Dependência || Veigh

cap 1

Eu estava em uma resenha com minhas amigas, relutante no início, mas acabei cedendo à pressão. "Já que estou aqui, por que não tomar uma cervejinha?", pensei, indo em direção ao freezer onde as bebidas estavam. Após pegar uma cerveja gelada, fui surpreendida por uma voz grave que segurava minha cintura e sussurrava em meu ouvido:

- Oi.

O perfume familiar de Thiago me atingiu, fazendo com que todos os pelos do meu corpo se arrepiassem.

- Oi - respondi timidamente, fechando a porta do freezer e virando para encará-lo. Thiago estava lindo como sempre, mesmo após um mês sem vê-lo, sua presença ainda era marcante. Ele usava uma camisa branca e uma corrente de ouro que eu adorava.

- Não sabia que você viria - ele comentou, e eu percebi um toque de tristeza em sua voz. - Pedi para não avisarem, porque senão você não viria. Assim como na festa do Gustavo, lembra? Você não foi porque eu fui.

- Não foi por isso que não fui - respondi, revirando os olhos.

- Vou fingir que acredito - ele disse com um sorriso de canto de boca, enquanto segurava minha mão direita. Foi então que notei que ele também usava a aliança de namoro que compartilhávamos mesmo após três meses de término.

- Você ainda usa? - perguntei, meu olhar indo em direção à sua mão.

- Você também - ele observou, e percebi um tom de tristeza em sua voz.

- É impossível parar de usar. Te amo demais para conseguir tirar. Parece que ela faz parte do meu corpo, sabe? - confessei, olhando nos olhos dele.

Ele apenas assentiu com a cabeça, e ficamos em silêncio por um momento, nos encarando. Sempre que nos encontrávamos, essa conexão ainda estava presente, mesmo depois de quase 8 anos de namoro e três meses separados.

Eu queria tanto que as coisas fossem diferentes. Queria não ter presenciado aquela cena. Não queria que ele tivesse jogado fora tudo o que tínhamos por tão pouco. Quando percebi, lágrimas começaram a brotar em meus olhos, e desviei o olhar, incapaz de encará-lo.

- Desculpa vida,me perdoa por favor - ele disse, limpando uma lágrima que escorria pelo meu rosto. Sua voz estava um pouco desesperada.

- Se você me der uma chance de me explicar, de falar que nunca faria isso com você, nunca faria com a gente, vamos conversar. Tentar se resolver - ele implorou.

- A gente já conversou várias vezes, Thiago. E toda vez é a mesma coisa. A gente briga e, de repente, a gente está transando e fica por isso mesmo - desabafei.

- É porque você fica muito gostosa brava, amor - ele brincou, e dei um tapa leve em seu braço, sem ser a que eu estava segurando a cerveja que já tinha esquecido que tinha pegado. Me afastei um pouco, colocando a cerveja em cima do freezer. Ele riu baixinho e então me puxou de volta, colando nossas testas.

- Por favor? Dessa vez vai ser uma conversa de verdade. Já são três meses sem você. Acho que se eu ficar mais dias, eu enlouqueço. Por favor, pequena - ele suplicou, e eu apenas balancei a cabeça concordando. Ele sorriu aliviado e começou a me puxar em direção a uma escada que levava a um quarto. Olhei ao redor para ver se alguém dormia ali.

- Ninguém dorme nesse quarto. É um quarto que usam quando tem visita - ele explicou.

- Como você sabe? - perguntei curiosa.

- Sou amigo do dono da casa - ele respondeu.

Observei Thiago ir até a cama e dar algumas batidinhas ao seu lado, indicando para eu fazer o mesmo. Fui até a outra ponta da cama, encostando minhas costas na cabeceira e segurando o travesseiro no colo para me dar algum conforto. Comecei a falar.