— Não vou ligar para ele — as palavras de Sakura foram mais rápidas do que os pensamentos dela. — E nem quero assistir à entrevista alguma.
A mãe, do outro lado da tela, pareceu satisfeita com a resposta. Não era como se Hana nutrisse qualquer tipo de afeto por Sasuke desde o que aconteceu há dois anos, então dava para saber, de plano, o porquê.
Tenten, diversamente, não comemorou tanto assim:
— Espera, calma — ela chamou a atenção de Sakura. — Tem certeza disso?
Tinha? Sakura vacilou por um momento, mas logo estava se levantando do sofá e pondo-se com as duas mãos na cintura.
— Não vou ligar para ele — repetiu. — Tenho certeza.
— Mas você não quer mesmo saber o que ele vai falar antes de ser falado? — perguntou Tenten, analisando a situação. — Pode impedi-lo de dizer alguma grande besteira se ligar.
— Eu nunca consegui impedi-lo ou alterar as decisões dele em nada, Tenten. De verdade. Não vou começar a conseguir agora, quando não o vejo pessoalmente ou falo com ele há quase dois anos.
Dessa vez, Tenten assentiu lentamente, como se compreendesse o ponto dela, porém logo estava levantando outra questão:
— Tá, não falar, tudo bem, mas... não assistir à entrevista? Sakura, é sobre você também!
Sakura negou com a cabeça, mas não se deu ao trabalho de argumentar contra.
Verdade seja dita: nenhum argumento lhe veio à mente.
Para se livrar da situação, ela simplesmente se virou para a imagem da mãe no celular e despediu-se:
— Mãe, preciso dormir. Foi uma semana longa.
— Tudo bem. Me ligue se precisar de alguma coisa, certo? — disse Hana. — Qualquer coisa.
— Tudo bem. Amo você.
— Amo você também.
E saiu andando para o quarto na esperança de que uma boa noite de sono afastasse qualquer ímpeto de ligar para a mãe e pedir o número de Sasuke, porque, sinceramente... Parte dela podia querer fazer isso.
No dia seguinte, a ansiedade a consumiu.
Saber que naquela noite Sasuke estaria concedendo uma entrevista, com quê de resposta à "entrevista" – entre muitas aspas – dela, deixava-a mais nervosa do que gostaria de admitir.
Para tentar não pensar muito nisso, ela procurou seguir a rotina clássica de sábados: acordou cedo, correu pelos quarteirões próximos com Genji em seu encalço, retornou para um banho demorado e um café da manhã mais demorado ainda. No entanto, ao contrário de como acontecia em sábados normais, todo esse conjunto de atividades não foi o suficiente nem mesmo para fazer a manhã de sábado passar, quanto mais o dia inteiro.
Ainda antes do horário do almoço, enquanto se sentava em frente à escrivaninha e fingia estar pensando no tema do projeto que teria que submeter ao grupo de pesquisa de Suzume-sensei, Sakura começou a se perguntar o que estava querendo provar ao afirmar tão categoricamente que não assistiria à entrevista.
Não ligar para Sasuke? Sinceramente, achava racional. Não havia falado com ele uma única vez desde o "boa viagem" com cara de ponto final que ele lhe mandou. Mesmo que fosse por ligação e mesmo que tivesse certeza de que não estava mais apaixonada por ele, sentia que seria estranho o suficiente para ser melhor evitar.
Agora... Não assistir à entrevista?
Não ganharia nada com aquilo além do trabalho de, depois, ter que procurar outra forma de saber o que foi dito ali, porque ela com certeza precisaria saber. Era sobre ela, afinal.
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Fanfiction[Parte 2 de 2 de "O Preço da Fama"] [Contém spoilers de "End Game"] Desde que a famosa série de TV "Naruto" terminou, Sakura passou a levar um estilo de vida comum como universitária longe de Tóquio. No entanto, um casamento, um contrato e uma polêm...