Sinlight (hiato)

Prólogo

Notas: Embora a temática principal gire em torno da religião ela não é o tópico principal dessa história. Não tenho o intuito de trazer qualquer tipo de debate ou crítica a religião. Dito isto, boa leitura.

O padre à frente da igreja tinha a voz intensa, suas mãos gesticulando enquanto falava. Taeyeon não sabia dizer se estava apenas animado ou se dava algum sermão nos ouvintes, não prestava atenção em suas palavras, o pensamento longe e vazio, tomado pelo sono. Os olhos quase se fechando, a cabeça pendendo levemente para o lado, gesto esse que não passou despercebido por sua mãe que lhe deu uma leve cotovelada e um olhar repreensível, o mesmo não durou muito pois logo voltou a frente, atenta às palavras do padre que Taeyeon ainda não sabia do que exatamente se tratavam.

A menina fez de tudo para ficar acordada, não queria estar ali e a luz daquela manhã de domingo que entrava pela porta aberta da igreja, tocando sua pele em um convite implícito para que voltassem dormir, ela quase cedera.

Quase.

A primeira coisa que lhe chamou atenção foi uma sombra no chão da igreja e então o barulho desaparecendo à sua volta, criando um clima estranho que até uma Taeyeon sonolenta era capaz de perceber. Guiada pela curiosidade seus olhos seguiram até a figura parada na entrada do local e pode entender o porquê do silêncio, só não sabia dizer se era pelo mesmo motivo do dela.

Na porta, uma mulher de cabelos castanhos longos estava parada. Seu vestido vermelho chamava atenção, a cor vibrante que emanava vários tons de pecado e luxúria deixava a todos chocados. Na boca, carregava um batom tão vermelho quanto seu vestido, acompanhado de um sorriso presunçoso e provocante, ela estava ciente de sua presença e sabia o que a mesma causava, estava se divertindo. Taeyeon, assim como todos, não sabia como reagir, porém, quando seus olhos se chocaram, sentiu sua respiração falhar. Os olhos castanhos que antes só provocavam a todos no pequeno recinto pareceram tomar um ar diferente quanto encontraram os de Taeyeon, um momento curto, porém o suficiente para que a menina se sentisse pequena e frágil perante a outra.

Os burburinhos logo voltaram junto da voz do padre que tratou de continuar sua missa. A menina não teve muito mais tempo para poder pensar a respeito de nada. Sua mãe levantou bruscamente, a raiva e desgosto consumindo seus olhos, tem muito a dizer, porém nada diz. Num gesto frio, sai da igreja e espera ser seguida por Taeyeon e seu marido. A menina se levanta, ainda confusa e levemente atordoada por toda a situação. Olha para a porta da igreja mais uma vez, novamente os olhos castanhos lhe encaram, tão intensos como da primeira vez, existe algo neles que não sabe dizer o era.

Mas de uma coisa ela sabe... Aquele olhar... não seria a última vez que o veria.