Aquele sem a namoradinha

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S/n Ballard

— Filha — minha mãe tocou minha mão de uma forma carinhosa. Seus olhos me analisavam e seu sorriso gentil me fez sorrir também — Está tudo bem?

— Está, sim. Só me distraí um pouco — ela sorriu da forma mais gentil possível, como sempre faz, e me alcançou o cardápio que estava vendo.

— Decide o que você quer pedir e eu pago.

Assenti, porque entrar em uma discussão sobre quem pagaria seria inútil. Minha mãe não cedia tão facilmente e eu também não. Ficaríamos discutindo por mais de trinta minutos e não chegaríamos a lugar nenhum. Ao longo dos anos eu apenas aceitei que, quando saísse com meus pais, eu nunca pagaria a conta.

Não que eu estivesse reclamando, claro.

— É sempre a senhora quem paga, mãe — ouvi sua risada enquanto eu passava meus olhos pelo cardápio — O que é muito positivo para mim.

Minha mãe e eu aproveitamos para almoçarmos juntas enquanto meu pai estaria em mais uma de suas infinitas reuniões a trabalho. Os dois voltam para Los Angeles amanhã e, como é raro termos um tempo livre a aproveitarmos a companhia uma da outra, combinamos de passar um tempo juntas hoje.

— Espero que esteja se cuidando. Trabalhar muito não é nada saudável. Seu pai é um exemplo disso — precisei rir do que minha mãe disse, mesmo que o assunto fosse sério — É sério, filha.

— Eu sei mãe, relaxa — sorri para tranquilizá-la, o que pareceu funcionar levando em consideração o sorriso aliviado que ela tinha nos lábios — Estou me cuidando de verdade. Aprendi com o pai que eu não deveria me afundar no trabalho e é isso o que eu estou fazendo.

— Ótimo — ela sorriu orgulhosa — Com tanto que você se divirta e se cuide, eu vou te apoiar sempre.

É um pouco surpreendente como minha mãe consegue ser gentil e doce a todo momento. Não me lembro de ter uma conversa com ela que não acabou com um sorriso gentil e uma frase como "vou te apoiar", ou "estou orgulhosa de você", porque ela é assim. Claro que quando precisa ela me dá umas broncas também, mas geralmente seu tom de voz é o mais suave possível.

Antes de voltarmos para a minha casa, ela parou para comprarmos sorvete, porque era o que fazíamos quando eu era menor e minha mãe adora essas coisas sobre a minha infância. Meu sorvete, como quase sempre, era sabor menta e chocolate, enquanto o dela era sabor morango.

Me despedi dos meus pais poucas horas depois, quando meu pai saiu da reunião e passou na minha casa para buscar minha mãe. Os dois me abraçaram apertado e disseram as mesmas coisas que sempre dizem - que eu deveria me cuidar e mantê-los informados sobre as coisas. Era uma maneira diferente de dizer que eu deveria mandar mensagens para eles.

Eu não tinha absolutamente nada para fazer, então preparei uma xícara de café e liguei em um episódio qualquer de "Friends" para que servisse como plano de fundo enquanto eu lia novamente algumas letras de músicas que eu salvei como rascunho.

As ideias simplesmente apareciam às vezes e eu sempre escrevia o que achava que poderia transformar em uma música. Depois, revisava tudo o que tinha escrito para ver o que eu podia mudar ou reescrever para que fizesse mais sentido.

É basicamente esse o meu processo de criação de uma música.

Após quase duas horas fazendo isso, me cansei de ler e pensar e deixei o notebook de lado. Não estava afim de cozinhar nada hoje, então acabei pedindo comida em um restaurante italiano que ficava a uns vinte minutos daqui de casa.

Interesse Mútuo [Kendall Jenner]Onde histórias criam vida. Descubra agora