conheceu seu reino,seu povo,seu poder..sua vida,na fenícia eles tem condições e métodos melhores de cuidar dele como ele merece como a..- papai estuda as palavras seguintes - condição,dele exige
Ele pega nos ombros de mamãe que se afasta discretamente
- podem até achar uma... cura
Aquilo já tinha sido a gota d'água,a horas os dois vem discutindo,gritando e falando sem parar sobre como me amam,como querem o meu bem,o melhor pra mim... no entanto, nesses dezesseis anos de vida ( se é que assim posso defini-la ) eu venho encarcerado,dentro deste castelo,uma masmorra regada aos mais caros luxos..que ironia
Eu não aguentava mais
- chega!
Eu estava irritado,chateado e ofendido e no impulso do grito eu não pude conte-las e elas explodiram,rasgando a camisa branca que eu usava
Duas asas enormes,brancas e longas saíram das minhas costas derrubando um vaso de cristal com flores que estava em cima de uma mesinha ao lado da minha poltrona e chegando até o lustre do tetoTanto papai quanto mamãe me olharam assustados,pasmos e boquiabertos,não sei se pelas enormes asas ou por perceberem que eu assistia discussão no mesmo cômodo
Eu recolho as asas que somem nas minhas costas e ambos,papai e mamãe seguem caladosEu falo,com a voz ferida
- vocês falam de mim,da minha vida como se a minha opinião não importasse,como se eu não importasse e anda dizem que me amam? e mesmo ? sera que amam? por que eu não vi ninguém se preocupar com o que o Marcus quer para ele....
- é por que não se trata do que você quer,meu irmão - uma voz que eu conhecia muito bem ecoou pela sala - se trata do que você precisa
todos nos viramos para trás e ele esta de pé na frente da porta com a inseparável postura ereta e distante enquanto tirava ,pacientemente as luvas de hipismo,o rosto branco (não tão pálido como o eu já que ele tinha mais contato com o sol),o cabelo negro contrastava bem com a camisa branca que ele vestia,sempre bem alinhada ao corpo,junto com suas calças e botas esportivas
Fabrício
o meu irmão gêmeo teria-o como meu reflexo se não fossem pelas cicatrizes que atravessavam irregulares o seu rosto,apesar delas,eu o achava extremamente bonito,poderia ser comparado a um anjo se não fosse o seu caráter um tanto duvidoso,Fabrício fazia de tudo para se sair bem no que lhe interessava,as vezes ultrapassava um pouco os limites da razão
seu olhar naquela sala era indecifráveleu não tinha muita certeza quanto ao tom de voz dele ,senti certa ironia,mas toda e qualquer duvida foi abssolvida com oque ele falou em seguida
- mas - ele agora tinha os braços atras do corpo - embora nossos pais, busquem o melhor para Marcus,eu não creio que a solução esta em manda-lo para outro continente
papai olho para Frabrício com chateação,expressando-a ao maximo em seu tom de voz- Fabrício,não se meta,e não conteste nossas decisões,nós queremos o melhor para o seu irmão
- nossas decisões!?
mamãe atira voltando ao ódio do inicio
eu percebo que vai começar tudo novamente e como eu não estou nem um pouco apto para assistir a mais uma picuinha
Eu já estava enjoado,tido ali me irritava profundamente então eu saí pela porta sem dar a mínima para o furdúncio que veio após isso
Eu entro por uma abertura secreta no corredor e fui saindo de saleta em saleta até chegar ao térreo, eu sabia que não podia ficar muito tempo ali,pois corria o "risco" de alguém me ver,mas eu gostava de admitir o reino,as pessoas passando pelas ruas,os carros,as músicas,as conversas e as festas,tudo o que eu nunca poderia viver,tudo o que me foi privado no dia em que nasci
Eu balanço a cabeça e atravesso uma portinha que dá acesso ao meu quartoEra mais um salão grande o suficiente para ser uma galeria,era uma caixa forte,um tipo de abrigo com isolamento de som em caso de guerra,revolta ou desastre
Se encaixava perfeita mente na situação,eu era um desastre na vida de todos,a diferença é que estava dentro da caixa forte,eu queria sair,estava contidoEu caminhei pelo espaço até o banheiro eu parei na frente do espelho amplo e tirei os sapatos e o que restou da camiseta de linho grego que foi detonada naquela hora
Eu sai do banheiro e subi,por uma escada,até o segundo nível do quarto,basicamente uma mini passarela com 50 prateleiras que abrigavam o amor da minha vida,os meus livros,todos enfileirados por ordem alfabética,1.900 livros,e eu havia lido todos,afinal,eu não comparecia a muitas festas ou algo assim
Eu fui até uma pequena parte reservada da minha biblioteca a particular ,que era reservada a música,150 discos compunham o meu acervo musical,eu peguei um disco,Yiruma ecoa pelo cômodo e eu me jogo no chão,me levantando logo depois descendo pela escada até o chão do quarto,então eu fui até a sacada e me joguei* comentarios da autora*
gente,nao reparem na historia meio capenga,é a minha primeira tá?
eu to com sdds delaaaa
as vezes eu queria ser como o marcus,sarada e atraente,mas...fazer o que né...

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Ascendência
FantasyMarcus é um príncipe que nasceu com uma característica peculiar,os seus pais,o rei e a rainha fazem de tudo para esconder o filho,decidindo por fim,envia-lo a um internato onde ele descobre segredos que nunca imaginou