CAPÍTULO 1 - O Reencontro

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Ly havia chegado em casa, e não conseguia parar de pensar em seu reencontro com Vic.

Ela havia decidido manter segredo porque ainda não sabia o que poderia acontecer nos próximos encontros.

[Ly narrando]

Confesso que foi algo inimaginável. Eu segui em frente, e não quis ter ninguém, eu sentia que iríamos nos reencontrar, mas eu deixava que meu coração alimentasse uma desesperança, porque eu fiquei por muito tempo magoada com tudo o que ouvi. Hoje eu sei a verdade, e de alguma forma, eu entendi que nós realmente nos amamos. Eu confesso que eu não tive coragem de expor nosso reencontro, tantas coisas aconteceram nesses dois anos, tantas pessoas lutaram para que a gente se desencontrasse das maneiras mais frustrantes possíveis.

O Vic e eu nos conhecemos em um dia comum, de uma maneira comum, mas ao mesmo tempo, foi algo especial. Foi bom trabalhar com ele naquela campanha distribuindo panfletos. Eu confesso que até hoje eu me lembro de tudo nitidamente. Já era amor antes de ser, é o que dizem, né? Mas também, é o que eu atesto. Deus é muito bom para mim, hoje eu vejo o quão agraciada fui.

Mas por esses dois anos, eu fui induzida a pensar o oposto. Meu mundo era preto e branco; ele chegou, ficou colorido; ele foi embora, quase tudo ficou cinza, porque Deus ainda me coloria de alguma forma; e quando ele me reencontrou, as cores que faltavam voltaram, e as que já existiam, ficaram ainda mais vívidas.

Esse reencontro me fez pensar o quanto eu não sabia o que era amor, tampouco gostar.

Eu fui uma antes dele, e Deus todos os dias ainda se utiliza dele para eu me reencontrar. Não tem como eu dizer que não é pra ser, só é, simplesmente.

Contando como foi o reencontro...

Eu estava no escritório da mesma companhia onde nos conhecemos, conversando com a minha madrinha, a D. Vivian. De repente, ele surge no escritório e eu, por automaticidade, levantei-me da cadeira e disse à tia Vivian:

Eu: Tia, com licença, eu preciso ir ao banheiro. (eu ia saindo e ele se colocou na minha frente)
Vic: Espera, Ly. Eu quero e preciso conversar com você.
Eu: Conversar o quê? Não já estamos conversados? (eu olhei para ele revivendo minha dor)
Tia Vivian: Ly... - eu virei em direção à ela - Escute o que o Vic tem a dizer...
Eu: Mas tia...
Tia Vivian: Apenas ouça.
Eu: Ah, tudo bem. - disse eu aborrecida - Aonde você quer conversar? Eu não tenho muito tempo.
Vic: Vamos para o jardim?
Eu: Ok.

Nós fomos para o jardim no último andar do prédio...

