Prólogo

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Caros leitores, é com imenso prazer que divido com vocês mais uma história. 

Gostaria de alertar os gatilhos, mais ainda não sei quais serão. Se em algum momento se sentir desconfortável com a leitura, peço gentilmente que abandone. 

Com amor,

AZD.

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Experimente ler esse prólogo ouvindo a música acima.

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Entro na sala do trono e a encontro vazia. É anormal não Tê-lo aqui. Caminho em meio as vinte e quatro poltronas, tocando com a ponta dos dedos o topo de cada encosto destinado aos anciães. O único som presente é o das minhas sandálias ao baterem no chão. A cada passo que dou, remoo qual seria o motivo que O fez sair sem dar explicações.

A paz de espírito de meu Pai que paira sobre o lugar é enaltecida pelo aroma tranquilizante do incenso que vem sobre o altar. Encho peito e sinto a perfeição da mirra pura.

É sublime!

Os primeiros acordes que saem da harpa de 47 cordas, dedilhada na praça da cidade santa, por onde correm as torrentes de águas vivas, rompem o silêncio harmônico que havia, dando início ao primeiro quarto de tempo da adoração do dia.

Para hoje, selecionei uma melodia lenta, mas não menos poderosa. Assim, onde quer que Ele esteja, que tenha força de terminar o que começou. Onisciente, sabe de tudo, recebe tudo, principalmente adoração, isso O fortalece. E mesmo ausente, com o poder de sua onipresença, nos aquece com o resplendor da sua glória, que é como sol.

Eu me aproximo do pequeno lance para o altar e subo os três degraus. Sigo para as grandes janelas de vitrais no fundo, observando a imponência do trono enquanto passo por ele. Imagino-me sentado ali. O meu cerne estremece com a vontade que tenho em descobrir qual a sensação de governar tudo que existe e tem vida. Inflo com a ideia.

Como pode querer governar no lugar de seu Pai?! — acuso-me.

Verdadeiramente incomodado, deixo de olhá-lo e me aproximo para ver lá fora. Apoio as mãos no beiral e inspeciono a cidade santa através do vitral. Balanço a cabeça inconformado comigo mesmo.

A minha glória te basta, Lúcifer.

Fecho os olhos ao lembrar o que me disse antes de partir.

Será?! E por que não consigo refrear esse sentimento perturbador dentro de mim?! — questiono agoniado, como gostaria de ter feito, ao invés de ter me calado.

Os raios da sua glória resplandecem contra a minha pele e me esquentam. Aperto os punhos com força.

Sinto que tenho um poder que sequer conheço e isso me enlouquece! Quero provar para saber o que é! E quem sabe, ... degustar algo diferente! Aqui, é sempre a mesma coisa!

Só um desentendido não percebe quão irrisória a minha atual delegação é! Eu sou poderoso o suficiente para ser muito mais que um simples regente! O único ao qual, Ele, o Todo-poderoso, permite autoridade na Sua presença!

Quero mais! Preciso de mais!

Não consigo evitar esse sentimento, ainda assim... o contenho mais uma vez.

Sinto a mão pulsar e abro os olhos para vê-la. Encontro os nós dos meus dedos brancos. Com dificuldade, estico os dedos e respiro fundo, segurando tudo que há dentro de mim. Volto a encarar a cidade santa com o semblante contrito.

Uma mulher entre dois homens: Os GutierrezOnde histórias criam vida. Descubra agora