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Para mulheres que, assim como Amélia teria escolhido o urso se tivessem tido a opção de escolher  .
             

                     Segunda feira .

Semanas atrás crianças brincavam nas ruas ,fogueiras eram montadas e músicas eram cantadas alegremente pelos moradores do pequeno vilarejo localizado em uma cidade antiga pouco conhecida, dois dias atrás a paz daquele lugar tinha sido abalada , ninguém se arriscava a sair sozinho pelas ruas ,as caminhadas rotineiras pelas trilhas que eram percorridas todos os dias pelas damas tinham sido encerradas. Um assassinato mudara tudo ,dois dias atrás o corpo da jovem senhora Amélia Sacroos fora encontrado ,sem vestes a beira de um riacho ,o principal suspeito ,Christopher Sacroos ,esposo da vítima. Todo aquele mistério mexia com a mente dos moradores daquele local ,o jornal publicava notícias não tão verdadeiras ,colunistas tinham suas suspeitas e especulações ,a ganância e a vontade de ter lucro em cima do caso impediam as pessoas a buscarem a verdade  ,e exatamente por isso Clarisse Woody buscava respostas e novas possibilidades .
Por qual motivo Christopher mataria sua esposa ?
As noticias publicadas ocultavam parte da verdade ,verdade que Clarisse buscava descobrir .Para vencer o inimigo ,mantenha-o do seu lado ,para descobrir a verdade aproxime-se da maior fonte de informações ,investigue o passado para entender o presente ,busque vestígios de verdade e só assim poderá conhecer e entender o caso.