Eu: Eu confesso que eu estou curiosa...
Vic: Eu preciso te contar tudo o que aconteceu.
Eu: E há algo que eu não saiba?
Vic: Na verdade, você não sabe de nenhuma coisa. - terminou ele baixo - Como nem eu sabia direito.
Eu: Como assim eu não sei de nenhuma coisa? Han?
Vic: Você pode ao menos sentar nesse banco?
Eu: Tá... - nós sentamos no banco - O que tanto eu não sei?
Vic: A Sra. Dani armou contra nós.
Eu: Quê?
Vic: Ela falou com a Jane, e ambas armaram para que nós terminássemos.
Eu: Nós? Você terminou comigo.
Vic: Eu sei, mas, eu não tive outra escolha.
Eu: Sim, você tinha. Você sabia que a Jane estava dando muitos palpites sobre nós...
Vic: Você não entende.
Eu: Como eu posso entender? Você mesmo disse que eu não sei de nenhuma coisa. (eu me levantei um pouco irritada)
Vic: Se você tivesse que escolher entre a sua vida e a vida de quem você ama, talvez me entenderia.
Eu: Que história é essa, Vic? (eu cruzei meus braços e ele levantou)
Vic: Ly... - ele respirou fundo e colocou as mãos dele em meus braços - A Jane e a Sra. Dani estavam querendo acabar com a sua vida.
Eu: Pera... Como assim? - meus braços descruzaram - Que história maluca é essa? (eu fiquei preocupada)
Vic: A Sra. Dani e a Jane estavam tramando uma emboscada para você, e eu descobri, e fui conversar com ambas, e elas disseram que ou eu me afastava de você, ou eu veria seu sangue correndo no asfalto. (eu caí de joelhos sem conseguir esboçar reação)
Eu: Quê? Como assim? - eu comecei a chorar - Mas por quê? Eu nunca fiz mal a ninguém.
Vic: Ly. - ele sentou-se no chão e me abraçou - A Sra. Dani e a Jane não conseguem lidar com pessoas felizes. Elas tiveram uma vida triste, e elas preferem ver os outros tristes do que elas não serem as únicas felizes.
Eu: Mas por que me matar?
Vic: Porque seria a única maneira que segundo elas, você não cruzaria nunca mais o meu caminho.
Eu: Mas Vic, você poderia ter ao menos tentado... (ele me interrompeu)
Vic: Chamar a polícia?
Eu: Não tinha outra saída?
Vic: Eu pensei em falar com a minha tia, Dianna, mas ela não me ouviu. Eu não tive outra escolha.
Eu: Mas eu gosto tanto da Dianna, por quê? (eu desabei no choro)
Vic: Calma, Ly. Calma! Agora vai ficar tudo bem, eu prometo.
Eu: Como você pode achar que vai ficar tudo bem, se você disse o porquê terminou comigo e se você voltar... (ele me interrompeu novamente)
Vic: Ly, me escuta. - ele segurou em minha mão e me olhou fixamente - Eu descobri uma maneira de podermos ficar juntos e a sua vida ficar a salvo. Claro, se você quiser.
Eu: Mas como?
Vic: Eu resolvi mandar um e-mail para a tia Dianna com todas as provas que eu recolhi acerca do que a Sra. Dani e a Jane estavam tramando contra você. Eu havia perdido os arquivos, mas eu os recuperei. A essa hora - ele olhou o relógio - a tia Dianna deve estar lendo o meu e-mail contando tudo o que ocorreu, com a observação "leia até o final e veja as provas, há alguém que você muito gosta que está em perigo"!
Eu: E o que acontecerá daí por diante?
Vic: Eu propus uma reunião familiar para expor a todos o que a Sra. Dani estava tramando junto à Jane.
Eu: Mas e a reputação da Sra. Dani?
Vic: Não vale mais do que a sua vida em risco.
Eu: Mas, Vic... (ele interrompeu novamente)
Vic: Você não quer ficar comigo?
Eu: Sim, eu quero.
Vic: Então confia em mim.
Eu: Mas, e você vai aguentar tudo isso? Uma vez a tia Vivian mencionou que você estava com uma síndrome incomum, e era resultado do seu sofrimento.
Vic: Não se preocupe, eu estou cuidando da minha saúde, e eu me afastei de tudo o que me causava danos, e claro, voltei a ir na Igreja que passamos na frente naquele dia em que nos conhecemos, e eu estou buscando estar mais perto de Deus. (eu sorri)
Eu: Isso é muito bom de ouvir, Vic. Muito, muito, muito mesmo. (ele beijou minha testa e me abraçou)
Vic: E tem um detalhe que eu sei que vai me ajudar ainda mais.
Eu: Qual?
Vic: Se você aceitar ficar ao meu lado outra vez, eu sei que Deus vai te usar pra que eu fique bom outra vez. (eu respirei fundo)
Eu: Você tem certeza disso?
Vic: Toda a certeza do mundo. (ele sorriu)
Eu: É muito bom te ver sorrindo outra vez.
Vic: É muito bom poder te ter em meus braços outra vez. - ele se aproximou de mim - Eu posso?
Eu: O quê? (eu olhava em seus olhos)
Vic: Chegar mais perto. - ele sorriu - E te dar um beijo.
Eu: Pode. (eu dei um riso envergonhado e abaixei a cabeça)
Vic: Então tá bom.

