Capítulo 4

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Por algum tempo, Tenten apenas ficou ali parada, olhando para ela enquanto claramente pensava no que fazer em seguida. Sakura, similarmente, também ficou parada em silêncio, quase como se esperasse que Tenten tivesse algo a dizer que fosse fazer tudo melhorar em um instante.

Só que não era assim que funcionava.

Nunca foi assim.

Aquelas primeiras semanas em Osaka, repletas de conversas, músicas tristes e choros noturnos sobre a mais recente desilusão amorosa de Haruno Sakura, eram a prova disso.

E então, Sakura simplesmente deu de ombros, com um sorriso triste no rosto.

— Já faz bastante tempo que o Sasuke não é assunto de qualquer conversa nossa — disse Tenten, enfim. — Achei que você tivesse superado.

— Eu superei — respondeu Sakura com firmeza para, em seguida, a voz dela descer dois tons: — É só que eu...

— Você só...?

— Eu estive pensando que... Nunca quis atrapalhar ninguém.

Tenten fez cara de quem não entendeu.

Diante disso, Sakura respirou fundo e passou a mão entre as mechas do cabelo, jogando-as para o lado contrário. Logo depois, ela se encostou na parede próxima à porta de emergência e passou a observar o vai-e-vem de carros pela fresta de rua que conseguia enxergar.

— Sabe, eu fico pensando que... — prosseguiu Sakura. — Todo aquele tempo atrás, ele me disse que terminaria o "relacionamento falso" se eu quisesse e, no fim, não terminou... Respondeu minha carta com uma mensagem de "tenha uma boa viagem"... Não me procurou nem mesmo para dizer "não" com todas as letras — suspirou. — Ele só seguiu. Seguiu com a vida dele, seguiu com o namoro por bem mais do que um ano, terminando e voltando ou não, real ou não, e agora... — pensou um pouco. — Ele vai passar o resto da vida com a mesma pessoa com quem me jurou não ter tido nada sério.

— Pode ser apenas parte de um novo contrato — sugeriu Tenten.

— Um casamento me parece ser longe demais para um contrato.

Tenten ainda a olhava com certa confusão. Sakura chutava que ela não sabia o que dizer.

— É o enredo clássico: o casal que inicia um relacionamento falso por algum motivo, mas, no meio do caminho, acaba se apaixonando e tem que superar algum obstáculo para ficar junto — explicou Sakura; em seguida, apontou para si mesma com um dedo: — Prazer, eu sou o obstáculo.

Dessa vez, apesar de ainda não a interromper, Tenten negou com a cabeça.

— Eu nunca quis atrapalhar ninguém — repetiu Sakura. — É doloroso saber que eu fui um obstáculo à felicidade deles — constatou; a última parte, porém, saiu como um sussurro que Sakura não tinha certeza se Tenten havia ouvido: — Dele.

— Você não foi obstáculo nenhum! — Tenten, enfim, a interrompeu. — Ele fez as próprias escolhas, ela também. Independentemente do que eles podiam ou não sentir um pelo outro naquela época, você não obrigou nenhum dos dois a nada — argumentou. — Eu acho que, às vezes, as pessoas não merecem a confiança que depositamos nelas, como a confiança que você depositou nele.

Ainda que não estivesse em seu melhor humor no momento, Sakura concordou.

Tenten não disse nenhuma mentira, afinal: apenas repetira o que Sakura já sabia há bastante tempo. Sasuke não merecia a confiança que foi depositada nele. O noivado anunciado naquela noite era apenas o estopim, a cereja do bolo, o... ponto final?

O ponto final.

A constatação lhe deu calafrios.

Era isso, então. Aqueles meses há dois anos, que a fizeram se apaixonar e amá-lo, foram, de uma forma de outra, por mais que ela não tivesse culpa, apenas um obstáculo.

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