2. guest

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Cena perdida imaginada por mim, da Ester aparecendo na casa da Carol ainda sem saber que ela e Natália estão juntas. 

Uma batida na porta me faz despertar e me deparo com marrom a minha frente - os cabelos de Natália se espalham pelo travesseiro e eu me espalho sobre ela. Ouço a batida novamente e me desloco, desalojando-me da mulher adormecida ao meu lado. Diferente de mim, ela continua dormindo profundamente, sem qualquer sinal de que está ouvindo alguma coisa. Deixo um beijo nos cabelos dela e me levanto com cuidado; e com as luzes ainda apagadas me dirijo à porta da frente. As batidas pararam, felizmente. Talvez a pessoa entenda que precisa esperar um pouco diante do horário.

Quando vejo pelo olho mágico quem é, abro a porta imediatamente.

"Mãe?" Ester me olha sorridente, como sempre faz. Sempre despreocupada. "Não esperava te ver aqui, mãe. 'Cê não tava indo para Patagônia?"

Ela continua a sorrir, mas enquanto me responde vai entrando e deposita a mala e a bolsa no chão, perto da entrada. "Não esperava? Eu disse que viria mais vezes!"

"Sim" Respondo calmamente, fechando a porta atrás dela "Mas você saiu daqui não faz nem uma semana direito"

"Detalhes, Carolitoca, detalhes"

Suspiro "Eva, que horas são?" Pergunto baixinho, feliz por Eva entender a necessidade de um sussurro às vezes.

"São 3h40"

"Obrigada, Eva"

Ester não se assusta, enquanto esteve aqui se habituou a me ver conversar com Eva. Paro um segundo, as luzes ainda estão apagadas e o apartamento é mais uma vez tomado pelo silêncio. Mas Ester aos poucos se aproxima do quarto, então entro em ação e a impeço, ficando no caminho entre ela e a porta.

"Eu só vou ao banheiro, Carolina" Ela diz com um muxoxo "Olha o meu estado"

Encaro-a bem e solto um suspiro "Tá bem, ok. Deixa só eu cuidar de uma coisa, tá?"

Com cuidado empurro a porta de correr do quarto, ainda tapando o campo de visão da minha mãe. Natália continua dormindo, numa posição não muito diferente da que a deixei quando saí, o que me arranca um sorriso que eu não sabia que precisava. Quase consigo ouvir a voz dela se visse a carranca que eu provavelmente estava usando alguns segundos atrás - 'Você se preocupa demais, professora, relaxa!'. As cobertas haviam se embolado um pouco ao redor das pernas dela, então as ajeito, cobrindo suas pernas bronzeadas. Somente quando tenho certeza de que ela está bem coberta e confortável chamo Ester.

"Não faz muito barulho, ok, mãe?"

Minha mãe me olha confusa, mas então abro mais a porta, revelando a visão que eu tive segundos atrás - Natália dormindo com os cabelos castanhos espalhados no travesseiro, o rosto bonito completamente relaxado. Ester só levanta uma sobrancelha para mim, mas não diz nada. Ela acata ao que eu peço e segue para o banheiro com cuidado.

Imagino que ela vá demorar um pouco, então devagar vou até o armário e pego um edredom, que deposito no sofá, o arrumando da melhor forma para que minha mãe possa descansar. Tento fazer o mínimo de barulho possível, mas quando volto para o quarto para pegar algumas almofadas, Natália se mexe um pouco. Vejo quando seus cílios se movimentam devagarzinho, por isso aproximo meu rosto do seu e deposito um beijo na sua testa. Ela suspira, nem completamente dormindo nem acordada.

"Não é nada, pode dormir" Digo baixinho enquanto passo as mãos nos seus cabelos.

É nesse momento que Ester abre a porta, felizmente tomando cuidado de não deixar a luz do banheiro passar completamente para o quarto. Volto para a sala, sentindo-a me acompanhar e mostro a ela o sofá.

"Arrumei para você, tenta descansar, tá? Tá muito tarde." Digo, arrumando as almofadas para ela.

"Ou muito cedo" Ela diz e eu concordo com a cabeça.

Ester abre a boca como quem quer falar mais alguma coisa, mas eu a interrompo "Vou voltar pra cama. Amanhã a gente conversa?"

"Certo, Carolina" Ela sorri novamente. Minha mãe sorri bastante, estou começando a reparar.

Me viro, deixando-a para se organizar e entro no quarto, porém, antes de fechar a porta, ouço quando ela diz "Estou feliz por você", o que me arranca mais um sorriso.

Volto para a cama, me enfiando debaixo das cobertas com a mulher que eu amo e me aconchegando nela. Agora minha mãe também sabe do meu relacionamento com ela, e percebo que a sensação que estou sentindo diante disso é felicidade. Decido parar de pensar muito por agora - o cheiro de Natália me abraça, então inspiro profundamente o perfume dos cabelos dela no travesseiro e tento me concentrar apenas nisso e no calor que ela emana, enquanto rapidamente o sono me puxa novamente para a inconsciência.


NA: Gente bonita, não estava esperando que as pessoas fossem realmente ler esse troço kkk. Ás queridas que comentaram, obrigada, vocês são um amor. Enfim, esse aqui estava guardado no meu caderninho então pensei em passar pra cá. É curtinho, mas é honesto. Beijinhos!

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⏰ Última atualização: Apr 10 ⏰

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