LXXV- Cicatrizes antigos

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Boa leitura!

Wenren È andava a cavalo, carregando no colo o pequeno Yin Hanjiang, de seis anos, e dirigia-se lentamente em direção à fronteira com os documentos de viagem em mãos.

O pequeno Yin Hanjiang ergueu a mão e tocou as bandagens do rosto de Wenren È.

“Eu pareço assustador?” WenrenÈ perguntou.

Suas mãos e rosto estavam cobertos de queimaduras que o jovem Wenren Wu havia infligido a si mesmo.

Após o extermínio do clã Wenren, Wenren Wu correu de volta para a capital com a ajuda dos antigos subordinados do marechal Wenren, mas não conseguiu fazer nada além de recuperar os cadáveres de sua família.

Os amigos de seu pai não puderam ajudá-lo muito, apenas prepararam uma identidade falsa para ele e disseram-lhe para viajar o mais longe possível. Antes que o clã Wenren fosse exonerado, ele não deveria retornar.

Como Wenren Wu era fugitivo, para se proteger e não trazer problemas a ninguém, ele se jogou na fogueira, queimando o rosto. Antes de suas queimaduras sararem, ele fugiu da capital, encontrando um posto de controle no caminho, onde um policial incrédulo arrancou suas bandagens, revelando carne vermelha e ensanguentada.

"Não." O pequeno Yin Hanjiang aninhou-se em seu colo, pensando em como o jovem Wenren Wu havia passado esses anos.

Toda a sua família se dedicava ao país, mas só ele permaneceu. Ele não tinha mais do que um garoto de quinze anos, tendo sido há pouco tempo um encrenqueiro travesso que causava o caos onde quer que fosse, mas agora precisava esconder seu nome e identidade, esmagando sua natureza obstinada e despreocupada, destruindo sua natureza e seu próprio rosto incomumente bonito e enfrentando um mundo cheio de malícia, sozinho.

Um cultivador poderia curar qualquer tipo de ferimento. Quando Yin Hanjiang conheceu Wenren È, ele já vinha cultivando há duzentos anos e era poderoso a ponto de se assemelhar a uma divindade. Ele não conhecia nenhum rival no mundo do cultivo, uma personificação da própria força. Ninguém seria capaz de imaginar que ele já teve um passado assim. Embora Yin Hanjiang tivesse ocasionalmente ouvido Wenren È trazer à tona o passado, ele não conseguiu relacionar o que ouviu com o homem que conhecia.

Só agora Yin Hanjiang percebeu, mais claramente do que nunca, que seu Venerável não era uma divindade. Ele era um mortal de carne e osso, que entendia melhor do que ninguém o que era dor.

O pequeno Yin Hanjiang subiu, passando os braços em volta do pescoço de Wenren È e levantando a cabeça para beijar suas bandagens. “Dói,” ele disse suavemente.

"O que você está pensando?" Wenren È cutucou Yin Hanjiang na cabeça. “Trezentos e cinquenta anos se passaram, então como ainda poderia doer?”

Em suas memórias, certos pontos especiais não podiam ser alterados. Afinal, todos os eventos já haviam acontecido. Nos momentos em que as emoções de Wenren Wu eram mais intensas, Wenren È seria forçado a praticar as mesmas ações. Mas durante esse espaço em branco do qual ele não tinha nenhuma impressão particular, ele conseguia permanecer sensato.

Yin Hanjiang não disse nada, apenas enterrou a cabeça no ombro de Wenren È.

Eles viajaram meio ano antes de chegar à fronteira. Já não era a fronteira que tinham deixado, depois de nove cidades terem sido cedidas às forças inimigas.

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