Kai estava longe de ser uma pessoa fácil de lidar, mas também não era uma das piores. Ele nunca escondia as emoções, e às vezes não sabia como lidar muito bem com elas, mas tentava ao máximo não afetar ninguém com seus problemas.
Porém, infelizmente, não foi o caso daquela vez. Ele sabia que havia destruído a energia animada que costumavam ter no pós-show, porém não conseguia simplesmente fingir que estava tudo bem.
— Nós vamos pensar sobre isso. — Resmungou, imitando a voz de Yeonjun. — Vamos pensar o caralho.
Eles estavam na lataria que Soobin chamava de carro, voltando para o apartamento que os quatro dividiam. Yeonjun estava no banco de passageiro, enquanto Soobin dirigia, e ambos apenas respiraram fundo, decidindo ignorar Kai por hora.
— Você realmente não concorda com isso, Kai? — Beomgyu perguntou baixinho, ao seu lado.
Beomgyu sempre foi o mais calado entre eles, mas não deixava de observar bem tudo que acontecia ao redor. Kai tinha certeza que ele era a pessoa que mais conseguia o entender, talvez porque dividiam o mesmo quarto há quase dois anos, e agradecia muito quando ele aparecia desse jeito, com calma, apenas querendo compreender sua cabeça.
— Claro que não. — Kai respondeu, ainda emburrado. — Esse cara não é coisa boa.
— Mas e se o contrato for bom?
— Duvido que seja.
Beomgyu concordou, e respirou fundo também.
— Eu também não gostei dele, tenho certeza que o Yeonjun e o Soobin também não. — Disse, olhando para Kai. — Mas, ainda assim, acho válido ler o contrato.
— Eu sei, Gyu. É pro bem da banda e etc, mas eu tô com a cabeça cheia e meu humor tá uma merda. — Afundou no banco. — Amanhã eu vou estar melhor, só preciso de um banho longo e de umas boas horas de sono pra voltar ao normal.
— Entendo. — Riu fraco, e a música que tocava no rádio voltou a ser o único som dentro do carro.
O clima entre eles nunca esteve tão estranho, e Kai odiava saber que era o culpado por isso. Ele não se importava quando as consequências eram só suas, mas só de saber que os outros estavam incomodados por sua causa, já sentia a ansiedade arranhando seus pulmões e o impedindo de respirar. E, além disso, ainda tinha Taehyun, que continuava fazendo seu madito cérebro reviver todos os momentos anteriores como se fossem um filme de terror.
Sem dúvidas, ele realmente precisava de um banho longo e de umas boas horas de sono.
Por isso, permaneceu calado e se enfiou no banheiro quando chegaram no apartamento, esperando que a água do chuveiro levasse embora todo caos que habitava sua mente. Ele se recusava a afetar ainda mais os seus amigos quando nem mesmo ele estava se aguentando.
E, enquanto isso, Yeonjun, Soobin e Beomgyu pararam na sala e se olharam por alguns segundos em silêncio. Os três entendiam Kai, e não queriam tornar aquela situação ainda maior, mas essa compreensão não melhorava muita coisa.
— Ah, eu preciso de mais uma latinha. — Yeonjun disse, indo para a cozinha.
— Ei, é melhor parar por aí. — Beomgyu interviu, segurando no pulso dele. — Você sempre começa com "mais uma" e termina precisando de ajuda até pra vomitar.
Yeonjun olhou para a mão que o segurava e depois para o rosto dele, sorrindo com o toque. Ele se aproximou mais, aproveitando o momento raro em que Beomgyu ficava tão perto.
— E o que eu ganho se não beber? — Perguntou, rindo de como Beomgyu revirou os olhos.
— A porra de um fígado decente. — Respondeu, soltando o pulso dele e começando a andar em direção ao quarto.
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O Veneno Que Não Mata
Fanfic[Terminada] Shortfic | +18 | Band!AU A vida de Taehyun era um looping doloroso, em que ele não conseguia enxergar caminhos para fugir da gaiola que havia aprendido a chamar de casa. E a arte, que sempre foi o seu maior conforto, se tornou sua única...