Terça feira .
No dia seguinte Clarisse se sentia inoportuna enquanto levantava a aldrava da casa de Christopher ,pensava seriamente se deveria mesmo dar continuidade aquela investigação .Sem deixar seu lado racional dá importância demais para o fato que eram dez da manhã Clarisse bate a aldrava três vezes na porta soltando-a, juntando as mãos junto ao corpo, alguém abre uma fresta na porta.
--Bom dia Sr Sacroos.--Clarisse diz exibindo um sorriso
--Não acreditei quando disse que viria .--Christopher fala surpreso abrindo a porta --Entre .
Clarisse olha para os dois lados da rua ,a falta de uma acompanhante poderia levá-la a ter problemas.
--Eu analisei minha ideia antes de vir .--Clarisse admite dando uma analisada sutil no ambiente em que Christopher vivia . --A única coisa que não entendo o por quê você quer ouvir o lado do assassino.--Diz o homem fechando a porta. --Então você é o assassino?--Clarisse pergunta com os olhos esbugalhados. --É o que as pessoas estão dizendo.E se as pessoas acreditam nisso não irão querer ler o meu lado da história.--Christopher dá de ombros encaminhando-se para uma sala ,Clarisse o segue enquanto retira as luvas . --Na verdade as pessoas desse lugar estão assustadas ,acreditam no que está no papel ,no que jogam para elas ,então devido a isso é necessário a sua versão da história, assim elas poderão tirar as próprias conclusões. --Ainda acredito que ninguém lerá ou aceitará sua entrevista para ser publicada . --Nunca rejeitariam minha entrevista ,sou a principal colunista do jornal local. --Clarisse diz orgulhando-se de seu potencial.
Christopher nada diz ,apenas se senta em um sofá indicando um outro para Clarisse . --Chá?--Pergunta-lhe Christopher pegando uma chaleira erguendo-a em direção a Clarisse . --Sem açúcar por favor .--Clarisse diz retirando sua agenda do bolso do vestido rosa que usava, Christopher logo empurra o pires com a xícara com chá para ela.
--Vejo que está ansiosa, pode começar os questionamentos.--Christopher pega uma xícara cheia levando-a aos lábios sorvendo o líquido .
--Qual foi a última vez que viu Amélia ?
--Duas semanas antes de seu corpo ser encontrado .
--Uhm.--Clarisse anota na agenda .--Agora uma pergunta mais pessoal ,como está lidando com isso tudo ?
--Isso tudo ?A morte dela ou a culpa que estão jogando em meus ombros ?--Christopher pergunta com o cenho franzido em confusão verdadeira, colocando a xícara no pires ,deitando a cabeça de lado em um gesto completamente atraente e confuso ele responde sem deixar Clarisse lhe explicar qual das perguntas responder--É doloroso saber que te culpam sem ter provas ,ninguém além de você foi atrás do verdadeiro culpado ,apenas apontaram o dedo pra mim e falaram que a culpa é minha ,E sobre Amélia ,já não éramos um casal ,mas mesmo assim sinto falta de sua companhia ,a casa não ficava tão vazia ,éramos bons amigos independente do que nos tornamos .
--Como Amélia era ?--Pergunta-lhe Clarisse anotando o que ele falara .
--Ela era doce e meiga ,era sorridente, amava pessoas distintas ,era confusa ,tinha os olhos lindos que escondiam as dores e os conflitos de seu passado ,ela era gentil como a primavera ,e ela amava flores e eu ainda a amava ,não como uma mulher ,mas como alguém que me dava paz ,alguém que me tirava sorrisos sinceros ,alguém que me entendia e estava comigo contra o mundo .
--Vocês tinha algum inimigo?
--Não, não tínhamos ,ninguém tinha motivos para mata-la . Ninguém--Repete ele como se para afirmar aquilo para si mesmo ,seus olhos escurecem, uma sombra de dúvidas sobre passa em seus olhos castanhos gélidos e sem vida .Ele estava sofrendo por tudo aquilo Clarisse nota mantendo silêncio.
--Certo, vocês não tinham inimigos .--Clarisse anota novamente não deixando passar despercebido a duvida de Christopher--Vocês conversavam sobre os amantes dela ?
--Era nosso principal passatempo, --diz ele com um sorriso singelo como se lembrasse do passado --sempre que estávamos na estufa ela me contava sobre alguém novo .--Christopher volta a beber o chá ,seus olhos agora mais calmos .
--Uhm --Clarisse nota que não bebera o chá ,pega a xícara levando aos lábios ,sentindo o gosto do chá puro --Então vocês tinham uma boa relação.--Afirma ela bebendo mais do líquido amarelado.
--Sim --Christopher coloca a xícara vazia na mesa olhando para o relógio de pulso .--Eram só essas perguntas ?--Christopher parecia desesperado ,notando que basicamente estava sendo expulsa Clarisse assente desconfiada.
--Posso voltar outro dia para entrevistar os criados ?--Ela tenta a sorte.
--Quanta audácia --Christopher fala sorrindo --Fique a vontade .
--Obrigado por me receber .
Christopher apenas assente com a cabeça ficando ansioso ,leva-a até a porta ,olha para os dois lados da rua ,permitindo-a sair .
--Até amanhã --Clarisse se vira ouvindo um suspiro aliviado ,aquilo era suspeito .
--Até amanhã--A voz grossa chega aos seus ouvidos a arrepiando .
Ao escutar a porta ser batida Clarisse caminha até a hospedagem do lado da casa de Christopher, adentra o local ,a sineta da porta soa chamando atenção das poucas pessoas no saguão .Ali ela coleta informações sobre o paradeiro de Christopher nas semanas anteriores ,tendo a confirmação de que ele realmente não estava no vilarejo, Clarisse se retira do estabelecimento ,logo afrente compra uma cocada e continua seu trajeto para casa ,minutos depois Clarisse estava sentada na cadeira enfrente a escrivaninha ,trancada no conforto e abrigo do seu quarto ,seus olhos bicolores estavam brilhantes ,a excitação de escrever algo diferente do que as pessoas falavam e acreditavam a deixava em êxtase, eufórica começa a escrever a coluna que no outro dia fora entregue as casas...