Luna. [ORIGINAL]

Capítulo 2.

A Decisão.

Após despedir-se de Mookie, Henry prosseguiu o restante de seu percurso sozinho: apenas alguns minutos andando da casa de Mookie até sua casa. Assim que a porta se fecha, o peso de seu corpo e problemas voltam a ser sufocantes demais para carregar sozinho. A imagem de seu irmão na cozinha aliviaria em 50% o peso que sente.
O jovem arrasta-se até a cozinha apenas para encontrar um bilhete escrito por seu irmão.

Estou treinando os filhotes perto das montanhas, volto antes de anoitecer.
– Jasper.

– Ótimo! – Resmunga , voltando ao estado inicial, sentando-se em um dos bancos enquanto apoia os cotovelos na bancada.

Sentia-se cansado. Não, exausto. Essa era a palavra correta.
A sociedade ao longo da história se moldou numa busca por evolução,para preservar algo. Henry questionou-se por algum tempo sobre a sociedade em que residia e como pouco progrediram ao longo dos anos : Bullys são sempre Bullys, a posição que você ocupa dita o quanto te respeitam. Não em seu caso.

Henry não sabia se era ômega ou alfa, era o filho mais novo do líder em sua alcatéia, com um irmão comandante de ataques e estratégias, a essa altura deveria ter conquistado algo. Sentia-se impotente.

As lágrimas voltaram a invadir seu rosto, embora recusasse a si mesmo de chorar. Crianças fazem isso!

Eu sou uma criança.... – Um soluço escapou de seu filtro de emoções, antes que desabasse por completo escondendo seu rosto sob a enorme bancada.

A essa altura, sua casa parecia muito maior do que realmente era, sensação essa que o perseguia cada dia em que estava sozinho.

Por alguns meses o jovem se questionou sobre o lugar onde realmente pertence e, sua conclusão foi que não era a uma alcatéia. Desde então, passou a juntar todo o dinheiro que conseguia pra ir embora.

•

– Você não é jovem demais pra estar aqui sozinho? – Um homem alto, de cabelos negros cobertos por mexas vermelhas em tom vivo e estatura magra encarava o pequena em dúvida, antes de cruzar os braços.

Henry negou com a cabeça.

– Sou maior de idade. – Respondeu em um tom baixo. O homem quase ouvia o coração do garoto batendo num ritmo acelerado e instável. Henry era um péssimo mentiroso.

– Certo...Esse é o valor. – O homem o observava atentamente enquanto sinalizava um pequeno papel para que o pequeno apanhasse. A quantidade de zeros era assustadora. O homem conteve uma risada sincera.

–O-otimo! Eu imaginava... – O pequeno engoliu em seco. O homem riu.

– Você é um péssimo negociante garoto. – As bochechas do pequeno queimaram. O homem se sentou. – Por que exatamente precisa ir pro planeta Zero? Apenas exilados moram lá.

– Estou fugindo...– Admitiu o garoto, juntando as mãos sobre a mesa um tanto emburrado – Acho que lá é o melhor lugar pra recomeçar.

Ele tinha um ponto, pela primeira vez naquela conversa.

O planeta Zero foi usado como refúgio aos habitantes de Eridiun quando a guerra ocorreu 13.000 anos atrás, mas quando Eridiun foi restaurado, boa parte dos habitantes se mudaram novamente, pois, por mais destruído que estivesse ainda era melhor do que estar num planeta que foi amaldiçoado milênios atrás. Muitos dos habitantes do planeta Zero tiveram desgraças sob suas vidas enquanto viveram lá. A verdade que poucos sabiam sobre este planeta ? Ele nunca foi amaldiçoado de fato... Mas sim , haviam forças invisíveis trabalhando lá o tempo todo em busca de caos e discórdia. Criaturas essas, que aguardavam ansiosamente pela chegada do pequeno Henry. O planeta Zero sempre foi palco de profecias e isso dava medo as pessoas : descobrir que lutam contra um destino inevitável.
Após as mudanças para Eridiun, o mesmo se tornou quase inabitado , exceto por seres isolados, que sentiram-se confortados em seu próprio caos. O planeta era perfeito para aqueles que se sentiam deslocados encontrarem o propósito de suas vidas. Seu destino.