A noite na clareira.

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Eu não sei se consigo me sentir acolhida mesmo com as falas de Alby, tudo isso está me dando uma sensação de agonia, uma das coisas que mais me preocupa é o porque ninguém achou uma saída desse lugar até agora, mesmo depois de anos eles estão aqui ainda e parecem levar isso na maior calma, só que eu não me vejo presa aqui.

O céu já avia escurecido alguém bate na porta de madeira que não avia uma tranca, mas mesmo assim avia esperado uma resposta para ver se poderia entrar.

- Pode entrar.*Eu disse me levantando da pequena rede que eles infelizmente chamavam de cama*

- Vem vamos acender a clareira.

Aquela voz doce da caixa em que eu cheguei mais cedo, era aquela voz e eu consegui reconhecer perfeitamente, mas quando abri a porta já não tinha mais ninguém ali, achei que eu estava ficando louca, oque é bem provável mas apenas aceitei e fui para aonde todos aqueles garotos estavam reunidos. Avistei Alby e fui chegando cada vez mais perto, pois era o único a qual eu conhecia.

- Perdão por não ter ido chamar você, eu fiquei muito ocupado cuidando de alguns assuntos na cozinha junto ao Caçarola *disse Alby a um tom doce* mais pelo jeito você conseguiu chegar aqui sozinha.

- Na verdade alguém me chamou, mais antes que eu pudesse ver já não estava mais ali.

- Bom eu não mandei ninguém para chamar você, mais fique tranquila se a pessoa chamou foi porque sentiu que deveria.

- Certo, só fiquei meio assustada mesmo, mais nada que algo para comer não ajude. *Assim que eu falei isso um menino de altura media e de peles escuras chegou ao meu lado prestes a falar algo*

- Bom Fedelha está esperando oque, pegue oque quiser comer. *Ele se sentia desconfortável perto de mim mas fez questão de se apresentar mesmo assim.* Sou o Caçarola, ou melhor o cozinheiro que não deixa com que esses tontos morram de fome.

Antes mesmo que eu falasse algo chegou dois garotos a nossa volta rindo da cara do cozinheiro.

- Bom aquela sopa não diz isso não é mesmo amigo *Diz o garoto alto e loiro, de braços fortes e olhos claros que abraçava Caçarola de forma bruta*.

Enquanto o outro garoto que provavelmente era asiático, de cabelos pretos, músculos reluzentes apenas pegava alguns pedaços de carne que aviam sobre a mesa de madeira e se sentava em um banco baixo apenas observando cada detalhe daquele lugar, bom até me ver, o garoto me encarava feio como se eu não fosse bem vinda ali. Eu apenas cheguei para Alby e perguntei quem eram aqueles caras altos e fortes.

- São nossos corredores Ben e Minho. *Ele mostrava com o dedo quem era cada um deles*. Como te disse antes eles são quem procuram as saídas desse lugar pelo labirinto.

- Você não me disse nada sobre labirinto Alby *Olho para ele desconfiada*

- Não é assunto para se tratar agora não é mesmo, aproveite a noite *ele então saiu de cabeça baixa a procura de alguém*

Eu então fui até Caçarola pedir algo para comer, ele me deu um pedaço de carne e alguns molhos que ele fez, ele disse por mais o menos uns 5 minutos como aqueles molhos eram importantes e como ele fazia. Até que Ben o garoto loiro apareceu, ele parecia curioso sobre mim.

- Vai ficar aí do outro lado me olhando ou vai vir falar comigo? *fiquei impaciente com os olhares do garoto*

- A mil desculpas Fedelha. *Ele então soltou uma risada*

- Parem de me chamar de Fedelha.

- Prefere ser chamada de Trolha? *Disse uma voz firme se aproximando, era Minho*

- Não, prefiro ser chamada pelo meu nome.

- Então qual seria o seu nome. *Ben se curvou na mesa esperando uma resposta*

- Eu... eu ainda não me lembro * bati a cabeça levemente na mesa e fiquei ali cabisbaixa*

- Fique tranquila, você se lembrará logo logo *Minho batia em minhas costas tentando me acalmar, mais o garoto ria de mim pois sabia como era passar por aquilo e achava engraçado*

Levantei minha cabeça e disse.

- Você acha tudo isso engraçado?

*Ben e ele me olharam sem reação, Caçarola parou oque fazia e os meninos que estavam um pouco mais perto assistiam*

- Vocês acham engraçado? ME RESPONDE. *Eu me levantei ficando frente a frente com o garoto que era alguns centímetros mais alto que eu. Mas ele não tinha reação*

- Vocês estão presos aqui por três anos, e todos os dias vocês percorrem esse labirinto que por algum motivo era para terem encontrado a saída a tempos já, mais não vocês preferem fazer festas ao redor dessa fogueira enorme ao invés de se preocupar em SAIR DESSE QUADRADO MINÚSCULO.

*Todos ali me olhavam com olhar de desprezo, eu não estava nem um dia ali e já não aguentava mais. Eu saí daquele lugar e me sentei em um tronco que ficava afastado de todos. Eles não deram a mínima para oque eu disse, voltaram a festejar como se cada palavra do que eu disse fosse em vão. Apenas um deles se importou com oque eu estava ou não sentindo, um garoto de cabelos loiros e meio alaranjados, olhos escuros e ele não tinha um corpo malhado como os corredores. Ele chegou até mim e se sentou do meu lado.

- Você quer conversar? *disse o garoto olhando para nossa única vista, aquelas paredes enormes*

- Não... *Eu reconheci sua voz, olhei para ele e disse* você né... você que me tirou da caixa.

- Achei que não soubesse, estava totalmente tola naquele momento. *Ele retribui o olhar*

- Eu reconheço sua voz.

- Você não é nada tola então. Olha *O garoto se vira para mim*. Todos nós ficamos assustados quando chegamos aqui, alguns até mais que você, só que fizemos e fazemos de tudo para sair daqui, mais não podemos focar nisso todos os momentos do dia, a clareira é o único momento em que podemos esquecer tudo isso e apenas sentir uns minutos de felicidade.

Eu escutava cada palavra do garoto, mais não conseguia olhar mais em seu rosto, pois eu sentia que eles sofreram muito mais do que eu, eu sentia não... eu tinha certeza.

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⏰ Última atualização: May 03 ⏰

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