Ele reergueu meu rosto, colocou a mão esquerda em meu rosto, se aproximou e ficou olhando no fundo dos meus olhos por uns segundos, e ambos fechando os olhos, ele me deu um beijo. Após o beijo, ele me abraçou forte, e então eu abaixei a cabeça, um pouco envergonhada...

Vic: Você continua a mesma garota tímida de dois anos atrás.
Eu: Minha timidez se supera com você.
Vic: E as bochechinhas rosadas só são comigo?  - ele riu e eu dei um tapa nele e escondi meu rosto - Ah, qual é, Ly. (ele riu)
Eu: O quê?
Vic: Tira, por favor, as mãos do rosto.
Eu: Não. (ele riu)
Vic: Tá bem, eu tiro então.

Ele tirou minhas mãos do meu rosto e deu um selinho...

Vic: Poderia ter sido mais simples, não acha? (eu bati nele)
Eu: Irritante.
Vic: Irritante e apaixonado por você. O combo perfeito. - eu bati nele - Vai me espancar? (nós rimos)
Eu: Se você ficar me deixando corada, sim.
Vic: Mas é tão bonitinho você assim, caramba.
Eu: Vic... (eu fiz cara séria)
Vic: Sua cara séria não me assusta. Só te deixa mais linda do que já é.
Eu: Bobo. (eu sorri e ele me deu um beijo na bochecha)
Vic: Um bobo apaixonada por uma boba, dá o quê? Um casal de bobos. (nós rimos)
Eu: Eu amo você, Vic.
Vic: Eu também amo você. - o celular dele começou a tocar - Espera um pouco, é a tia Dianna.

O Vic foi atender o celular e eu fiquei esperando. Em 10 minutos ele voltou e se sentou ao meu lado de novo...

Eu: E aí?
Vic: A tia Dianna concordou e pediu desculpas por ter te julgado mal e por não ter me deixado falar antes, e prometeu que vai proteger as nossas vidas, afinal, ela conhece bem a Sra. Dani.
Eu: Ah, uffa.
Vic: Mas tem uma notícia ruim no meio disso.
Eu: Qual? (eu fiquei preocupada)
Vic: Calma, calma, calma! É só que eu vou ter que ir agora.
Eu: Ah, menos mal.
Vic: Menos mal?
Eu: Quero dizer, ao menos você vai e eu acredito que... - eu respirei fundo - Poderemos nos ver depois?
Vic: Até o fim. - ele me deu um beijo - Bom, agora eu preciso ir.
Eu: Tudo bem. Vai com Deus. (ele se levantou e me levantou)
Vic: Eu te amo, e eu estou muito contente que resolvemos a nossa pendência.
Eu: Eu também te amo, e eu estou bastante feliz por isso também.
Vic: Você é única, Ly.
Eu: Pra mim, você também é único.
Vic: Muito bom ouvir isso, nossa. - ele sorriu - Bom, eu já vou indo nessa. (ele me abraçou forte)
Eu: Que Deus te acompanhe.
Vic: Amém. Que Ele guarde esse tesouro que Ele me apresentou há dois anos.
Eu: Amém. Você é tão precioso pra mim também. Eu te amo.
Vic: Eu também te amo. - ele me roubou um beijo - Mais tarde a gente se fala.
Eu: Ok. Me mantém informada, por favor.
Vic: Seu número ainda é o mesmo?
Eu: Sim. (ele foi saindo e falando enquanto isso)
Vic: Ok, amor. Eu te mando mensagem depois.
Eu: Ok.

Eu não sei se ele falou propositadamente ou não, mas ele me chamou de "amor", e isso terminou tornando ainda mais perfeito.

Bom, agora eu estou em casa, e eu estou refletindo tudo isso, o nosso reencontro, mas também a questão da Sra. Dani e da Jane. Eu não entendo, e talvez, seja melhor eu nem entender por enquanto.

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⏰ Última atualização: Apr 22 ⏰

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