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PETE

Exausto e frustrado.

Essas duas palavras me descrevem completamente agora, e triplicam de intensidade assim que jogo mais uma folha de papel amassada na lixeira ao meu lado. Desta vez, erro o alvo e, consequentemente, o (agora) lixo vai de encontro ao chão.

Não é possível que eu consiga ter tanta dificuldade assim para escrever uma cena tão simples! Uma cena que não dura nem 10 minutos de leitura, mas que leva longas horas para ser escrita. Tentei recorrer até a vídeos pornô na internet e alguns yaois, mas é inacreditável como nem isso me ajuda a planejar a estrutura de todo o ato entre meus personagens.

— Por que é tão difícil escrever isso?! — pergunto em voz alta, jogando meu corpo sobre a mesa do meu canto do dormitório.

Neste exato momento, ouço a porta se abrir e Vegas aparecer sorridente. Ainda que esteja extremamente suado por baixo da sua regata preta favorita pela caminhada que faz todas as noites antes de dormir, não parece nem um pouco cansado. Pelo contrário: está mais animado e agitado do que quando saiu. Vá entender esse cara.

Pela roupa que está usando, suas tatuagens que cobrem o braço esquerdo estão expostas e com certo brilho devido ao suor e à luz do quarto. Assim, tornam-se mais nítidas e se destacam melhor. Não posso negar o quanto me amarro em todas as tatuagens que ele faz em seu corpo. Mas, até hoje, a que mais gosto é o P na minha cor favorita (azul) que ele fez em seu pulso. Não sei a que se refere, mas ele diz ter um grande significado, e que talvez me conte no futuro.

Bom, já faz 4 anos e nada de ele me dizer. Acho que fui enganado.

— Não está conseguindo escrever de novo? — pergunta baixinho num riso amigável ao fechar a porta e pegar uma toalha limpa em nosso armário. — Qual é o conto, dessa vez?

— Aquele que te falei ontem. Segui todas as suas dicas do primeiro cenário, mas agora que chega a parte dos dois transarem, me dá um branco total! Nada dá certo!

— Okay... Vamos com calma — Vegas coloca uma toalha sobre seu ombro direito e se apoia na parede ao lado da minha mesa. — Já definiu as posições de cada um? Vão ser versáteis?

— Não pretendia colocá-los como versáteis, não... Sei lá, não imagino o Mark sendo mais do que passivo, com base em como o criei e tal. Dessa vez, nada de versátil.

— É, realmente. Também não consigo imaginá-lo sendo ativo. Ficaria um pouco estranho na hora de ler, principalmente se você já disse que não imagina ele sendo tal. Não conseguiria transpassar normalidade na cena e ficaria algo incoerente.

Acabo soltando um riso com sua fala, fazendo-o tombar a cabeça para o lado em confusão. Às vezes, a forma como ele fala o deixa tão inteligente para a aparência bad boy dele. Não gostaria de associar suas tatuagens e piercings à sua intelectualidade, mas é inevitável. Mesmo assim, não contenho o sorriso.

Somos melhores amigos há dez anos e ainda não me acostumei. Preciso parar com essa mania.

Vegas é mais do que tatuagens e piercings. É o maior amante de livros de autoajuda e reflexivos que conheço; a pessoa mais tranquila e gentil que já vi na vida. Além disso, o curso que escolheu combina completamente consigo: educação física. Não o imagino fazendo outra coisa, e ele pensa o mesmo.

— Eu já venho te ajudar nessa parte. Só vou tomar um banho antes. — Como mania sua, bagunça levemente meus cabelos com um sorriso gentil nos lábios e caminha até o banheiro, deixando a porta entreaberta (como a janela de lá está emperrada e não abre mais, optamos por fazer isso para não morrermos sufocados).

EROTIC WRITER || VEGASPETE [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora