Essa voz...
Akira.
O que ele está fazendo aqui?
- Sua filha da puta, para quê foi isso?-
Talvez eu tenha dado uma cotovelada nele sem querer...
- Me assustei, foi o reflexo - digo, me virando para encontrar o olhar dele.
As sobrancelhas dele se ergueram quando o olhar dele encontrou o meu pijama.
Maldita hora que escolhi vestir Hello Kitty para dormir.
Com certeza ele podia ouvir o batimento cardíaco pesado vindo de mim. Afinal, eu acabei de lhe bater e isso não é bom.
Akira volta à sua posição normal, agora me olhando de cima a baixo.
Era incrível como a expressão facial dele não mudava.
Um olhar gélido e indecifrável, como se ele estivesse falando para dentro.
Uma postura de alguém inalcançável.
Aquilo que podemos observar, mas não tocar. Deixando a sensação de que você é apenas mais uma peça insignificante em seu jogo.
Ele voltou a se aproximar, dando alguns passos na minha direção, parando bem onde a claridade da lua refletia no espaço.
Parece que agora consigo prestar mais atenção em seus traços do que todas as outras vezes que o observei.
Seus cabelos eram de um preto carregado, mas à luz, alguns fios pareciam escarlate. Deixando um formigamento em meus dedos só de imaginar a oportunidade de tocá-los.
Seu rosto era definido por um olhar forte, um maxilar bem marcado e uns lábios perfeitos. Sua estatura se igualava a talvez 1,80 ou até mais. Ele estava vestido com uma calça cinza um pouco larga de pijama e uma camiseta preta de manga comprida que marcava muito bem o seu porte físico.
Tatuagens visíveis no seu pescoço e espalhadas pelos seus braços até aos dedos das mãos.Ele era lindo, sem dúvida alguma.
- Você é mesmo uma coisa pequena e assustada, não é, coelhinha? - diz se aproximando mais.
-Por favor, não me chame assim-
- Educada também... pedindo por favor-
- Se afasta -
- Você não gosta do apelido? - diz já bem próximo do meu rosto.
- Não -
- Mas combina com você, pequena, medrosa, fraca... - se aproxima do meu ouvido - Sabe qual é a coisa que eu mais odeio?... Gente fraca como você. Que finge ser o que não é, boa menina, que não sabe se defender. Tudo mentira -
- Cala-te! - elevo a voz.
- Acho que toquei na ferida -
- Me deixa em paz -
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FOG
Teen FictionUma "órfã" que vive num orfanato isolado, um garoto esquisito e um homicida á solta. Verena, uma menina deixada às portas de um orfanato pelos seus pais quando tinha 7 anos, crescendo com a saudade de casa e com a dúvida do porquê de ter sido largad...