a tribo

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eu estava sendo carregado

era tudo o que eu sabia,eu sentia o meu corpo subir e descer,na verdade eu não sentia o meu corpo,eu não conseguia me mexer,o que me deixou desesperado,já que eu não sabia onde estava e não sabia com quem eu estava

eu sabia que,provavelmente estava na mata ainda,eu sentia o cheiro de terra molhada e conseguia ver o sol através do pano que me cobria,eu tentei tatear a superfície que me sustentava,ela algo feito com fibras,um tapete talvez,eu estava meio afundado nele,essa sensação era muito familiar,eu pisquei repetidas vezes para me acostumar com a claridade,pela intensidade da luz eu imagino que ou ainda era de manha ou já estava de tarde,por volta das 4 ou 5 da tarde

eu fiquei bem uma meia hora balançando pra lá e pra cá ate que o sol sumiu,entrei em um lugar com cobertura e fui colocado em uma superfície ali tinha um cheiro estranho,era bom,mas era incomum,esse cheiro se espalhava por todo lugar,então,eu me lembrei das asas,meu tato estava dormente mas eu podia sentir as plumas em minha pele,por deus,quem quer que sejam essas pessoas,elas viram, as asas,viram meu rosto...se me reconhecerem,e espalharem,meus pais vão ter um derrame

enquanto eu surtava passos se aproximavam de mim e eu fiz um esforço para ficar calmo e quieto,o que não era difícil,considerando que eu nem sentia meu rosto,os passos chegaram perto e eu fechei meus olhos,tinham passos calmos e passos frenéticos,apressados,uma voz grossa falava uma língua desconhecida e uma outra pessoa suspirava ou bufava de vez em quando

minha alma arrepiou quando o pano foi puxado violentamente de cima de mim,eu movi montanhas dentro de mim para me manter quieto e calmo

aquela voz continuava a falar e eu continuava sem entender,até que um silêncio tomou conta do lugar,acompanhado de passos  lentos

mais alguma coisa foi dita naquele dialeto até que uma voz mais nova falou minha língua

- abra os olhos,príncipe,sabemos que você não esta dormindo,não mais

eu permaneço quieto no meu canto

a voz grossa grita e uma voz idosa fala algo no meio,interrompendo e calando a primeira voz

- olha,se eu fosse você,abria logo os olhos,por que Mnai quer arranca-los...

eu abro os olhos assustado encarando um homem moreno acima do meu rosto,ele tem raiva nos olhos 

ele fala na minha cara e o outro traduz

- ele quer saber quem é você

e fico sem reação,não consigo articular nenhuma palavra e a voz idosa volta a falar algo incompreensível que é complementado pela voz mais nova

eu agradeço mentalmente antes mesmo de saber oque eles disseram pois fez o homem moreno sair de cima de mim

quando o homem se retira de cima de mim eu noto,primeiramente que ele esta nu,da cintura pra cima exibe um corpo bem trabalhado e definido,com algumas sicatrizes do abdômem e também ha tatuagens,eu acho,pelos seus braços e peito vejo também  os longos cabelos negros que caiam por cima dos ombros,eles eram realmente muito longos,abaixo da cintura,como se nunca tivessem sido cortados,assim como vejo os donos das outras vozes,um homem idoso,sentado em um tipo de cadeira de troncos e um outro homem,na verdade,parecia um garoto,como eu,era magro,e moreno,também tinha o físico definido,mas diferente do outro,tinha o cabelo curto,amarrado e raspado apenas dos lados,sem falar que tinhas as tatuagens somente ate a metade dos antebraços,ele estava encostado em uma coluna,com os baços cruzados na altura do peito e me estudando com os olhos pretos cheios de curiosidade

o homem idoso,também tinha um longuíssimo cabelo branco,mas o dele era preso em uma trança que estava enrrolada em seu pescoço,ele tinha os olhos fechados e um longo cachimbo na boca,do qual tirava umas tragadas de vez em quando

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