Capítulo 05.

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Pov: Roseanne De Altaria.

Incrível! Nunca pensei que seria possível! Como você conseguiu?
– Roseanne não cabia em si de alegria e de perplexidade ao ser levada ao local da surpresa que Lisa lhe prometera.
O clima era de festa. As luzes emprestavam uma coloração azulada ao gelo que cobria a pista de patinação. A música invadia o ambiente que já estava repleto de crianças, todas trazidas do orfanato onde Roseanne era principal a
diretora.

Algumas se seguravam às grades ao redor. Outras tentavam se equilibrar sobre os patins com os braços abertos. Muitas já conseguiam deslizar pela superfície gelada como um espelho. Risos e gritos de euforia se misturavam ao som dos alto-falantes.
Roseanne olhou para Lisa.
-Como surgiu essa idéia?

Uma noite dessas, seu primo Daniel e eu estávamos jogando uma partida de
xadrez e surgiu esse assunto sobre patinação. Ele disse que aprendeu a patinar em Chicago e que nunca mais esqueceria aquela viagem e aquela experiência.
-Mas faz uma década que isso aconteceu –Roseanne espantou-se e quase se
traiu ao dizer que jamais lhe ocorreria que Lisa fosse capaz de se dar a tanto
trabalho e despesas para lhe proporcionar aquela satisfação. –Você deve ter tido dificuldades para montar uma pista como esta. É a primeira que Altaria recebe.

-Tenho um amigo em Trieste que trabalha no ramo do entretenimento. Eu apenas dei um telefonema. Ele cuidou do resto.
Era óbvio que o mérito era totalmente de Lisa. Ela estava sendo humilde.
Mesmo que o equipamento pertencesse a um amigo, quem tomara as
providências para a instalação fora ela própria. Desde o aluguel da área até a
permissão legal para a instalação. Tudo isso em vinte e quatro horas.

-Você não precisaria ter se proposto a um desafio tão grande – Roseanne
acrescentou com um sorriso. –Não sei como conseguiu congelar tanta água de
um dia para outro. Não teria havido nenhum problema se a surpresa levasse,alguns dias mais.
Lisa balançou a cabeça.
-Promessa é promessa e eu sempre cumpro o que prometo. Aliás, sempre
consigo aquilo a que me proponho.
A declaração fez Roseanne engolir em seco. As palavras de Lisa ecoaram em
sua mente. Eu quero você. E eu terei você.

Uma onda de excitação a inundou à lembrança. Um instante depois, ela se
obrigou a afastar o pensamento. As palavras haviam sido ditas, afinal, antes de,Lisa saber sobre sua intenção de nunca abraçar o casamento. Antes de ela dizer que a amizade bastaria. Antes de ela provar que sua palavra era uma só,
dando-lhe um beijo que traduzira apenas ternura e respeito.
Dependeria agora apenas dela esquecer o breve, mas intenso, interlúdio no
campo, que a cobrira de mágoa e de vergonha. Algo que ela teria de trabalhar consigo mesma porque ainda sentia todo seu corpo vibrar cada vez que Lisa a tocava, por mais inocente que fosse o gesto.

-E as crianças? – Roseanne quis saber. –O que a fez pensar em convida-las.
-Auto-preservação. –Ela sorriu diante do olhar de perplexidade de Roseanne. –
Devido a eventos recentes, achei que estaríamos mais seguras se estivéssemos acompanhadas.
Roseanne soltou o ar que não sabia estar prendendo.

Fico contente com isso. De outro modo, eu teria de patinar sozinha. Não creio
que você tenha tido a oportunidade de praticar esse esporte em Walburaq.
-Esqueceu que eu passei muitos anos de minha vida na Inglaterra?
-Então você sabe patinar? – Roseanne perguntou sem disfarçar o assombro.
Achava estranho que uma mulher alta e forte como Lisa deslizasse por uma
pista de gelo. Realmente, não conseguia imagina-la nesse tipo de cenário.
Um sorriso divertido surgiu nos lábios de Lisa.

