Capítulo 07.

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Pov: Roseanne de Altaria.

Você está muito quieta, Roseanne.
Trazida de volta ao presente pela observação, Roseanne admitiu que Lisa estava certa. Sua justificativa era a vista que se apresentava pela janela da
limusine. Elas estavam acabando de entrar na zona comercial de Akjeni, a
principal cidade de Walburaq.
-É tudo tão diferente... –ela murmurou.
Ou quase tudo, Roseanne pensou. Por onde quer que olhasse, havia uma mistura eclética de oriente com ocidente, de antigo com novo. Havia prédios recém-construídos que se projetavam ao céu azul-cobalto. Ao mesmo tempo, haviacconstruções baixas de pedra por toda parte. As ruas movimentadas exibiam barracas oferecendo os mais variados produtos. O mercado parecia ocupartoda a Cidade Velha, como era chamada.

A limusine precisou parar por causa de uma carroça e Roseanne se perdeu em
contemplação. Havia uma rua estreita a sua frente com bancas forradas de
tapetes coloridos e de peças de latão.
E gente! Um grande número de pessoas andava de um lado para o outro,
algumas distraídas, outras com pressa.
Os homens vestiam túnicas longas e brancas que Lisa chamava de dishdashas exusavam turbantes também brancos. O contraste existia também entre o povo.

Ao lado das vestes árabes, encontrava-se grande número de homens vestidos à
moda ocidental. Similarmente, era possível ver mulheres trajando o que havia de mais moderno em Paris e Nova Iorque, enquanto a população feminina
conservadora usava as abayas, a veste preta cobrindo todo o corpo, inclusive a
cabeça.
O cenário era tão exótico que Roseanne quase se convenceu de estar dizendo a
pura verdade sobre a razão de seu silêncio. Mas, por mais que quisesse
esquecer o que acontecera, seu encontro com Gregor Paulus, no dia anterior,
não lhe saía da cabeça. Para não mencionar o motivo principal que era a mulher que estava sentado a seu lado.
Ainda lhe parecia difícil acreditar que estava em Walburaq e que tivera
coragem para abrir seu coração a Lisa.

Nunca em sua vida ela havia confiado seus segredos a outra pessoa. Por maior
que fosse a afronta ou a preocupação, a princesa Roseanne sempre erguia o
queixo e exibia uma máscara de altivez e de indiferença. Lágrimas e receios,
mágoas e desapontamentos, até mesmo sonhos e esperanças, eram cultivados
em particular.
Até conhecer Lisa. No instante que ela atravessou seu caminho no baile, tudo
mudou. O poder de sua personalidade foi imediatamente reconhecido.
Exatamente por esse motivo, ela tentou praticar sua reserva habitual,
chegando ao recurso de evita-la de todas as maneiras possíveis. Nas últimas
vinte e quatro horas, porém, viu-se obrigada a admitir que não havia como
subestimar o carisma e a presença marcante da sheikha.

Se não tivesse reconhecido antes, aquela manhã, quando embarcaram no avião
de Lisa, ela não escaparia. Lisa sofreu uma transformação sutil e ao mesmo
tempo radical. Embora continuasse gentil e atenciosa como sempre, havia um tom de autoridade em sua voz ao tratar com os subordinados, e uma segurança ainda maior em cada um de seus movimentos. Seus gestos não deixavam dúvidas. Lisa demonstrava ser uma mulher acostumada a mandar e a ser imediatamente obedecida.

Sua maior surpresa, porém, foi reconhecer, pela primeira vez, que algo a levava a ceder à magnitude daquela força e deixar que tudo apenas fluísse.
A constatação a assustou, mas a excitou ainda mais.
-Quer que eu diminua o ar-condicionado?
Roseanne pestanejou. Não havia ouvido a pergunta.
-Você está tremendo. Está com frio?
-Oh, não. Eu estou bem.
Lisa não questionou, mas seu olhar continuou preocupado. Roseanne sentiu,
um arrepio lhe percorrer as costas. Em seguida cruzou os braços para que Lisa
não visse seus mamilos endurecerem. Mas não pôde evitar que suas faces
corassem.

Sua reação obviamente não era de frio, mas Lisa, por sorte, não percebeu.
-Fique tranquila. –ela continuou e lhe segurou a mão. –Nosso acordo persiste
embora estejamos em Walburaq. Nada acontecerá entre nós sem sua
permissão expressa. Por mais que eu deseje levá-la para o seraglio...
-Seraglio? – Roseanne perguntou, surpresa. –Você tem um harém?
-Sim e não –Lisa respondeu com um suspiro. –Tenho o local para isso mas nunca levei nenhuma mulher até lá. Por sorte ou por infelicidade, dependendo do ponto de vista de cada um, minha bisavó colocou um fim nessa tradição.

The Arab Heiress and the Princess. CHAELISA G!POnde histórias criam vida. Descubra agora