Julia
— Julia, simplesmente Richard Ríos na sua confeitaria. Mana, eu fiz um marketing bom para conseguir alcançar o gringo. — Ela se gaba ao pé do meu ouvido com aquele papo todo.
— Alessandra, eu já entendi que ele está aqui. Para de conversa fiada e prepara o café dele. — peço quase como que uma ordem.
— Nem o sorriso do gringo tira seu mau humor, credo. — ela sai reclamando e vai fazer o café.
Pego a fatia de bolo na vitrine colocando em um prato. Olho de relance, vendo ele mexer no celular. Ele realmente era bonito como nas fotos, vídeos e tv.
Como é que ele veio parar aqui? O cara que joga no meu time, sentado diante dos meus olhos, esperando eu servir uma fatia de bolo.
O mundo realmente é pequeno.
Ele me olha e eu disfarço, pegando os talheres. Já basta a Alessandra ter dado um show aos pés dele, vou manter minha postura.
— Aqui está, chefinha. — Alê coloca sobre o balcão o café, agradeço e coloco numa bandeja junto ao prato de bolo.
— Vou levar para ele. — Falo e ela me olha erguendo as sobrancelhas.
— Você mal sai dessa cozinha, agora quer ser garçonete? — Sinto bem as intenções dela nessa fala.
Afirmei pra ela e saí, sem estender muito o papo.
Vou até a mesa e coloco sobre ela o pedido que ele havia feito.
— Aqui está! — sirvo ele. — Bom apetite.
— Muito obrigado. — ele encara o meu nome no avental e olha em meu rosto. — Julia, é isso?
— Isso. — Respondo e não deixo de perceber como o sotaque dele vez com que meu nome saísse bem de sua boca.
Richard.Era pra ser apenas um brigadeiro, mas estou comendo uma fatia imensa de bolo, uma xícara de café e ainda vou levar mais doce para casa.
Mirtes, nossa nutricionista, não pode nem sonhar o que estou fazendo nesse momento.
Olho novamente para trás do balcão procurando algum sinal de Julia, aparentemente dona daqui. Gostei da forma com que ela agiu ao me ver. Não deu chilique, não ficou histérica. E dificilmente isso acontece.
Ela me tratou como se eu fosse uma pessoa normal, e eu sou. Só que a maioria não entende e não percebe isso.
Única coisa que veio dela, foi um olhar, um sorriso simpático, e uma boa educação.
Termino de comer e me levanto, indo até o balcão, vendo ela através de uma porta de vidro que dava acesso a cozinha.
Ela estava decorando alguns mini bolinhos, com a maior atenção e delicadeza já vista por meus olhos.— Mais alguma coisa? — Me assusto ao ver Alessandra ao meu lado praticamente. Não sei de que buraco ela saiu.
— É... não! Só quero pagar a conta. Por favor.
Ela vai até atrás do balcão para que pudesse pagar pelo que consumie a interrompo.
— Pode chamar ela, por gentileza? — aponto com a cabeça para a porta de vidro onde Julia estava.
Alessandra me olha desconfiada e já falo algo para qualquer fim de possível especulação.
— Quero elogiar pelo bolo. — Digo.
— Tá bem. — Ela sai indo até a cozinha, e a vejo falar com sua amiga.
Em seguida ela passa pela porta tirando seu avental sujo. Por baixo dele, ela estava usando uma calça preta colada, que provavelmente seria legging e uma regata branca simples.
Agora entendi a frase: "Beleza no simples."
— Pois não?! — ela diz.
Fico um pouco sem saber o que dizer, não queria ser pra frente, não queria parecer louco, ou um cara chato com piadinhas sem graça.
Há bastante tempo que uma mulher não me deixa sem palavras assim.
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Sweet Love - Richard Ríos.
RomanceUma confeiteira disposta a ganhar visibilidade na grande São Paulo recebe um cliente inesperado. Será doce esse amor?