Júlia

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Ser a Júlia é viver entre extremos. Profissionalmente, conquistei muito do que almejava. Cada meta atingida foi uma vitória suada, uma demonstração da minha determinação e capacidade. No entanto, interiormente, há um redemoinho de emoções. Tenho um relacionamento duradouro com Cássio, nosso relacionamento, há uma constância reconfortante, uma conexão que se estende ao longo do tempo. Somos como dois pilares que sustentam essa estrutura, mas, por vezes, falta a efervescência, a chama que costuma alimentar relacionamentos íntimos.

Perder minha mãe cedo me ensinou sobre resiliência e força interior. As dificuldades familiares, os conflitos, os atritos... foram como obstáculos no caminho, mas cada um deles moldou a pessoa que sou hoje. Aprendi a superar, a encontrar força onde parecia não existir mais e a crescer através das adversidades.

Quanto ao relacionamento com Cássio, nossa ligação é estável, segura, mas sem o fogo da paixão que um dia nos consumiu. Somos como uma peça de mobília bem colocada na sala, familiar e confortável, mas às vezes falta a faísca que incendeia os corações.

Somos parceiros, amigos, confidentes. Compartilhamos risadas, momentos de conforto, mas o brilho da paixão se perdeu pelo caminho. O desejo, aquela faísca intensa que muitas vezes acompanha um relacionamento, se tornou discreto, uma lembrança distante.

O carinho existe, a cumplicidade também, mas aquela centelha de paixão pareceu se dissolver com o tempo. É como se estivéssemos numa zona de conforto, onde o afeto é evidente, porém, a intensidade da atração se esmaeceu.

Apesar da falta dessa magia, valorizo a estabilidade, o apoio mútuo e a compreensão que temos um pelo outro. Mas às vezes, admito, sinto falta da sensação de ser arrebatada pela emoção, pela paixão avassaladora que caracteriza muitos relacionamentos íntimos. Sou a Júlia que encontra segurança, mas anseia por redescobrir a intensidade que um dia fez parte do nosso relacionamento.

É um desafio, equilibrar as emoções passadas com as presentes, a vontade de buscar a intensidade em meio à calmaria. Sou a Júlia que enfrentou tantos obstáculos, mas que agora se vê diante da necessidade de reavivar um aspecto crucial do relacionamento, a paixão e o desejo mútuo.

Enquanto caminhava pelo shopping, meus olhos se cruzaram com os de um homem desconhecido. Seu olhar era penetrante, como se pudesse ler minha alma em um simples instante. Fiquei surpresa e um pouco desconcertada com a intensidade daquela troca de olhares.

Ele parecia um livro aberto, transmitindo mistério e uma aura intrigante. Seus olhos, profundos e expressivos, me deixaram curiosa e ao mesmo tempo inquieta, como se houvesse algo nele que eu precisava decifrar.

Foi um momento rápido, um encontro fugaz no meio da multidão. Apesar de não nos conhecermos, aquele olhar deixou uma marca, despertando uma sensação de curiosidade e uma estranha conexão inexplicável.

Segui meu caminho, mas por um momento, fiquei pensando naquele homem com o olhar enigmático. Era como se sua presença, mesmo por um breve instante, tivesse mexido com algo dentro de mim, despertando um misto de emoções e perguntas que permaneceram sem resposta.

Estava voltando para o estacionamento do shopping, ainda com a mente ecoando o encontro fugaz com aquele homem de olhar enigmático. Quando finalmente cheguei ao meu carro, vi alguém parado próximo ao veículo ao lado.

Era ele. O mesmo homem que me encarou com aqueles olhos que pareciam saber mais do que mostravam. Senti um misto de surpresa e curiosidade ao vê-lo ali, como se o destino brincasse conosco, unindo nossos caminhos mais uma vez.

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⏰ Última atualização: Oct 21 ⏰

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