t꩜rtinhas dᥱ liꭑão [𝘴𝘤𝘰𝘳𝘣𝘶𝘴 𝘷𝘦𝘳𝘴𝘪𝘰𝘯]

𝗛𝗢𝗚𝗪𝗔𝗥𝗧𝗦, 𝟮𝟬𝟮𝟭, 𝗻𝗼𝗶𝘁𝗲

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ㅤAlbus Potter estava no auge dos seus quinze anos. Para muitos bruxos, mais especificamente os garotos, não tinham tal graça quanto ele. Felizmente, o Potter teve a sorte de ter uma genética tão boa: os cabelos preto-azeviche encontravam-se no auge de seu brilho, a pele sem quaisquer defeitos (como era muito comum em pessoas de sua idade) e o rubor na face saudável.

ㅤSendo assim, ele era facilmente adorado por todos — principalmente as garotas, mas este, por sua vez, não dava muita importância ao caso.

ㅤEra mais que adequado alegar que a vida do Potter era muito boa: era conhecido por todos em Hogwarts (apesar dele não conhecê-los, e apertar a mão de pouquíssimos destes devido à sua timidez), era abastado e o melhor apanhador da sonserina.

ㅤApesar de tais glórias, o Severus sentia-se, na maioria das vezes, vazio. Albus era, sim, muito bom nas mais variadas matérias, como herbologia e feitiços e, apesar de tudo, se destacava, como já fora dito, no Quadribol (onde, estranhamente, o vazio não o perturbava)

Ele sentia-se um poeta: deprimido, incontido e incompreendido.

ㅤApesar de somente quinze anos de vida, apesar de todos os conselhos armazenados na memória, apesar das diferentes lições aprendidas em livros, apesar de observar as ações e consequências das pessoas, o Potter só percebera, de maneira involuntária, que tal desconforto da solidão ocorria devido à falta de uma companhia, a falta de um amigo.

ㅤNão que as pessoas as quais cortejavam o garoto, ou aos seus irmãos e a convivência turbulenta de uma família grande tornassem o Severus deprimido; ele só percebeu, sem querer e por vontade do próprio deus crono e seus controles imprevisíveis pelo tempo, que o menino precisava de um amigo.

Um verdadeiro amigo.

ㅤAlbus acordou com um susto; a chuva era tão ávida por regar as terras mágicas de Hogwarts que fazia um galho bater contra a janela de seu dormitório. O Potter suspirou e, quando deu-se conta de que algo o aperreava fazia tempos, como quando uma pessoa o cutuca diversas vezes até que você dê-lhe atenção, ele percebeu que sentia uma fome repentina. Ora, ele lembrava-se muito bem de ter saciado a fome durante o jantar. O garoto esperou pacientemente a própria visão ajustar-se à escuridão e, quando finalmente seus olhos pararam de arder devido ao uso da visão de modo repentino, ele puxou as cobertas para o lado e, ajeitando a meia que havia caído de seu pé enquanto dormia, o garoto desceu pela Comunal da sonserina.

ㅤEntão, após subir as escadas das masmorras, o garoto, de forma cautelosa, checou os arredores do castelo. Apesar da iluminação precária, o Potter permaneceu atento, por cerca de um minuto, a qualquer movimento ou barulho indistinto. Quando finalmente convenceu-se de que ninguém o flagraria fora da cama (o que lhe causaria uma tamanha confusão e uma dor de cabeça ainda mais latente ao seu pai), o menino, andando na ponta dos pés, seguiu lentamente até a cozinha.

ㅤÉ claro que vez ou outra ele parava para observar ao redor em busca de algum quadro que não dormia, ou até mesmo levar inconscientemente a mão de encontro à boca para aliviar o nervosismo — afinal, ele não queria que alarmes, ou um dragão cuspidor de chamas brilhantes como magma ou que os soldados com armaduras brilhantes jogassem suas espadas em sua direção.

ㅤMas, durante a maioria do caminho, ele não hesitou por muitos segundos prosseguir em direção à cozinha, por motivos desconhecidos. Albus realmente se esforçava-se para nomear tal mistério, mas era um sentimento que o atraía feito um ímã, tão indestrutível e necessário quando o oxigênio presente no pulmão dos seres vivos.

ㅤCom os passos metódicos (passo leve, equilíbrio, passo leve, equilíbrio...), o garoto mal percebera que passara a pensar novamente no maior motivo que causava seu tormento de tão longo prazo: ele precisava de um amigo.