Capítulo 1

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    Essa é a terceira vez em menos de dois anos.

    Meus pais costumam viajar muito, eles tem batalhado duro para construir sua própria empresa, quando aparece qualquer oportunidade eles nem pensam duas vezes em me abandonar por aí.
Desta vez foi com a minha tia Agatha.
— É melhor você estar pronta para o seu primeiro dia, porque vai ser IN CRI VEEEEL — Cantarolou ela correndo pelo corredor.
— O que diabos você está vestindo? — Me queixei.
— É uma fada! — Ela fez pose — Não gostou?
— Você deveria ser presa — Reclamei.
— Ora, não diga uma coisa dessas, essa é verdadeiramente a minha fantasia favorita, faço questão de ser a melhor.
    Tia Agatha é animadora de festas.
— Olha a hora! Temos que ir logo! Vamos, vamos!
    Ela agarrou minha mochila em cima do sofá e me empurrou até a garagem.
Abri a porta do carro, me sentei e mantive meu belo humor.
Titia se sentou do meu lado e agarrou o volante para me dizer:
— Você é uma garota tão adorável Lynn, mas com essa cara certamente não vai fazer grandes amigos.
    Revirei os olhos em desaprovação.
— Tudo certo então. — Ela deu de ombros e pôs o carro a funcionar.
    Desta vez me matricularam em uma tal de Sweet Amoris Academy, é a escola mais próxima da minha casa atual, já nos mudamos várias vezes e espero ter paz ao menos no meu último ano do ensino médio.
Desde que nos mudamos para essa cidade, evitei o máximo possível esta escola por meus amigos mencionarem que o lugar não é lá dos mais acolhedores. Quando meus pais me disseram que teria que estudar lá, não pude evitar fazer um escândalo, mas pelo visto meus mais profundos protestos foram em vão.
— Chegamos! — Cantarolou.
    Puxei minha mochila do banco de trás e abri a porta. – Sabe quando você pensa que absolutamente todos estão olhando pra você, mas eles só NÃO ESTÃO?
    Se você não sabe, eu te digo, é uma merda. — Minha tia voltou minha atenção a ela, ela me entregou alguns trocados para almoçar e depois foi embora feliz da vida em seu carro rosa choque.
    Encaixei meus fones no ouvido e coloquei um dos meus rocks antigos favoritos. Entrei na escola e era bem comum, armários, pessoas, uma faixa fodida escrito “boas vindas alunos” que já estava lá desde o início do ano e todos tiveram preguiça de tirar…enfim.
    Como me considero uma pessoa com experiência, — mudei 2 vezes de escola já contando com essa — resolvi pular a formalidade de conhecer a escola, ou tentar alguma amizade, sei lá.
    Uma garota ruiva estava na beira dos armários tagarelando sem parar, não parece ser o tipo de gente que é filha da puta, e nem do tipo legal, me aproximei dela.
— Oi, sabe onde fica a sala dos professores?
    Ela voltou seus brilhantes olhos esmeralda em minha direção.
— É só seguir até o fim do corredor, segunda porta a esquerda, no que mais posso te ajudar? – Ela parecia aquelas atendentes de loja pé no saco.
— Ahm…não, tá ótimo. — Virei para ir embora.
— Você é visivelmente novata, meu nome é Iris, em que turma você está?
    Me virei para ela de novo. — Eu ainda vou ver, tenho que resolver umas coisas ainda. — Tentei um sorriso o mais real o possível.
— Ah claro, sim, faz parte. — Ela soltou uma risada que era uma mistura de asma e um porco.
Fiz uma cara sem graça. — Certo, eu vou indo lá, tá legal?
    Virei as costas e tentei me afastar o mais rápido o possível antes que ela me chamasse de novo.
    Segui as instruções de Iris e parei em frente a porta indicada, uma certa ansiedade cresceu com pensamentos do tipo “e se for a porta errada?” “ E se ela tiver mentido pra mim e for uma cuzona psicopata?”. Mas não. A porta se abriu e uma mulher gordinha baixinha deu de cara comigo.
— Estava prestes a bater, não? No que posso lhe ajudar?
— Ah, oi, meu nome é Lynn Darcy, me disseram para passar aqui e terminar alguns papéis.
— Ah sim, você foi transferida, não? Eu sou a diretora Shermansky, espero não vê-la demais pelos corredores. — Ela riu da própria piada.
— Legal.
    Ela voltou a sua postura original. — Eu estava indo te encontrar mesmo, aqui estão as documentações, preencha eles e depois leve-os ao representante do grêmio Nathaniel, ele vai lhe dizer o que fazer.
    Ela me entregou uma pilha de folhas. Logo em seguida fechou a porta na minha cara.
Bacana — Pensei — Gente bem bacana.
    Perambulei pela escola a procura de um cantinho com uma mesa, no pátio tinha apenas uma vaga, na frente de um cabeça pintada que devia se achar o dono do universo por estar sentado na mesa com os pés no banco, além de estar sozinho.
    Me aproximei e sentei no banco ao seu lado, — uma leve demostração de como um civilizado age — puxei meu estojo da mochila e comecei a preencher os papéis. Ele pareceu interessado, até baixou o volume do fone com o rock metal mais sujo em palavras que meus ouvidos já presenciaram.
    Ele estava me encarando, eu sinceramente já estava ficando desconfortável, presumi que ela fosse um carente ou sei lá. Abri o jogo.
— Beleza? Sou nova aqui — Apontei para os papéis.
— E o que é que eu tenho haver com isso? — Ele respondeu desinteressado.
— Sempre gentil?
    Um sorriso astuto lhe escapou. — Principalmente com novatas, eu me chamo Castiel.
— Foda-se.
    Ele me encarou sério, mas logo seu rosto se moveu em um sorriso controlado.
    Juntei minha papelada mais uma vez e procurei o Grêmio, não foi tão difícil já que tinham milhares de panfletos nos murais indicando onde era.
    Dei uma suave batida na porta e entrei, um garoto loiro estava virado de costas guardando algo em um armário.
— Oi, a diretora me pediu para encontrar o representante Nathaniel, onde o acho?
    Ele se virou para mim. — Parece que já achou.
    Ele não era mal, sabe? Tirando a camisa social e a gravatinha – Quem usa gravata na escola?
    O entreguei os papéis. — Lynn Darcy, certo? Eu preciso de um documento com foto.
— Identidade serve?
— Sim, mas a nossa copiadora está estragada… — Ele levou a mão a testa que eu jurava que tinha ficado azul.
— Cara, eu não vou virar meio mundo por causa de uma foto, são só papéis né? Preparei tudo sozinha mesmo. — Falei
— Eu não diria “só” papéis, são documentações importantes dos alunos!
— Isso não muda em nada na minha vida, de qualquer maneira, me livra dessa.
— Está certo… só me traga até semana que vem, ok? — Ele carimbou uma das folhas.
— É só entregar na direção.
— Valeu. — Falei, virei as costas e fui em busca da diretora mais uma vez.
     Fui entregar as folhas para aquela maldita, e ela ficou esquentadinha porque eu não juntei os papéis com um clipe, e SIM, PRECISA ser um clipe, se fosse um grampeador eu já teria resolvido, mas não, aquela IMBECIL queria que fosse do jeito dela.
     Como não conhecia ninguém, passei por onde já tinha ido.
— Nathaniel, tem um clipe aí?

Amor Doce - Fanfiction.Onde histórias criam vida. Descubra agora