Capítulo 5: Brigas de Família e Beijos a noite

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Jaehyun olhava para aqueles tênis, era ele, mas como poderia ser ele, aquilo não fazia sentido, não tinha como ser o Lee Han, ele era amigo do Taesan e, eles se odiavam, se odiavam mais que tudo, isso era nítido, mas então porque ele tinha aquele tênis, por que ele o ajudou naquela noite?

— Do que você está falando....

Aquela música era conhecida, Jaehyun conhecia aquela música que estava tocando.

— Alô, certo, já 'tô indo. - O Lee desligou o telefone. — A gente se esbarra por aí, Myung Jaehyun.

O garoto foi embora antes que Jaehyun conseguisse dizer qualquer coisa, deixando aquela dúvida no ar, aquela incerteza e talvez um medo.

Afinal de contas, quem era Lee Han?

A noite esfriava, mas Jaehyun não sentia esse frio, olhava a lua que brilhava no céu, ela lhe fazia uma bela companhia.

Myung, voltava para sua casa, o relógio marcava quase meia noite, estava tarde, e o sono já lhe batia a porta, mas algo chamava sua atenção.

Alguém gritava, era como se alguém estivesse brigando, e era uma briga feia, Jaehyun parava, escutava o barulho alto, os pratos quebrando.

"É a casa do Lee"

"Não é da minha conta"

Jaehyun já estava entrando em sua casa quando ouviu o barulho alto da porta alheia sendo fechada com força, e de lá saiu um garoto assustado e chorando.

Eles tinham se esbarrado a minutos atrás, mas agora tudo havia mudado.

Aquilo não tinha nada a ver consigo, mas Jaehyun tinha essa maldita mania de Madre Tereza, queria ajudar todas as causas perdidas, queria ajudar todo mundo, mas se esquecia que ninguém nunca ajudava a si.

Talvez ele se arrependesse disso, talvez, mas isso era assunto para outro dia, por hoje, ele só queria saber se estava tudo bem.

— Não sabia que você tinha a capacidade de chorar.

Jaehyun queria tratar aquilo como piada e tentar trazer um humor para aliviar, mas ao ver o rosto do garoto, seu humor sumiu, ele estava com os olhos machucados, com certeza eles ficariam roxos, sua boca estava cortada, e sua face vermelha, com certeza levou um tapa, ou um murro, ele apanhou e, muito.

Por mais que Jaehyun odiasse Taesan, Lee Han não era ele, ele não desejava coisas ruins para ele, e acho que ninguém merece apanhar, não dessa forma.

Não do seu próprio pai.

Mas chegava a ser irônico, por que Jaehyun já apanhou assim, e foi dele.

— Sai daqui, não é hora para isso.

— Ei o que aconteceu? Quer conversar? De novo. — Lee Han soltou uma risada nasalada, como se tudo aquilo fosse uma piada, uma daquelas de mal gosto.

Jaehyun nem ao menos esperou a reposta do outro, apenas sentou-se ao lado do garoto, talvez não falasse nada, mas apenas sua presença já fazia uma diferença, pelo menos ele não estava sozinho.

— Na verdade não, eu não quero.

Jaehyun nada disse, apenas ficou ali parado.

— Okay, sem problemas, então fica em silêncio.

Um silencio confortável se instalou ali.

Era estranho.

— Sabe, acho que não é só seu pai que é agressivo, ou que bebe muito. — Lee Han dizia com um sorriso no rosto, mas era um sorriso de escarnio, era mais triste que tudo.

Lee Han tinha os olhos mais lindos e triste que Jaehyun já viu.

— Como assim?

— Sabe Myung, dizem que o sonho do oprimido é ser opressor...

— Mas você deveria ser diferente do seu pai, você deveria mostrar que ele está errado. Que você não é ele.

— E se eu for, e se eu realmente for igual?

— Então vocês dois falharam.

"Filho de peixe, peixinho é?"

Aquelas palavras eram como brasa no pobre coração daquele garoto, as vezes a verdade doí, mas o óbvio também precisa ser dito.

Lee Han sabia que havia falhado, ele sabia.

Falhou como filho.

Como irmão.

Como amigo.

Falhou como tudo.

E acima de qualquer um desses, ele falhou consigo mesmo.

Falhou com Jaehyun.

Lee Han, poderia não ser igual ao amigo, poderia não xingar ou bater, mas ele nunca fez nada para impedir também e, isso fazia dele culpado igual.

— Ele faz amar parecer tão errado....

Jaehyun apenas observava o que o outro falava, não o interrompia por nada.

— Às vezes eu queria ser corajoso igual você, sabe, ser um garoto gay em um colégio só para garotos, você teve muita coragem, queria ser assim.

— Para que você quer ter coragem?

— Para coisas assim.

Lee Han aproximou-se de Jaehyun, estava perto, perto demais, talvez como reflexo, ou algum extinto de sobrevivência, pois sempre que aquele garoto se aproximava era para o seu amigo bater, Jaehyun afastou o corpo.

Era automático.

— O que você está fazendo?

— Fecha os olhos.

Com uma certa relutância Jaehyun acatou as ordens alheia.

Lee Han se aproximou de novo, colocou suas mãos no rosto.

Jaehyun sentia a respiração do Lee bater contra o seu rosto, um hálito mentolado, sentia a pele macia contra a sua, quando se deu conta seus lábios estavam colados, era um simples selar, mas que virou um beijo, era um beijo desengonçado e bagunçado, mas logo tomou forma, era estranho, porque de alguma forma era bom, Jaehyun sentia seu coração bater rápido, eram batidas descompassadas, era nervosismo misturado com adrenalina.

Era desejo.

Suas línguas dançavam em perfeita harmonia, era como se já se conhecessem, era estranho, era novo, mas era bom.

Aquela música tocava de novo, fazendo com que os corpos se afastassem.

Lee Han atendeu o telefone saindo dali.

Jaehyun apenas avistava a silhueta do outro sumindo no meio da noite escura.

"Que merda acabou de acontecer?"

Talvez o arrependimento viesse pela manhã.

Sua cabeça estava um furacão, Jaehyun só queria dormir, pois agora as coisas iriam de mal a pior.

Como seria as coisas dentro da NBBS agora?

Afinal de contas estamos falando da NBBS.

Um colégio para Garotos Bonzinhos. 

Garotos Bonzinhos e All Star Bordo (MULMYUNGZ)Onde histórias criam vida. Descubra agora