The Veredict is Guilty (Wriolette)

Único ; Julgamentos em praça pública

Neuvillette não estava nem um pouco satisfeito com aquela situação, nem com o fato de ter de fingir estar tudo bem quando na verdade, não estava.

Na verdade, talvez ele desse em louco naquele dia.

Um sinal de fortuna para o loiro, era que a bancada do juiz era apenas presidida por si naquele julgamento específico, e que esta era fechada o suficiente para esconder o quanto as suas pernas tremiam naquele momento por conta da excitação que o perspassava, e tinha também altura suficiente para que não vissem o quanto ele apertava as mãos uma na outra, de alguma forma tentando refrear o tesão que corroía cada átomo do seu ser por conta daquilo que estava acontecendo no seu interior e que o estava deixando completamente em chamas.

O juiz Neuvillette mantinha uma postura ereta, sua expressão estava estóica como habitual — e dentro do que lhe era possível — o homem apenas presidindo ao julgamento como se nada estivesse acontecendo.

A diferença é que estava, e apenas ele e um dos presentes sabiam disso, e o culpado — se é que poderiam colocar aquilo de uma perspetiva jurídica — estava bem na sua frente.

Wriothesley estava com um sorriso sacana estampado no seu rosto, sentado confortavelmente na tribuna da acusação. O delegado do Ministério Público de Fontaine uma vez por outra ficou remexendo nas suas notas do julgamento, mexendo no seu celular quando lhe era também oportuno. Esses momentos eram o suficiente para — ainda que discretamente — o Iudex pulasse no seu lugar. O moreno estava claramente se divertindo com o sofrimento do juiz, não fosse ele um namorado extremamente carinhoso, mas igualmente impulsivo e provocador.

Aquela ideia tinha nascido de um filme que viu com Neuvillette, depois de um julgamento atribulado a que ele presidiu, em que ambos apenas precisavam de descarregar a tensão que se acumulou ao longo da sessão de alguma forma, e acharam por bem iniciar a noite com algo para aguçar o apetite de ambos.

Nesse mesmo filme, que beirava o erótico, o protagonista foi obrigado a usar um vibrador durante um jantar de negócios super importante, e se conseguisse comportar-se a noite inteira sem que alguém se apercebesse do motivo pelo qual ele estava suando frio ou da sua “tensão”, era recompensado pelo seu marido, o homem não poupando esforços para colocar o outro em cheque.

Era inusitado, extremamente perigoso, mas ao mesmo tempo, muito excitante, e Wriothesley indicou prontamente a Neuvillette que queria experimentar aquela pequena aventura um dia. Inicialmente, o loiro levou como brincadeira, e não acreditou que o moreno levasse aquela ideia mesmo a sério, mas logo percebeu que não era apenas um pensamento fruto de um delírio coletivo quando ele apareceu um dia com uma caixa pequena no apartamento e um sonho.

“Por favor, Neuvi, apenas uma vez”.

“Me recuso a uma sandice dessas, Wriothesley”.

A resposta de Neuvillette foi peremptória quando Wriothesley apresentou a sua ideia, o que deixou o advogado completamente chocho e capenga, mas logo a oportunidade surgiu no meio de um jogo entre ambos — algo bem comum para o casal — em que quem perdesse teria de fazer o que o outro quisesse — independentemente da sua escolha.

Jogo vai e jogo vem, quando deu por si, Neuvillette se viu derrotado e obrigado a seguir as ideias mirabolantes de Wriothesley, mas só não esperava que ele escolhesse justo aquele julgamento para aprontar tamanha ousadia.

Ambos poderiam perder o emprego por conta de um prazer momentâneo, e esse pensamento era o que estava mantendo o Iudex à tona, ainda que seu olho já tremesse de nervosisimo por conta da vibração próxima à sua próstata, os movimentos do canal anal sugando o pequeno o vibrador mais para o seu interior, obrigando a que o loiro necessitasse de fingir um ataque de tosse para disfarçar um queixume manhoso e arrastado — que, diga-se de passagem, não passou despercebido ao namorado por ser completamente fora do seu caráter.