Mudança

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O sol ainda estava se pondo quando o caminhão de mudança finalmente estacionou na frente da modesta casa de dois andares. Dunk Natachai, exausto após um longo dia de viagem, desceu do veículo e esticou os braços, aliviado por ter chegado ao seu novo lar. 

A família de Dunk havia vivido de aluguel por muitos anos. A casa onde ele cresceu era pequena e, embora cheia de amor, sempre faltava espaço. Quando Dunk conseguiu um emprego em um escritório no centro da cidade, a renda extra que começou a trazer para casa mudou gradualmente a situação financeira da família. Após meses de economia e planejamento, finalmente puderam comprar sua própria casa.

A mãe de Dunk começou a organizar a descarga do caminhão. 

— Dunk, ajude sua irmã com as caixas menores. Vamos tentar acomodar tudo antes de escurecer completamente.

Enquanto Dunk e Dnie carregavam as caixas para dentro, Dunk notou uma figura se aproximando. Era um rapaz mais ou menos de sua idade, com cabelos castanhos escuros, pele levemente bronzeada e um sorriso fácil. Ele se apresentou como Joong Archen, o vizinho.

— Se precisarem de ajuda, estou por aqui —  ofereceu Joong, estendendo a mão em um cumprimento caloroso.

Agradecidos, os pais de Dunk aceitaram a ajuda de Joong. Dunk observava enquanto Joong levantava caixas pesadas com uma habilidade impressionante, mas o que realmente chamava sua atenção era o modo como Joong se movia e sorria, transmitindo uma energia contagiante e uma confiança encantadora.

Depois de um longo dia de mudança, Dunk finalmente teve um momento para começar a arrumar seu próprio espaço. O quarto ficava no segundo andar da casa, proporcionando uma vista privilegiada do bairro. À medida que colocava seus livros na estante e organizava suas roupas no armário, Dunk sentia a ansiedade do dia se dissipar, substituída por uma sensação de pertencimento àquela nova casa.

Com as mãos ainda nas últimas peças de roupa, Dunk decidiu dar uma olhada pela janela, curioso sobre a vista que teria dali. O que ele não esperava era que sua janela oferecesse uma visão clara e direta para o quintal da casa ao lado. E lá estava Joong, seu novo vizinho, sentado confortavelmente em uma cadeira na varanda, absorto na leitura de um livro.

A luz suave do entardecer iluminava os traços de Joong, destacando seu perfil relaxado e o sorriso ocasional que surgia enquanto suas páginas eram viradas. Dunk se pegou observando, quase hipnotizado pela cena tranquila.

Dunk se deu conta de que precisava desviar o olhar, focar-se em algo mais produtivo, mas por algum motivo, era difícil. Com um suspiro leve, ele se afastou da janela, tentando sacudir a sensação de que aquela pequena espionagem havia sido um momento roubado, um pedacinho de algo especial que ele ainda não sabia como definir.

A manhã do dia seguinte passou voando, com Dunk e sua família terminando de desempacotar as caixas e organizando a nova casa. À medida que se aproximava o horário do almoço, a mãe de Dunk, decidiu que seria um bom gesto agradecer a Joong pela ajuda na mudança. Ela preparou uma porção generosa de lasanha e pediu a Dunk que a levasse ao vizinho.

— Leve isso para o Joong, querido. É uma pequena forma de agradecer por toda a ajuda que ele nos deu ontem — disse ela, entregando a vasilha a Dunk.

Ao chegar ao portão da frente, ele parou por um momento. O portão era de grade vazada, permitindo uma visão clara do quintal espaçoso de Joong. Dunk pôde ver que Joong estava no meio de um exercício físico, pulando corda sem camisa. As gotas de suor brilhavam em sua pele sob o sol do meio-dia, e cada movimento muscular era delineado pelo esforço repetitivo e rítmico.

Dunk limpou a garganta, um pouco embaraçado por interromper, mas precisava entregar a lasanha.

 — Ei, Joong! — ele chamou, sua voz um pouco mais alta do que pretendia.

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