Já se passaram algumas semanas desde o último quase extermínio que resultou na morte de Adão e de outros anjos. O Paraíso ainda não havia se manifestado e isso assustava o Rei do Inferno sobre o que poderiam estar tramando. Temia por sua filha e seu sonho. Ele não poderia perder mais nada que era importante para si, não aceitaria isso.
Depois que sua esposa foi embora com Charlie doía ver sua aliança em seu dedo. Toda vez que a olhava parecia queimar sua pele e lhe causava uma sensação ruim, de que algo ruim iria acontecer cedo ou tarde. Apesar de tudo, não conseguiu se desfazer daquele que um dia foi o símbolo que uniu dois seres com um amor que ele achava que seria eterno, ainda mais depois do nascimento do fruto daquele amor, sua amada e preciosa filha.
Para proteger melhor sua filha, ou se sentir mais seguro, o soberano se mudou para o Hazbin Hotel. Naquela manhã sua filha o convenceu a participar de uma de suas atividades porque, segundo ela: "Se até o próprio Rei do Inferno participa das atividades de redenção o que impediria outros pecadores de não participarem também?". O Hotel havia ganhado fama depois da luta contra o exército de anjos, cada dia apareciam mais pecadores em busca da redenção mesmo sem nenhuma prova de que funcionava mesmo.
A atividade consistia em fazer um elogio a pessoa a sua esquerda e foi uma atividade... Digamos que, interessante, eu acho. O Rei não pareceu muito confortável com a adorável e psicopata faxineirinha o chamando de coisa ruim e o encarando profundamente com seu único olho. Ele começaria a dormir com um olho aberto, só por garantia.
O Demônio do Rádio observou as reações de Sua Majestade durante toda a atividade. Seu sorriso pareceu ficar maior com a expressão do anjo caído quando Niftty o elogiou. Quis rir quando o outro se afastou levemente da pequena e não abaixando a guarda pelo resto da atividade.
O dia correu normal sem muitas novidades. O Demônio do Rádio passou o resto dia e parte da noite fora. Quando voltou de madrugada percebeu o anjo caído debruçado sobre a varanda de seu quarto, observando a cidade.
- Problemas para dormir, Vossa Majestade? - Se materializou ao lado do loiro com um sorriso um tanto quanto suspeito.
- Vai se fuder, Alastor. Porque não vai encher o saco de outro? - O loiro não estava com muito humor para aturar aquele sorrisinho do avermelhado.
- Ora, Lúcifer, eu apenas te vi aqui e resolvi te fazer companhia. Ou um plebeu não pode mais estar ao lado de Sua Majestade? - Se o sorriso de Alastor aumentasse um pouco mais poderia rasgar seu rosto, mas sabemos que isso não aconteceria.
- ... Não enche. - Lúcifer olha para o demônio antes de voltar a encarar a paisagem. Solta um suspiro quando percebe a presença do outro ao seu lado e seu olhar fica um pouco triste ao ver a aliança.
- Sabe, Alastor. No começo não gostei nem um pouco de você. Sua aproximação com a minha pequena, como sua relação com ela parecia mais próxima do que a minha. Isso me deixou muito puto. E mesmo você sendo um manipulador de merda eu aprendi a gostar de você nesse pouco tempo. - Talvez fosse o ar da madrugada, ou talvez alguma coisa que tenha comido, mas Lúcifer só sentiu vontade de expor seus pensamentos.
Alastor se surpreendeu um pouco com a fala do soberano. Seu sorriso ficou menor e mais calmo, até melancólico.
- Obrigado pela sua honestidade, meu rei. E, você sabe, que você pode contar comigo para o que precisar. - Aquelas palavras pareciam conter um peso enorme. Um peso que não sumiria nem agora, nem nunca.
