PARTE 3

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   O começo de dezembro sempre foi reconhecido como o mês mais agitado diante a todos os outros, talvez por marcar o fim do ano e a chegada do natal, muitos comerciantes abriram suas lojas mais cedo que o normal.

Quatro meses foram o suficiente para Jimin criar sentimentos por uma pessoa que talvez nem pudesse realmente existir, ou se pudesse, talvez apenas estivesse pregando uma peça nele.

Durante o tempo em que criaram um vínculo mútuo, Jimin se sentia cada vez mais perdido nas coisas que Jungkook o falava, cada vez mais manipulado, se entregando a pedidos e passando por cima de atitudes que muito provavelmente, ele não faria se não estivesse num nível tão absurdo de lavagem cerebral.

As aulas tinham acabado, porém foi difícil se manter focado nas provas, o adolescente não conseguia passar um segundo longe do celular, ele não se alimentava direito quando Jungkook resolvia fazer seus joguinhos de desinteresse, afetando na rotina do jovem e o deixando mal por semanas.

Quando o Alfa começava ficar estranho sem motivos aparentes, tratava Jimin mal, o humilhando e dizendo maldades que faziam-o ficar chorando a noite toda. Pouco a pouco o ômega começava a ser dependente do mais velho, mesmo que às vezes fosse tratado mal, Jeon era diferente, era como um vício e uma hipnose sem fim.

Faltava um dia para a véspera de natal, o garoto se encontrava debaixo dos cobertores comendo batatinhas e assistindo alguma série, era sábado e ele não tinha conversado com Jungkook desde a noite passada.

Estava magoado, e decidiu que não ficaria enchendo-o de mensagem, não ficaria correndo atrás e tentaria pelo menos, se manter assim por mais um tempo.

Sua mãe não estava em casa, ela havia ido com suas tias no supermercado fazer compras para a ceia, e seu pai ainda estava em horário de trabalho, a casa estava livre para que o ômega fizesse o que bem quisesse, porém ele preferia ficar quieto, remoendo de saudades do alfa de nome desconhecido.

Na cabeça alucinada de Jimin, não era um problema e nem esquisito uma pessoa não querer dizer seu nome, quatro meses e nada além de informação tão rasas. Eles mantinham um relacionamento comum, não era saudável, mas tinha sentimentos recíprocos.

O pacote de salgadinho tinha acabado, e a garrafinha de coca-cola também, Jimin pausou a programação e desceu até a cozinha para reabastecer seu estômago.

Existia várias opções de alimento, se lembrou que a família de seu pai chegaria em breve para passar o natal juntos, enquanto passava geleia de morango em três torradas, tentou puxar na memória o nome dos primos e tios, que há tempos não via e que também, não tinha tanta intimidade.

Recordava de um primo em específico, ele tinha olhos escuros e grandes como bolinhas de gude, mas sua pele era pálida porque ele morava em Washington e lá chovia muito, dificilmente tendo dias de sol.

Conviveram a infância juntos, mas não se viram mais depois que cada família tomou seu próprio rumo.

Com o lanche feito, ele pegou um potinho de iogurte de banana e colocou junto das torradas, pegou o prato e se encaminhou para as escadas. A campainha foi tocada, uma, duas, três vezes.

Jimin girou os calcanhares e deixou o prato de volta ao balcão, sem olhar no olhinho mágico destravou o trinco e abriu a porta, dando de cara com uma mulher que sorria.

Ela sorria muito, era estranho.

— Boa tarde. — cumprimentou, mas demorou quase nada para reconhecê-la. — Espera... Tia Babi?

— Eu mesmo, querido! — alargou o sorriso. A voz dela parecia lenta, mas ignorou porque foi abraçado fortemente.

Quando a deixou entrar, viu que outras pessoas estavam saindo de um carro e deduziu ser seus primos. Uma menina de cabelos longos e escuros o cumprimentou e passou por si, por último o tal primo apareceu.

A Curiosidade Matou O Gato • JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora