Gélido e empalidecido

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Ela era quente como uma manhã de verão ensolarada

Aconchegante como um café recém passado ou abraço quentinho no coração.

Mas longo esse verão deu lugar a um inverno implacável, era tão intenso que todas as flores congelaram e o que antes era iluminado e cheio de cor, deu lugar a um ar gélido e empalidecido.

Ela era doce como o próprio açúcar
Mas logo ficou amarga.

Quando a noite escura veio tudo o que lhe restou foram fósforos que ela incansavelmente tentava acender para reavivar a chama que antes ardia dentro dela, aquecendo-a e trazendo cor ao seu mundo cinzento.

Tentou incansavelmente uma vez atrás da outra 

para que ela pudesse ver a beleza das flores ao desabrochar.

Ela mantinha a fé de que, ao suportar o inverno, logo testemunharia as cores vibrantes que pintam o céu após uma chuva intensa.

 Por muito tempo, essa crença a sustentou. No entanto, um dia, ela perdeu a esperança e, junto com ela, foi congelando, tornando-se parte do mundo em que vivia.

 Seu desejo de ver as flores florescerem era insaciável, mas o frio era implacável. E, apesar de seu coração implorar para aguentar um pouco mais, a primavera nunca chegou e nunca chegaria.

Ela era uma poeta que sonhava em se tornar poesia.

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