3. Michelle

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Olha quem voltou depois de 1725826 surtos, eu 😁. BOA LEITURA!

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Narrador POV

( Flashback on )

- 7 de junho de 1996

A aldeia repousava sob um manto de neve, cada floco caindo lentamente como um segredo sussurrado pelo inverno. Dentro da casa de pedra, o calor da lareira lutava contra o frio que se infiltrava pelas frestas das janelas de madeira. Clara, jazia sobre um leito coberto por mantas tecidas à mão, enquanto o vento uivava lá fora, como se anunciasse a chegada de novas vidas.

Michael, seu esposo, mantinha a água quente ao fogo, enquanto a parteira, Milika Hansen, preparava os panos limpos e as ervas medicinais. Não havia luz elétrica; apenas o brilho das velas e o crepitar da lenha quebravam a escuridão, lançando sombras dançantes pelas paredes rústicas.

As contrações vinham como ondas de um mar revolto, e eu me agarrava às tradições de nossas ancestrais, invocando a força que elas emprestaram às gerações de mulheres antes de mim. Mike segurava minha mão, seu rosto iluminado pela chama da vela, os olhos refletindo a determinação e o amor que sentíamos.

- Respire, Clara, respire com calma, - instruía Milika, sua voz um farol de tranquilidade. - Elas estão a caminho.

A respiração de Clara era pesada, cada sopro formando nuvens de vapor no ar gelado da sala. O suor perolado em sua testa, misturando-se às lágrimas de esforço e antecipação. Hansen, com mãos firmes e olhar atento, monitorava cada contração, cada movimento, cada suspiro. Ela murmurava palavras de encorajamento, sua presença uma âncora no turbilhão de emoções que Clara enfrentava.

O parto era um balé antigo, uma dança entre a dor e a beleza, entre o fim e o começo. A cada contração, Clara se dobrava sobre si mesma, o corpo curvando-se em volta da vida que estava prestes a emergir. Mike, ao seu lado, era a personificação do apoio, sua mão um porto seguro no qual Clara se ancorava a cada onda de dor.

E então, com um esforço que parecia mover céus e terra, Lauren veio ao mundo, seu choro cortando o silêncio da noite como um anúncio de uma canção de ninar para a alma cansada de Clara. Milika cortou o cordão umbilical com mãos experientes envolvendo a pequena Lauren em um cobertor macio, sua pele rosada contrastando com o branco da neve que se via pela janela, antes de colocá-la nos braços de sua mãe.

Mas o trabalho de Hansen estava longe de terminar. Ela sabia que o destino de Michelle seria diferente, e enquanto Clara acariciava Lauren, Dona Emília preparava-se para o ato de traição que mudaria o curso de suas vidas para sempre. Não houve muito tempo para descansar, pois Michelle já anunciava sua pressa em se juntar à irmã. Com mais uma série de empurrões guiados por Milika, Michelle nasceu e a parteira fingiu examiná-la, seu rosto mascarando a mentira que estava prestes a contar.

- Ela... não sobreviveu - disse ela, com uma tristeza forjada.

A notícia caiu sobre Clara como uma avalanche, fria e implacável.

- Não... não pode ser, - ela murmurou, a voz fraca, mas carregada de uma dor imensurável. - Deixe-me vê-la, por favor, eu preciso vê-la!

Clara estendeu os braços trêmulos, suplicando por um vislumbre de Michelle, a filha que ela já amava sem limites. Milika hesitou, o coração pesado pelo culpa que agora carregava.

- Não há nada que possamos fazer, - ela disse suavemente, evitando o olhar de Clara. - Ela se foi antes de respirar o ar deste mundo.

Clara recusou-se a aceitar, seu coração se rebelando contra a realidade cruel.

I am evil in wolf's clothing ( Camren )Onde histórias criam vida. Descubra agora