A Vida De Uma Cultura

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No Brasil a capoeira cresceu num contexto de conflito no Recôncavo Baiano, nas fazendas do Rio de Janeiro e nas serras de Pernambuco. Através da saga dos quilombos foram aprimoradas técnicas de combate, dissimuladas nas senzalas, onde, diante dos olhos do feitor, era praticada a luta em forma de dança. No dia 31 de outubro de 1821, o intendente geral da polícia da corte recebia do príncipe regente, instruções para por fim às desordens provocadas pelos capoeiras. Cabe destacar que, além de muitos elementos oriundos de classes mais pobres, muitos rapazes da alta roda da burguesia cultivavam com entusiasmo a prática da capoeira que já estava criando raízes na sociedade carioca. Em 1890, com o advento da república, teve início uma ferrenha campanha contra a prática da capoeira, levando muitos jovens da sociedade a se transformarem em marginais, já que a capoeira era tida como crime. Devido a tanta proibição foram criados códigos e estratégias de comunicação através dos toques de berimbau, como o de Cavalaria (avisando a presença da polícia), ou através do toque Amazonas ou de São Bento Grande que dava aviso de área livre. Toda esta perseguição era na verdade preconceito, racismo e luta de classes, misturados com medo e ignorância por parte daqueles que se sentiam ameaçados com o fortalecimento da cultura afro-brasileira. No entanto, em 1937, o então presidente Getúlio Vargas, revogou a lei Sampaio Ferraz, liberando a capoeiragem. Isto depois de assistir a uma apresentação de Mestre Bimba e de seus alunos. Esta apresentação deixou Getúlio Vargas muito impressionado com a beleza da arte da capoeira, dando licença a Mestre Bimba para registrar sua "escola", tornando-se o primeiro a sistematizar o ensino da capoeira no Brasil. Mestre Bimba introduziu inovações no jogo, golpes e contra-golpes, o atabaque, o berimbau, o agogô, o reco-reco, destituindo do jogo rituais como a ladainha, por exemplo. Era a capoeira Regional. O estilo Angola resiste e permanece até hoje como a expressão primeira da capoeira. Comparações à parte, o que importa mesmo é a vitória desta cultura tão rica e tão importante que é parte maior da atual cultura brasileira.

Mestre Bimba y el presidente brasilero

Quilombo de Palmares
A partir das lutas com os holandeses, o destino do grande quilombo de Palmares aparece ligado à família da princesa Aqualtune, que foi trazida ao Brasil como escrava, fugiu do cativeiro e foi nomeada a primeira líder de Palmares. Dois de seus filhos, Ganga Zumba e Gana Zona tornaram-se chefes dos mocambos mais importantes do quilombo. O mais provável é que tenham recebido estas chefias de herança. Como em algumas tribos africanas a sucessão não se fazia de pai para filho e sim de tio para sobrinho, Ganga Zumba e Gana Zona devem ter substituído algum irmão de Aqualtune, do qual até hoje nenhum registro foi encontrado. Mas Aqualtune também tivera filhas e uma delas, a mais velha, que se chamava Sabina, deu-lhe um neto, nascido quando Palmares se preparava para mais um ataque holandês, previamente descoberto. Por isso, os negros cantaram e rezaram muito aos deuses, pedindo que o Sobrinho de Ganga Zumba, e, portanto, seu herdeiro, crescesse forte. E para sensibilizar o deus da guerra, deram-lhe o nome ZUMBI. A criança cresceu livre e passou sua infância ao lado de seu irmão mais novo chamado Andalaquituche, em pescarias, caçadas, brincadeiras, ao longo dos caminhos camuflados, que ligavam os mocambos entre si. Garoto ainda, Zumbi conhecia Palmares inteiro. Suas árvores, seus rios, suas plantações e aldeias.
Os anos corriam tranqüilos para Zumbi, que da escravidão só conhecia as histórias terríveis, que os mais velhos estavam sempre a contar, lembrando da escuridão das senzalas, a umidade e a morte nos navios negreiros. Passam-se os anos e Palmares torna-se cada vez mais uma potência. Na década que se inicia em 1670, Palmares vive seu apogeu. Mais de 50.000 habitantes livres, distrib

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