-Um pouco –ela respondeu. –A família de minha mãe tinha negócios em
Northumberland e costumávamos passar nossas férias de inverno lá. Foi minha prima Jisoo que me ensinou a me equilibrar sobre os patins. No início, para rir a minha custa, eu tenho certeza.
Roseanne fitou-a e o assombro, dessa vez, prendia-se a outro motivo.
-Eu conheço Jisoo. Não posso acreditar que seja sua prima. Morena, gentil,
extremamente Educada.
-Pura fachada, eu lhe garanto.
A afeição sob o comentário foi imediatamente notada por Roseanne.
-Vocês duas são muito ligadas, não? –Embora estimasse seus primos, Roseanne nunca tivera muito contato com eles. A idéia de Lisa ser amigo de um membrode sua família lhe parecia tocante.

-Sim. Apesar de ele ser um péssimo professor de patinação –Lisa brincou. –É
por isso que pretendo ficar aqui, apenas observando.
-Oh, não!
-Não? –Lisa estranhou.
Roseanne não suportaria que Lisa ficasse olhando para ela enquanto patinava.
Um forte calor percorreu seu corpo à idéia.
-Não é justo que tenha se dado a tanto trabalho e agora acompanhe a diversão
apenas de longe. Trate de se preparar. Não quero vê-la aí sentada como uma
paxá enquanto os outros queimam suas energias.

-Mas eu sou uma paxá. –Lisa deu uma piscada.
-Hoje não – Roseanne respondeu, firme. –Hoje você é igual a todos.
Os olhares se encontraram. Lisa a estudou por um momento. Por fim,
concordou com um gesto de cabeça.
-Está bem. Será como você deseja.
Um arrepio subiu pela coluna de Roseanne e mais uma vez ela tentou se
enganar sobre a causa. Atração física, nada mais do que isso, disse a si mesma, embora uma voz em sua mente teimasse em afirmar o contrário.

Estava gostando de Lisa. Ao menos da Lisa que se mostrava para ela agora.
Não queria acreditar que ela estivesse representando um papel. Porque era bom demais ter uma amiga que se interessasse verdadeiramente por ela. Que não a quisesse conhecer apenas no sentido bíblico.
Fora por esse motivo que decidira dar uma segunda chance a ela na noite
anterior. De repente, porém, estava se sentindo insegura sobre o bom senso da
medida. Poderia confiar realmente em Lisa? Poderia confiar em si própria?
Não estava apenas procurando uma desculpa para ir em busca de algo que nãodeveria ser?

- Roseanne?

Roseanne estremeceu ao toque na base de sua coluna.
-O que foi?
-Você está a quilômetros de distância. Pare de pensar. –Lisa a conduziu te um
banco. –Tiramos o dia de hoje para nos divertir. Relaxe.
-Eu estou calma. – Roseanne mentiu. Mas tinha certeza de que logo ficaria bem.
Bastaria Lisa tirar a mão de suas costas e elas se sentarem no banco, um em
cada ponta.

Um minuto depois, Roseanne respirou aliviada. Um jovem estava se
aproximando com duas caixas de onde tirou dois pares de patins.
-Tem certeza de que eu preciso fazer isso?
Roseanne precisou sufocar a vontade de rir diante do suspiro de relutância.
Será divertido ver Lisa se comportar como uma simples mortal. Ao menos em um aspecto, Lisa não poderia se mostrar competente.
Antes, porém, ela precisaria lidar com um problema mais imediato. Mal colocou os pés no ringue, as crianças a cercaram, vindas de todas as direções. Ela se sentiu como um pote de mel diante de um enxame de abelhas.

-Você demorou –Marko queixou-se.
-Veja o que sei fazer, princesa –Christian pediu e executou uma pirueta.
-Meus patins não são bonitos? –indagou Isabelle.
-Você pode patinar comigo? –convidou Elizabeth.
-Comigo também? –Pediu Nicco.
Por um instante, Roseanne se perguntou como seria viver livre de obrigações e
deveres. Um segundo depois se arrependeu de seu pensamento. Gostava de crianças e sabia o que significava necessitar da atenção de um adulto.

-Lógico que sim...
-Mais tarde, ok? –Lisa piscou para o grupo. –Antes, Vossa Alteza precisa
praticar. –Lisa inclinou-se e cochichou no ouvido de Roseanne. –Você merece
se divertir um pouco. Tire alguns minutos, pelo menos, para si própria. –Ela aumentou o tom de voz. –Eu estou à disposição. Alguém quer patinar comigo ou prefere brincar de cavalinho?

The Arab Heiress and the Princess. CHAELISA G!POnde histórias criam vida. Descubra agora