Capítulo 2

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  Capítulo 2

O ogro mandou um Pietro, ainda estarrecido, buscar o carro e ficou me encarando com aqueles olhos desconcertantes.

Sério, mesmo com medo, não deixo de admirar os lindos olhos.

— Pare de falar asneiras para o pobre do meu motorista, entendeu? — não tenho tempo de responder, porque ele sai me arrastando pelo braço e nos faz  parar em frente a uma cafeteria; o que me faz  ficar um tanto esperançosa.

— Quer?— sua pergunta me faz desviar o olhar da vidraçaria, onde  tem um infinito mostruário de guloseimas,  para ele.  A esperança que eu tinha adquirido com sua pergunta acaba quando noto o desdém em sua face bonita. Ele não espera resposta: — Que pena, no entanto não tenho tempo e você não tem dinheiro.

Um soluço engasgado foi sua resposta. Não tento mais me soltar, pois isso só faz com que seu aperto seja mais firme. Não quero um braço arrancado em minha lista de desgraças.

Quando vejo sou jogada sem um pingo de delicadeza dentro de um carro preto que sai cantando pneu. Pisco surpresa com tamanha rapidez que fui colocada no carro.

— Socorro— grito desesperada, mas quem ajudaria uma sem teto?

— Cala a boca— rosna em uma  calma absurda, nem parece que será preso e vai para a guilhotina. E é isso que tento mostrar pra ele quando o encaro firmemente.

Irei morrer, mas teu dinheiro não vai te tirar da cadeia. Entendeu?

Ele parece entender já que da apenas um sorriso de canto e vira o rosto para a janela, fazendo algo que me deixa roxa de vergonha. E que sei que foi de propósito. Pede Pietro para abrir as janelas para que entre "ar mais puro"

Abaixo o rosto e me afasto no assento do carro, quase me fundindo com  a porta. Tudo isso para ficar mais longe possível do ogro sequestrador e de sua face de nojo. Fico encolhida pedindo a Deus que me tire dessa enrascada  o trajeto inteiro,  para seja qual for onde o ogro esteja me levando.

Arrisco olhar para cima e me deparo com um olhar de pena de Pietro no retrovisor fixado no centro do vidro frontal. Olho pela janela e me assusto ao notar que estamos entrando em  gramercy que fica na região de Midtown, bairro conhecido por ser muito elegante e tranquilo. Também, conhecido como:  Meu passaporte para rua.

"— O que a gente faz aqui mãe?— o fato de estarmos adentrando um bairro nobre de Manhattan me faz esquecer sua reprimenda por chamá-la de mãe.
— Você irá  conhecer seu futuro marido. "

Balanço a cabeça para espantar essa lembrança ruim, mas graças ao meu bom Deus não cheguei a conhecer o tal do "meu futuro marido" .
Pelo canto do olho noto que o ogro me observa com um resquício de arrependimento. Arrependimento? Viro totalmente meu rosto para o olhar melhor e fico sem fôlego, pois tamanha é a beleza do ogro. Seus olhos amendoados parecem verem  além da minha alma.

Ainda iremos nos casar e ser muitos felizes, ogro!

Mas antes... O que você vai fazer comigo?

Me encolho mais ainda em meu assento quando a enorme mão do ogro toca meu rosto secando minhas lagrimas. Pisco. Que momento ele ficou tão perto?

—Está com medo? — pergunta suavemente ao acariciar ainda meu rosto. Arregalo os olhos com seu ato.

Como pode uma mão tão enorme ser tão:  macia, quente, cheirosa, suave e acolhedora?

Respiro fundo e penso em sua pergunta.
Estou com medo? Sim...não. Nenhuma dessas duas alternativas se enquadra com o que estou sentido.  Na verdade, não sei bem a resposta nesse momento, não quando sua enorme mão acariciando meu rosto com tanta delicadeza.
Meu corpo se divide em uma  mistura de: medo, fascínio, coragem e segurança. Sim, segurança. Também estou tentando entender o porque desse sentimento já que os momentos anteriores que passei não foram bem "seguros".

 Cuidará de mim?-Tsavd danemOnde histórias criam vida. Descubra agora