Capítulo 01 - Nem tudo é o que parece

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Alejandro

Alemanha, Berlim.

- Erick!

Levanto os olhos dos papéis da doação de bens e vejo o pai de Anna entrar no meu escritório.

Em pé atrás da minha mesa, esboço um sorriso no canto dos lábios e abaixo o calhamaço, deixando-o sobre o tampo.

- Leon - digo polidamente. - Posso saber o que o maior exportador de metal de Berlim, faz na minha sala em plena sete da manhã?

Contorno a mesa dentro do meu terno de alfaiataria.

- Anna está... - para de falar e pensa em como explicar a filha. - Eufórica com a ideia do casamento - diz com as mãos.

Sorrio para o meu sogro e lhe ofereço a mão. Ele a aceita e me puxa para um abraço. Aperto-o contra mim para que sinta firmeza na nossa loucura repentina.

Afastamo-nos.

- Não deveria estar a caminho do evento Oil & Gás, no Brasil? - questiono olhando-o com carinho.

Concorda com a cabeça calva e logo em seguida nega, fazendo chacoalhar as bochechas cheias.

- Para você ver! - diz alegre. - Ontem, Anna não me deixou dormir pedindo que eu autorizasse a mãe agilizar um jantar de noivado para hoje.

Lastimo com o rosto.

- Anna ficou louca?! Não me disse nada sobre isso! - olho para a minha mesa com pilhas de processos. - Olha quanto trabalho tenho para hoje!

Meu sogro dá um passo atrás e levanta as mãos.

- Eu adiei minha viagem, Erick. Faça seu melhor - dirigi-me um olhar caloroso enquanto se adianta para sair da sala.

Suspiro e ponho as mãos na cintura.

- Vou tentar.

- Você vai conseguir. - Leon sorri confiante. - Sempre consegue.

Ele me dá um aceno e vai embora. Fico parado, olhando-o se afastar atrás das portas de vidro. Cumprimenta a todos, do escritório, por onde passa.

Meu maxilar trava.

Fecho os olhos e massageio as têmporas.

Trimmmmmm, Trimmmmmm!!!!

Abro-os e volto para trás da minha mesa. Tiro o telefone do gancho.

- Erick - atendo e caio sobre a cadeira.

Empurro-me para encaixar as pernas debaixo da mesa.

- Quando vai voltar?

Olho para a porta e espreito as pessoas lá fora, buscando um curioso, ou alguém que saiba dessa ligação, mas não tem ninguém. Conhecem-me a poucos meses e depositam em mim uma confiança, como se fosse a vida inteira.

- Eu preciso de uma assinatura - respondo ao meu irmão.

Ficamos em silêncio.

- Javier, está bem? - me preocupo.

Olho o meu relógio de pulso, acompanhando os segundos.

- Está. Ele não fala nada, mas ...

- Acha que já fiquei longe tempo demais - completo.

- Ele sente a sua falta - corrige.

- Trinta segundos - aviso.

Sebastian desliga.

Uma mulher entre dois homens: Os GutierrezOnde histórias criam vida. Descubra agora