No dia seguinte, Morgana esperou à porta da sala de Poções para cumprir a detenção. O seu plano inicial era encontrar-se sozinha com a professora Mudiwa Onai. Porém, logo pela manhã, a coruja de Aesop sobrevoou o seu prato e deixou um bilhete no qual indicava que ele iria acompanhá-la.
– Malfoy. – Aesop gesticulou para que ela entrasse, depois de todos os alunos saírem da sala. – Sobre ontem...
– Não tenho nada a dizer.
Aesop respirou fundo e cerrou os punhos.
– Não posso obrigá-la – constatou com um gosto amargo na boca, mais para si mesmo do que para Morgana.
Pousou uma mão entre as escápulas de Morgana e conduziu-a para o exterior da sala. Ao fechar a porta, deslizou para o braço dela.
– Magoei-a?
Morgana deitou o olhar sobre o local. Não se lembrava de ter visto qualquer nódoa negra, pelo que negou com um aceno.
– Vamos, então.
Foi o mais próximo que tiveram de uma conversa antes de percorrerem o castelo lado a lado. Morgana também não tentou prolongar ou mesmo puxar outro assunto. Não era por falta de vontade, apenas não sabia como quebrar o gelo. Parecia que um muro de metros os separava, apesar da distância física ser mínima. Tão mínima ao ponto de roçarem os dedos uns nos outros durante todo o trajeto.
Morgana não teve coragem de encará-lo até ser obrigada. Diante da escada de corda, veio o dilema de quem subiria primeiro. Morgana estava disposta a deixá-lo ir na frente. Assim como durante todo o trajeto, seguiria o ritmo que a perna de Aesop ditava. Não que Aesop fosse lento, mas havia um limite do quanto de dores conseguia suportar.
– Suba primeiro, Malfoy.
– Tem a certeza, professor? Não tenho qualquer problema em deixá-lo guiar o caminho.
– Não tenho tempo para indecisões, Malfoy. Vá.
Estudou o rosto dele e notou como cerrava o maxilar com força, ao ponto de ver os músculos contraírem. O tom também não era dos mais simpáticos. Morgana não era ingénua ao ponto de não saber o motivo. A carta sobre Gideon ainda era uma pedra no caminho deles. Quem sabe um rochedo.
O seu estômago deu um nó com a perspetiva de não saber se algum dia voltariam a ter a relação de antes; se algum dia voltaria a ser a sua favorita. Não sabia como alcançá-lo.
Aesop bufou e agarrou no seu braço. Empurrou-a na direção da escada e largou-a de frente para ela.
– Vá.
Morgana anuiu. Segurou nas laterais da escada e impulsionou-se para o primeiro degrau. Inspirou devagar enquanto a sua mente corria para formular qualquer coisa pertinente para dizer. Porém, era como se todas as palavras a tivessem abandonado. O seu coração apertou-se.
– Perdoe-me – sussurrou tão baixo que nem as paredes ouviram.
Antes de Aesop conseguir pedir para repetir, Morgana subiu com a agilidade e a destreza de quem estava acostumado. A distância tornou-se abismal.
– Sente-se aqui, senhora Malfoy.
Morgana não esperou por Aesop. Percorreu a sala circular até ao pequeno escritório de Mudiwa.
Das grandes janelas vinha a luz do crepúsculo, dando um tom alaranjado à sala. Estava em perfeita comunhão com os vários castiçais acesos, espalhados pelas mesas e prateleiras. Cristais de várias formas, tamanhos e cores estavam em exposição. Outros, talvez mais valiosos ou mais frágeis, estavam em expositores de vidro, cuidadosamente sentados em pequenas almofadas ou em tripés de madeira.
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Masquerade (Morgana Malfoy x Aesop Sharp)
FanfictionA vida é como um baile de máscaras. Escondemos quem somos, o que somos. Dançamos ao som da música: por vezes a nossa, por vezes a dos outros. Nesta dança, Morgana Malfoy descobre que não só ela, mas também todos à sua volta vestem uma máscara para e...