PARTE II

0 0 0
                                    

— Como é?!

— Você nem me deixou tentar te explicar direito Helena! Você só deu um tapa na minha cara e me expulsou do seu quarto.

— Eu sou a culpada agora? Você fez fofocas ao meu respeito e espalhou para a escola inteira, e eu que estou sendo a errada? Você tem certeza? 

— Não fui eu! Nunca, em toda a minha vida colocaria anos de amizade e parceria que tínhamos por isso! Por besteira! E você sabe muito bem disso Helena. — ele respirou fundo e voltou seu olhar para mim — Eu fiquei sabendo o que estava acontecendo dias depois, porque você me evitava a qualquer custo, me ignorava ou quando eu tentava conversar, me aproximava, agia de forma fria e indiferente. Isso doeu como uma facada no peito.

Permaneci quieta, já que estava derramando lágrimas silenciosas. Um choro com um misto de raiva, tristeza e… esperança. 

— Você é a última pessoa no mundo que eu iria  machucar! 

— Guilherme, então por que você se afastou mais? Eu tentei te contatar, ter alguma rede social sua pelo menos.

— Eu não tenho rede social. Não tinha, até recentemente na verdade.

— Ah. 

Novamente o silêncio prevaleceu. Tento relaxar depois desse diálogo nada tranquilo. Quando saímos de uma conversa pacífica para uma discussão sobre as pendências do passado?

— Eu descobri quem fez aquilo com você. Deveria ter te contado, mas… bem, prosseguindo. Eu descobri e a pessoa foi punida, do meu jeito. 

— Você o que? 

— O sujeito não saiu impune.

— Você bateu na pessoa?!

— Não. Tá, um pouco. E então eu fiz ele se entregar para a diretora Marisa, e ele foi expulso por difamar alguém e dentre outras coisas. E já que se passaram anos, vou te contar quem foi, mas não fique chateada…— ele coçou a nuca antes de dizer — foi o Alexandre, meu primo. Ele fez isso por pirraça talvez, infantilidade principalmente. Eu sei que você tinha uma quedinha por ele, então resolvi não contar nada, com medo de que você ficasse com mais raiva de mim ou até mesmo fazer você deixar de estar apaixonada por ele, tentei te proteger. 

Fui pega de surpresa com essa revelação. Não esperava que fosse o Alexandre, logo ele. Ele sabia que eu gostava de verdade do seu primo, e fez isso justamente pra nos colocar um contra o outro. Me sinto parcialmente culpada, por não deixá-lo se explicar ou ter qualquer contato comigo no passado. Éramos melhores amigos, eu o amava até além das barreiras da amizade que estabelecemos implicitamente. Mas, por uma fração de tempo, por suposições e acusações que meus colegas faziam: Elisa, Nathalia e Junior, me afastaram cada vez mais de Guilherme. Estava com tanta vergonha e raiva de mim mesma. 

— Me desculpe por não ter te oferecido uma chance para se explicar Gui.

— Não, não se desculpe! Eu entendo que você estava com muita raiva de mim, e com razão.

Funguei o nariz e sequei minhas lágrimas.

— Não chore, Lena. Por favor… odeio quando você chora ou está triste. 

— Eu tô bem, só pensando em como ser sua amiga de novo...

— Você sempre foi minha amiga, minha melhor amiga, Leninha. E nada vai mudar…

Percebi tardiamente que sua mão estava sobrepondo a minha, que cobria meu rosto. Ele abaixa elas lentamente e segura com as suas mãos, de maneira firme. E em seguida, segura o meu rosto com elas.

No Trânsito com Você Onde histórias criam vida. Descubra agora