Sua mente criativa criava cenários ,formava perguntas e esperava respostas ,para investigar ,Clarisse precisava sair de casa ,ir atrás de pessoas que poderiam ter respostas sobre o passado desconhecido de Amélia .As complicações do caso se davam por quê a investigadora não conhecia a vítima ,nunca sequer tinham estado nos mesmo lugares ,a única fonte de conhecimento seriam os moradores.
Pessoas deveriam ser ouvidas , principalmente o suspeito.
A mente brilhante de Clarisse separava os tópicos.
Primeiro ,ir ao local onde a vítima foi encontrada.
Segundo ,ouvir os moradores.
Terceiro ,visitar Christopher e obter respostas .
Quarto ,publicar a verdade independente de quão cruel fosse .
Após trançar as grandes madeixas ruivas ,Clarisse coloca um chapéu e calça as luvas ,pegando um guarda chuva na cor preta ,checa uma última vez se não esquecera nada ,coloca a mão no bolso e retira a agenda e um lápis ,recoloca novamente e caminha até a porta levando a mão na maçaneta.
--Onde vai pequeno beija-flor ?-A pergunta a pega desprevenida ,qual desculpa inventar ?
--Vou tomar um ar ,tio Pietro.- Responde Clarisse se virando para encarar o mordomo que estava a poucos metros dela em uma pose impecável .
--Aqui dentro o ar não chega aos seus pulmões?-Pergunta Pietro sendo importuno -Lá fora não é seguro .
--Entendo a sua preocupação tio ,mas não precisa se preocupar ,não tenho nenhum marido louco por vingança atrás de mim .-Clarisse fala se odiando por tamanha descriminação ,não existiam provas contra Christopher, e justamente por isso não tivera uma condenação.
--Tenha cuidado pequeno beija flor ,não volte tarde .--Enfim cede Pietro ajeitando os óculos redondo --Quando voltar estarei te esperando.
--Obrigado tio ,você é sempre compreensível.--diz Clarisse com falsidade levando a mão a maçaneta novamente ,desta vez ninguém a impede de girar e abrir a porta ,o vento frio da tarde a acolhe ,ela se sentira livre .Já fora de casa Clarisse começa a caminhar, descendo as ruas até chegar perto da floresta ,com cuidado para ninguém vê-la ,adentra a mata caminhando na trilha que já passara milhares de vezes ,determinação corria nas veias ,com as pernas firmes caminha em direção a um riacho ,o mesmo riacho onde o corpo fora encontrado ,assusta-se ao notar um homem de cabelos médios na cor preta ajoelhado no chão ,plantado margaridas onde tinha uma cruz simbolizando onde Amélia fora encontrada ,sem fazer movimentos bruscos encosta-se em uma árvore ,cruza as pernas e observa-o ,após alguns minutos ,Clarisse julga ser melhor abandona-lo no seu luto, vira-se pronta para partir quando nota-o fazer sinal da cruz ,logo beijando um crucifixo o colocando rente as flores .
--É engraçado um homem que nunca temeu a Deus está rezando para a alma de alguém --Diz o homem se levantado --Veio rezar para Amélia ?
--Na verdade não a conhecia .--Clarisse admite se sentindo constrangida --Você deve ser o Sr Christopher Sacroos , sou Clarisse Woody.
--Uhm .--O barulho mostra desinteresse ,Clarisse não desanima ,encosta a ponta do guarda chuva no chão o girando até um pequeno buraco começar a se formar ,seu gesto mostrava impaciência e ansiedade .
--O quanto do que as pessoas falam são verdades ?--Clarisse arrisca fazendo seu trabalho.
--E o que as pessoas falam?--Christopher pergunta levando as mãos para as costas de uma maneira elegante não querendo  demostrar o quanto a pergunta o pegara de surpresa.
--Que você tinha motivos para mandar ela caminhar sozinha .--Christopher rir ,uma risada amarga ,Clarisse nota que o eufemismo que usara soara de maneira sarcástica.
--Se eu tivesse motivos para manda-la caminhar sozinha--Christopher faz aspas com os dedos-- ,eu pediria o divórcio a ela .-- diz simples.
--Você a amava ?
--Por que de repente todo esse interesse garota ?--Christopher pergunta rude , suas sobrancelhas formando um arco .
--Todos os colunistas escrevem o que lhe vem a mente ,o que lhe renderá lucros ,reconhecimento entre outras coisas ,já eu busco respostas ,quero saber o que realmente aconteceu .--Clarisse fala dos outros colunistas com a voz de tédio.
--Ah então você é uma colunista?--Christopher pergunta odiando o fato de ter alguém a sua espreita observando seus passos.
--Sim --Clarisse abre o jogo.
--Eu e Amélia morávamos juntos ,mas ela se envolvia com outros homens ,e eu sabia mas respeitava ela da mesma forma ,eu a respeitava da mesma forma desde quando a conheci a cinco anos atrás .--Christopher  diz tentando se livrar dela o mais rápido possível  ,sem perder tempo caminha em direção a trilha que ficava próximo ao lugar onde Clarisse estava estacada.  .--Na noite em questão que ela sumiu ,eu estava na cidade ,fiquei sabendo de seu desaparecimento mas não me preocupei visto que isso acontecia frequentemente .
--Posso lhe fazer uma visita amanhã?--Clarisse arrisca novamente
--Ninguém nunca me visita .--O tom de Christopher era enigmático e sombrio  ,só naquele momento percebera que estava completamente sozinho as palavras se tornaram um bolo que arranhara sua garganta.
--Mas eu estou pedindo para lhe fazer uma visita .--Insiste não aceitando a derrota em vista
--Não tem medo de mim ?--Christopher pergunta fascinado.
--Eu deveria ?
--Talvez eu seja um lobo mal pronto pra fazer sopa da chapeuzinho .--Christopher diz adentrando a mata enquanto assobiava logo sumindo na imensa escuridão .Aquilo soara galante e ao mesmo tempo assustador .Como não tivera uma resposta ,Clarisse decide por si mesma, na manhã seguinte o visitaria .
Sem perder muito tempo Clarisse adentra a trilha  fazendo o mesmo percurso pelo qual viera,  naquelas horas Pietro já estaria roendo as unhas em preocupação .Quando chega em casa a cena rotineira se repetia ,Pietro a esperava com um baralho encima da mesa ,com calma Clarisse guarda o guarda chuva ,ajeitando a agenda e o lápis no bolso ,Clarisse se senta junto a Pietro .
--Vamos aos jogos ?--Clarisse sorrir ,amava o bom e velho desafio de tentar vencer seu "mestre", ao retirar as luvas a partida dá inicio

Cicatrizes invisíveisOnde histórias criam vida. Descubra agora