A verdade é que eles já se conheceram antes. Pouco tempo depois de Alastor ter chegado ao inferno e sua fama ainda estava no começo. Lilith havia ido embora com Charlie fazia alguns meses e Lúcifer não sabia o que fazer. Ele estava andando pelas ruas quando seu olhar encontrou o do futuro Demônio do Rádio. Acabaram se encontrando mais vezes e surgiu uma certa amizade disso. Lúcifer gostava da companhia de Alastor ainda mais por se esquecer de sua esposa e filha. Porém ele começou a ter uma certa dependência no demônio, então, quando percebeu cortou os laços com o cervo de maneira brusca ferindo os dois corações no processo, mas Lúcifer se sentiu melhor assim, ele não poderia ter dependência em outro alguém quando ainda tinha esposa e filha, ou era o que ele queria acreditar, que um dia Lilith iria voltar com Charlie e eles seriam novamente uma família feliz. No entanto isso não aconteceu.
- Sabe, eu achei que estava gostando de você, de verdade. Romanticamente falando, mas você sumiu e então percebi que não seria possível nós estarmos juntos. Ao menos, não naquele momento. - Alastor voltou a falar depois de alguns instantes olhando a cidade com um olhar perdido, não focando em nada e seu sorriso estava mais melancólico que antes.
- Mas nós estamos aqui agora, juntos. Pela Charlie, pelo Hotel, por todos. - Lúcifer achou que ficaria surpreso com a fala do outro, mas não ficou. Ah, como ele também queria gostar daquele demônio miserável.
- Sim, estamos. - O mais alto mudou seu olhar para cima antes de se voltar para o mais baixo.
- Você acha que estamos juntos em todos os universos? - O anjo caído perguntou, sem saber o por que da pergunta. Sabia que aquela pergunta continha um significado diferente do que havia falado antes. E, sinceramente, não queria saber a resposta.
- ... - O avermelhado encarou-o sem querer dar a resposta. Ele poderia simplesmente continuar quieto e deixar a pergunta no ar, pois ele sabia que a resposta não iria agradar nenhum dos dois. Mas queria colocar um ponto final nessa história, pelo bem dos dois e pelo futuro incerto que viria. - E nós estamos mesmo juntos neste aqui?
- ...
A resposta pairou no ar trazendo uma enorme tristeza para os dois. Eles não conversaram pelo resto do tempo em que permaneceram juntos naquela sacada. Alastor voltou para o seu quarto perto do amanhecer, Charlie deixou o dia livre então ele iria dormir um pouco e tentar esquecer o que aconteceu na madrugada mesmo sabendo que não seria possível.
Lúcifer foi para a cama logo depois que Alastor foi embora. A conversa entre eles ficaria marcada em sua mente como ferro em brasa.
Ambos sabiam que o melhor para seus corações era nunca passar do limite de conhecidos. Eles foram dormir com o pesar de que nunca seria possível terem um ao outro em seus braços e que aquela conversa foi o ponto final que precisavam para focar. Foi lento e doloroso, deixou uma cicatriz permanente em ambos, mas conseguiram seguir seus caminhos ainda que separados.
Lá no fundo eles desejavam que houvesse um outro universo onde eles pudessem ser felizes juntos.
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Beleza, terminei o primeiro capítulo!
Não sei quando vou postar o outro (desculpa)
Eu fiz ele sem um roteiro específico, as ideias só foram surgindo na minha mente e eu fui fazendo
Gracias a moisesprince pela capa ;)
Sinceramente acho que pode ter ficado confusa algumas coisas só que eu estou numa ansiedade pra postar que nem Sera na causa.
Queria fazer algo mais dramático e espero que tenha conseguido
Prometo que o próximo (e último) capítulo vai ser mais feliz :)
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Do you think we are together in every universe?
Fanfiction"Você acha que estamos juntos em todos os universos?" Uma pergunta que Lúcifer faz a Alastor em um momento de devaneios numa madrugada onde estão apenas os dois observando a cidade em uma varanda do quarto do rei. Alastor fica em silêncio por um te...