Mayer's

31 2 0
                                    


Oto sentia a preguiça o consumir. Seu corpo pesava e seus olhos quase não conseguiam ficar abertos. Ele ainda não tinha se visto no espelho naquela manhã, mas por julgar seus fios loiros jogado sobre o rosto, suspeitava que seu cabelo estava armado.

Descia as escadas sentindo a cama o chamar. Odiava acordar cedo nos sábados, só queria mais meia hora de sono, era pedir demais? Porém, mesmo que ele tentasse voltar a dormir, não iria conseguir. O barulho que sua mãe fazia na cozinha era o melhor despertador do mundo.

Ele coçou os olhos com sono ao avistar a mulher. Emma era alta, seus cabelos loiros e compridos estavam presos em um rabo de cavalo; parecia estar fazendo uma espécie de farofa. Batia as panelas com agressividade no fogão. Ela sempre se divertia quando cozinhava.

Oto foi até o interruptor da cozinha e ligou e desligou a luz várias vezes, chamando a atenção da mulher. Assim que Emma deixou seus olhos verdes caírem sobre o menino, abriu um sorriso doce. Ela levou a mão fechada ao queixo e a abriu distanciando levemente da cara. fechou o dedo indicador de cada mão no dedão e levou a frente do rosto; com animação abriu os dedos em forma de 'L' aos afastar. O desejando um bom dia animado.

- Muito barulho! – ele afirma levando o dedo indicador ao ouvido e o dobrando, em uma pose muito rabugenta para o gosto da mulher.

Emma torceu a boca ao revirar os olhos. Voltou a encarar a panela com a aura convencida; bateu a colher de madeira no alumínio com mais força só para provocar o filho.

Era assustador o jeito que ele era parecido com ela. O seus trejeitos e personalidade eram idênticos a de sua mãe. igualmente a sua aparência. Era surpreendente como eles eram semelhantes, ele perdia tempo demais se encarando no espelho, vendo cada traço de sua mãe nele.

Escutou sua irmã resmungar no topo da escada. A menina estava apoiada na parede com o rosto inchado. Seus cabelos cacheados e marrons tampavam metade de seu rosto.

- por que a mãe faz tanto barulho sempre? – falava em português e em libras de forma manhosa.

Oto cruzou os braços com o mesmo olhar de convencido que sua mãe tinha o dado a segundos atrás. Ele olhava para a mulher como se dissesse a ela um " eu avisei ". Emma ignorava os dois ao colocar a farofa no prato.

Sergio entrou pela porta da casa assobiando alegremente. Ele carregava uma sacola; parecia que o homem tinha saído para comprar pão. Com movimentos alegres os desejou um bom dia. Oto e Marie o respondeu ao mesmo tempo.

O homem negro abraçou sua esposa por trás e a deu um beijo no rosto. repetiu o sinal de bom dia, porém, com a mão direita aberta, escondeu o dedão, a levando ao lado esquerdo do peito, balançando de forma lateral. Adicionando um " coração" na frase.

Emma riu com o carinho, amava quando seu marido a beijava no rosto. Ela se virou para ele dando um selinho rápido e repetindo o sinais que ele tinha feito, respondendo um " bom dia, coração" igualmente.

Oto pegou as xicaras e os pratos no armário, montou a mesa como todas as manhas. Ele viu sua irmã descer as escadas jogando o peso do corpo sobre os calcanhares, fazendo barulho com os degraus rangendo.

- vejo que temos uma preguicinha aqui – Sergio brincou ao pegar a filha no colo. Marie o abraçou escondendo seu rosto no ombro dele.

Emma colocou os pães, a farofa e as frutas cortadas em cubinhos na mesa, enquanto Sergio passava o café e terminava de fazer a vitamina.

Essa rotina era uma marca deles, Marie sempre ajudava Oto com a mesa, mas hoje ele daria um desconto a ela.

Os Mayer's eram uma família barulhenta. Seja deis de se sentar nas cadeiras de madeira, ou conversar durante o café. Emma era exageradamente expressiva, a loira se divertia ao relembrar dos fregueses da semana. Ela reclamava de um cliente, que invés de a trazer, sedas e Belini como pediu. Tinha a deixado metros de Setin.

Como grãos de areiaOnde histórias criam vida. Descubra agora