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1 de setembro de 1989
Querido diário,Eu realmente imagino que seja uma boa pessoa, mas não posso dizer isso sem pensar na opinião dos outros sobre mim.
E lá vamos nós, o primeiro dia de aula no ensino médio, e eu realmente olho ao redor, olho para as pessoas que conheci na infância e me pergunto: "O que diabos aconteceu?"
Não éramos mais as mesmas crianças de antes, pois havíamos crescido. E, quando crescemos, nossas opiniões mudam, nossos jeitos mudam, gostar ou não gostar de alguém também. Esse é o meu caso: de uma criança que todos amavam e com quem conversavam, me tornei a garota odiada e deixada de lado. Eu sempre rezo para que todo esse "bullying" que sofro acabe, pois nunca se sabe quando vou cometer suicídio. Essa vida consegue ser linda...
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Ao fechar meu diário, me sinto sendo atirada no chão, com os olhos fechados, sentindo algo pesado em cima de mim. Definitivamente, este não é meu dia. Em seguida, abro os olhos e vejo um garoto em cima de mim. Minha primeira reação foi empurrá-lo de leve para conseguir ajudá-lo a pegar suas coisas:
— Ei, você tá bem? — estendi minha mão para ajudá-lo a levantar. — Aqui, juntei suas coisas.
Nem me agradeceu; me empurrou para longe e ainda gritou:
— Sai do caminho, nerd! — Só vi de relance o mesmo correndo para longe. Certo, então, não o ajudo mais.
Os corredores estavam sempre cheios de risadas e cochichos maldosos, um território hostil para qualquer um que não se encaixasse nos padrões. Caminhei sozinha, desviando das pessoas que passavam por mim sem ao menos notar minha existência.
Foi então que as vi. As Heathers.
Heather Chandler, Heather McNamara e Heather Duke estavam paradas perto dos armários, encurralando uma garota que mal conseguia levantar o rosto. Era uma cena que eu conhecia, até bem demais.
— E aí, por que você ainda usa essas roupas? — Chandler perguntou, com um sorriso venenoso. — Achou no lixo?
McNamara riu, e Duke se inclinou para mais perto da garota.
— Talvez o lixo seja o lugar certo pra você — sussurrou Duke, com aquele ar de satisfação sádica.
— Cala a boca, Heather! — Chandler olha para coreana com desgosto. — Ai, a garotinha está chorando...
As três riem freneticamente.
A garota apertava os braços ao redor do próprio corpo, encolhida como se quisesse desaparecer ali mesmo.
Por um segundo, pensei em dizer alguma coisa, em interromper aquilo. Mas a voz na minha cabeça foi rápida em me lembrar da realidade: ninguém se mete no caminho das Heathers e sai ileso. Interferir seria suicídio.
Então, eu fiquei parada. Observando.
Chandler deu a risada triunfante de sempre e se virou, satisfeita com a humilhação que causara. As outras duas a seguiram, e logo as três desapareceram pelo corredor, como se nada tivesse acontecido.
A garota ficou ali, sozinha e em silêncio, os olhos marejados, enquanto tentava se recompor.
Meus pés estavam presos ao chão, como se eu não conseguisse decidir se deveria me aproximar para ajudá-la ou seguir em frente, como todo mundo sempre fazia. No fim, escolhi o caminho mais seguro: me afastei lentamente, sentindo uma onda de culpa me esmagar.

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MEAN, MAD & MINE - heathers (wlw)
HumorVeronica Sawyer é uma jovem que convive com três patricinhas chamadas Heather, que têm por função única na vida serem adoradas. O comportamento delas e dos amigos que as cercam é tão pedante que Veronica sente vontade de matá-las. Após começar a nam...