05 - O Amante

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Desconforto

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Desconforto.

O café daquela manhã havia sido regado a um silêncio quase constrangedor entre Hana e Izo, notado por Moegi nos primeiros minutos à mesa. A senhora mantinha o olhar fixo nos dois e era evidente que, mesmo conversando com ela, estavam evitando qualquer tipo de interação entre eles, nem mesmo um único olhar foi direcionado ao outro. Pensou em falar algo para tentar entender o que pode ter acontecido. Ela já tinha experiência suficiente para farejar um assunto mal resolvido a distância, principalmente após ter chegado em casa na noite anterior e deparar com Izo pensativo no sofá, a ausência do batom em seus lábios sendo algo que ela só via quando estava prestes a dormir e isso fugia do padrão habitual do homem.

Não precisava pensar muito no que estava acontecendo diante de seus olhos e isso começava a preocupá-la. Ela sabia de todas as intenções de Hana, o que a apavorava com a chance da história de seu pai se repetir. Havia criado a neta por mais tempo que seus pais, ela nem ao menos sabia que sua mãe não faleceu quando ela ainda era um bebê, mas estava presa há muitos anos, por isso Hana lhe foi entregue pelo filho. Porém, tinha noção de que a vida e os sentimentos dela não lhe pertenciam, afinal havia a criado para ser livre.

─ Você vai às festividades da vila hoje? ─ Sorriu para Izo numa tentativa de manter o diálogo enquanto tentava entender o que estava se passando na cabeça da neta sentada ao seu lado.

─ Sim, eu vou. ─ O homem respondeu em um tom amigável e Hana apenas baixou o olhar, encarando o talher em sua mão que usaria para misturar o açúcar no café.

Moegi sentia que precisava conversar com ambos, mas sentia que estava invadido um espaço muito pessoal. Sempre criou Hana para ser independente e dona de si, o que fazia ficar com o pé atrás em tentar auxiliar a neta a resolver algo tão… Não sabia dizer, afinal poderia ser apenas alguma fantasia de sua mente cansada. Ou estava apenas tentando fingir que essa tensão entre os dois seria facilmente resolvida se tivessem uma conversa sincera.

─ Ficarei em casa hoje durante o dia, preciso adiantar algumas costuras. Se a senhora precisar de algo, me chame. ─ Hana forçou um sorriso e levantou-se da mesa, afastando-se mais rápido que podia.

Estava com raiva, chateada e frustrada com o que havia acontecido. Ela se sentiu uma idiota por esperar que Izo a procurasse para conversar e desfazer qualquer mal-entendido, mas ele escolheu o silêncio. Havia um fio de esperança que logo se esvaiu ao perceber que estava sozinha em seu quarto até o sono vencê-la. Desejava entender por que havia essa resistência vinda dele, já que visivelmente a queria na mesma proporção que ela. Talvez a considerasse estúpida demais ou muito jovem, porém isso não importava. Hana só queria uma parte dele que ainda era inacessível, porém sem perder a que possuía e adorava. Talvez este tenha sido seu erro. Alimentar desejo onde deveria haver apenas companheirismo, mas foi inevitável.

Hana desejou o homem no mesmo instante em que o viu, assim como ele ficou marcado em suas memórias quando ainda era uma menina e ficou admirando sua beleza à distância. Entrou em seu quarto e tentou se concentrar no que deveria fazer durante o dia, tentando esvaziar sua mente e não se torturar mais com o que estava sentindo.

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