capítulo 17

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19 de setembro
Quarta feira
De madrugada

O médico disse que a Bella é surda mesmo e é num nível severo. Ele deu as opções da cirurgia e do aparelho auditivo, mas a Lauren disse que não porque não temos dinheiro.
Eu ainda não tive "coragem" para lhe dizer que os nossos pais querem pagar.

Neste momento, ela está a dar leite à Flor que acordou primeiro. São 8 da manhã apenas.

- Eu preciso dizer-te uma coisa - digo enquanto me aproximo da maca

- O quê? Aconteceu algo?

- Não. Mais ou menos. É que ontem eu disse aos nossos pais que a Bella nasceu surda e isso. E eles disseram que se nós quisermos eles podem pagar o tratamento

- O quê?! Não! É imenso dinheiro e nenhum deles tem assim tanto!

- Amor, é pela Bella. Vai ser horrível para ela e para nós, ela nunca ouvir a nossa voz!

- Eu sei! - diz, começando a chorar - mas neste momento não podemos fazer nada!

- Desculpa, mas ao contrário de ti, eu penso no que é melhor para a nossa filha, e mesmo que sejas contra, eu vou aceitar o dinheiro deles para pagar o aparelho ou a cirurgia

- Eu penso no que é melhor para ela! Nós podemos fazer algo daqui a uns tempos, mas agora não!

- Eu já decidi. Vou ligar-lhes e depois vou falar com o médico - digo e vou na direção da porta

- É suposto tomarmos uma decisão juntos e não fazer apenas o que é certo! - olho-a, mas ignoro e saio do quarto

     Lauren narrando 🌻

Depois que o vi sair, comecei a chorar mais do que já chorava.

Não quero que pensem que eu não me importo com a deficiência dela, porque eu importo-me! E muito!

Eu só acho que o melhor agora é arranjarmos dinheiro suficiente para depois pagar o tratamento. Não quero que os nossos pais paguem uma coisa que devia ser nós a pagar.
Faz-me sentir uma mãe incompetente ou algo coisa do tipo.

Saio dos pensamentos quando oiço a Bella a chorar. Deito a Flor no berço e pego a Bella.

- Eu queria tanto que me ouvisses, filha. Queria que soubesses o quanto te amo e o quanto me importo contigo - digo e vejo ela abrir os olhinhos

Os olhos de ambas são azuis, iguais aos do pai.
Elas têm é umas bochechas que eu não sei a quem saíram. Dá vontade de morder.

- Eu amo-te - digo. Ela tira a boca do meu mamilo e faz cara de choro - eu sei, meu amor, é horrível não ouvires - ponho-me na posição de arrotar e faço-lhe carinho para se acalmar

O Josh entra no quarto e vai até ao berço onde a Flor está.

- Não vais falar comigo? - pergunto a limpar as lágrimas

Ele ignora e põe a mantinha por cima da bebê.

- Josh...eu importo-me com a saúde dela, mas...sinto-me mal por serem os nossos pais a pagar e não nós

- Porquê? Eles só querem ajudar a neta

- Porque...eu não sei - baixo a cabeça - parece que nunca vou poder dar nada a elas quando pedirem

- O teu trabalho dá-te muito dinheiro. E quando começares a fazer o que gostas, vais ter muito mais dinheiro de certeza. Eu sei que não temos imenso, mas o que temos dá para pagar pelo menos um aparelho auditivo. E entre o dinheiro e a felicidade da nossa filha, eu prefiro a felicidade dela

No Ensino médio || Josh BeauchampOnde histórias criam vida. Descubra agora