Capítulo 4: Segredos Submersos.

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O sangue gotejava da lâmina do poderoso athame de Letes retirado do lago protegido pelo Labirinto e entregue a Notwen no final daquela tarde nublada, como acordado com o padre George, que, tomado pela obstinação e desespero em libertar-se de seus dons místicos, decidiu trair suas convicções, aliando-se ao líder das Sombras em busca de cessar o medo abissal que o corroía gradativamente. A alforria veio através da violenta morte na areia cinzenta ao lado do riacho, testemunhada apenas por uma pessoa que surgira pasmada com o que presenciara.

Notwen contemplava o líquido viscoso no athame de seu salvador e delineou um tanto ofegante um sorriso desnorteado ao tomar consciência que empunhava um legado extremamente poderoso deixado por Letes. Seus pensamentos esfervilhavam, sentindo a magia fluir das pedras preciosas cravados no cabo. O objeto entre seus dedos não representava apenas uma vitória sobre a Congregação, mas um merecimento por tudo que sacrificou para tal realização.

— Peço perdão por ter praticado tamanha brutalidade em sua presença, querida Susan. — A observava Observava-a com contentamento espantoso firmado na face gélida. — Porém, não consigo perdoar um ser agraciado pelos dons benditos da natureza renegar os nossos pilares.

Susan observava o corpo perplexa, o padre ainda emitia espasmos involuntários até paralisar-se para sempre.

— Um dos principais fundamentos da nossa Tradição é repudiar covardes. — Mantinha o tom sedutor.

Susan engoliu a seco, fugindo do morto e repousando o olhar nos olhos cerrados de Notwen.

— Não temas o desconhecido e ele fará de você um ser de Luz, embora tenhas que provar das trevas, minha querida. — Articulou ele aproximando-se vagarosamente. — E sei que você já as provou com a traição de Marine, com o bloqueio de sua avó, com a perda dos pais e de uma irmã que você nem a conheceu.

Susan respirou profundamente arredia, este assunto a incomodava.

— Sei o quanto sua caminhada foi solitária, sozinha em uma casa cercada de mentiras. Agora você possui uma família. — Acrescentou acrescentou de maneira persuasiva.

— Ele realmente precisava morrer? — Indagou indagou a respeito do corpo a sua frente.

Notwen respondeu sorrindo:

— Padre George não significava nada além de uma ponte entre o passado e o futuro.

Susan comprimiu os lábios como se buscasse forças em tudo o que ocorrera nas últimas semanas e soltou uma respiração pesada, concordando silenciosamente com ele, que a tocou no queixo, nivelando seu olhar.

— Somos o agora em busca do amanhã, criança. — Falou falou delicadamente. — Os fracos sucumbem no próprio medo. — Demorou alguns segundos para voltar a falar. A sentia Sentia-a distante. Necessitava resgatá-la. — E vejo o oposto em ti, por isso a salvei dos mortos.

Uma lágrima desceu pelo rosto petrificado de Susan.

— Por que era isso que Cybele e sua vó sempre desejaram a vida inteira. Descartá-la. — Acrescentou acrescentou, persuasivo.

Os olhos de Susan o fitavam avidamente, recuperando de maneira lenta a força que por breves segundos desapareceu de sua mente entorpecida.

Notwen a circundou como uma serpente preparada para o bote, falando frases persuasivas até parar atrás dela. Curvou-se devagar para frente e murmurou no ouvido da jovem:

— Lhe concedi a vida para que lutes conosco. Para que sintas a dádiva dos deuses expandir-se em suas veias. Para que destrua quem quis te sentenciar a morte. — Sobrepôs, sorrindo. — Este é o seu lado. Somos você. Viver é a sua missão, minha cara.

ELEMENTAIS vol. 2 - Trindade Sagrada.Onde histórias criam vida. Descubra agora