CelastrinaA vida pode mudar de uma hora para outra, nunca se sabe o que pode acontecer. E quando você menos espera, o caos irrompe como uma tempestade turbulenta.
"NICA! MAMÃE! PAPAI!" Gritei exasperada. Minha cabeça ainda girava um pouco, e podia sentir algo quente escorrendo pela testa.
Estava tudo meio confuso. Há alguns segundos, eu estava dentro do carro com minha irmã, Nica, e meus pais nos assentos da frente. Todos animados para a viagem. Agora, eu estava deitada no chão, com a cabeça girando e ardendo.
Meus olhos automaticamente procuraram por Nica, também no chão um pouco à frente de mim. Ela estava de olhos fechados, o que me causou pânico. Antes que eu pudesse chamá-la novamente, um homem que estava no carro à nossa frente saiu do veículo, pegou seu telefone e discou um número. Tentei me levantar e chamar por ajuda, mas tudo escureceu de repente.
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O Grave era um lugar sombrio. Por trás daquelas paredes revestidas de cimento, os gritos silenciosos podiam ser ouvidos.
A alma de cada criança estava condenada a ser amaldiçoada assim que entrasse lá, e quem as amaldiçoava era ela, Margaret, a cuidadora do orfanato. Quando coloquei os pés lá pela primeira vez, tinha esperança de que as coisas melhorariam, de que eu e Nica nos adaptaríamos. Mas estávamos presas, como todas as outras crianças.
Passamos anos rezando todos os dias por uma adoção que nunca vinha, sonhando em sair daquele lugar juntas, mas sem garantias de que isso aconteceria. Margaret era a maldição que pairava sobre nossas vidas. Aquela mulher era como um espírito maligno que vagava pelo orfanato todos os dias, e mal podia esperar para me libertar daquela prisão.
Levanto da cama assim que ouço o alarme tocar, junto com Nica, Adeline e as outras garotas no quarto. Visto a roupa adequada para o dia e espero pelas meninas, para irmos ao refeitório juntas.
"Bom dia, meninas. Hoje é dia de visitas para adoção. Vou ajudar a preparar as meninas, espero que alguma delas seja adotada, já que nós não temos mais chances", digo, colocando meus sapatos.
Nica termina de pentear seus cabelos e diz:
"Não diga assim, Celi. Ainda tenho esperanças de que vão nos adotar." Me viro para minha irmã e rio do que ela diz.
"É uma pena que eu já não tenha mais esperanças disso, Nica."
Minha irmã me olha com reprovação; ela detesta meu pessimismo, mas eu diria que é realismo.
"Vamos lá, Nica, já estamos muito velhas. Quem vai querer uma menina de 15 e outra de 17 anos?"
"Eu ainda tenho esperanças, Celi."
Ela me responde, mas eu não digo mais nada, apenas permaneço em silêncio.
Assim que as meninas terminam de se arrumar, formamos a fila no corredor e esperamos Margaret dar o comando para descermos. Os meninos descem logo em seguida. O refeitório tinha algumas mesas e cadeiras espalhadas, o lugar em si era meio escuro e fechado, o orfanato inteiro passava essa sensação, o que era pior ainda.
Pego um pedaço de pão e coloco no meu prato, percebo que não tenho nada para passar nele, então me levanto, procurando a geléia. Ah, que ótimo. Ela está na mesa de ninguém menos que Rigel Wilde, a pessoa que mais me odeia na face da terra.
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Dҽαɾ Mαɾιρσʂα - 𝘖 𝘍𝘢𝘣𝘳𝘪𝘤𝘢𝘯𝘵𝘦 𝘥𝘦 𝘓á𝘨𝘳𝘪𝘮𝘢𝘴 🦋
Fanfic"Nas sombras da vida, até mesmo as mais belas borboletas podem ser capturadas pelos lobos famintos da escuridão."