Capítulo 01 - Quando eu te conheci

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Lia Bellini

12 anos antes...

— Léo, você disse que a mamãe estava me chamando! — Olhei furiosa para o meu irmão, enquanto ele procurava algo no seu armário de brinquedos.

— Sim, e daí? — respondeu sem me olhar. Isso me deixou ainda mais irritada com ele.

— E daí que ela não estava, seu idiota! Por que você vive me enchendo o saco? — Ele me encarou com uma cara divertida.

— Gosto desse seu jeito burro. — respondeu com um sorriso idiota no rosto, e eu revirei os olhos.

— Vou contar para a mamãe que você continua me xingando.

— Aff, como você é chata! Sai do meu quarto, vai. Peter está vindo para jogar comigo, e eu não quero nenhuma pirralha atrapalhando.

— Oba! — grito animada. — Quero jogar com vocês! — Assim que digo isso, ele vem até mim, segura meu braço e me leva para fora do quarto dele.

— Se você não fosse uma pirralha tão chata, eu até pensaria em deixar você jogar. Agora vaza do meu quarto.

— Você é um saco de irmão — digo mostrando a língua para ele.

— E você é uma pirralha chata — ele diz isso e mostra o dedo do meio para mim, antes de fechar a porta na minha cara.

Arregalo os olhos, surpresa com aquele gesto proibido, e corro até a mamãe para contar a ela.

Bom, a minha relação com o meu irmão não é uma das melhores. Ele adora me encher o saco e na maior parte do tempo que estou com ele, faz piadinhas e fica tirando sarro de mim. Desde que ele fez amigos novos, me excluiu de tudo. Ele não almoça mais comigo na escola, não brinca mais comigo, não me chama para jogar com ele e não me ajuda a cuidar da Bombom (minha boneca). Mas, por outro lado, ele me defende de tudo e de todos, menos dos amigos idiotas que ele tem, tirando o Peter, pois eu ainda não o conheci.

— Mamãe, MAMÃE! Leonardo acabou de mostrar o dedo do meio para mim e fechou a porta na minha cara — falo quase gritando, assim que a encontro cuidando do jardim.

— Oh, meu amor, toma — me entrega uma semente de girassol. — Vou brigar com ele, fica tranquila — diz isso e deposita um beijo na minha testa. — Ajuda a mamãe? Pode plantar esse girassol no nosso jardim? — Aceno que sim com a cabeça e procuro algum lugar para plantar a minha flor favorita.

— LEONARDO BELLINI, DESÇA AQUI AGORA! — Ouço a mamãe gritar e sorrio satisfeita.

Não demora muito até Leonardo descer e encarar a face furiosa da nossa mãe.

— Fiz algo de errado? — pergunta cínico.

— Para de ser sonso, que sua irmã me contou o que aconteceu! Peça desculpas a ela agora.

— Mas eu não fiz nada! Ela tá mentindo — reviro os olhos.

— Sua irmã não mente para mim. Anda, peça desculpas agora ou eu proíbo a vinda do Peter aqui hoje.

Ele suspira rendido e vem até mim.

Assim que ele chega, me abraça fazendo um carinho na minha cabeça, e diz:

— Se você fizer cara feia depois disso, vai ter que levar sua querida Bombom pro hospital, depois de eu arrancar a cabeça dela.

Olho para ele assustada e ele me solta dando risada da minha cara.

— Pronto, mamãe. Já pedi desculpas.

— Ótimo. E que isso não se repita! — Ele concorda e entra em casa novamente.

Nossa mãe entra logo em seguida, e eu volto a procurar um bom lugar para plantar a flor.

Melhor eu não fazer cara feia ou dizer a verdade para a mamãe, caso contrário terei que dar adeus à Bombom.

[...]

Depois de mais ou menos 15 minutos, consigo achar um bom lugar para plantar o girassol. Tomara que o tempo fique bom quando a flor começar a desabrochar.

Caminho em direção à entrada, mas paro assim que vejo um garoto entrando na mesma. Torço mentalmente para ele não olhar na minha direção, mas, infelizmente, isso não acontece.

— Olha só quem está aqui. E aí ruiva, tudo bem? — reviro os olhos.

— Meu nome é Lia. O Leo está esperando você lá em cima — digo supondo que ele seja o Peter, e o mesmo me olha divertido e se aproximando.

— De agora em diante, pra mim você se chama Ruiva.

— E como você se chama? — pergunto, cruzando os braços.

— Eu me chamo Peter, Peter Ricci. — Bingo, eu suspeitava que era ele. Peter provavelmente tem a mesma idade do meu irmão, 15 anos. Ele tem cabelos escuros e olhos esverdeados, aparenta ter mais ou menos uns 1,68 de altura, e tem pequenas sardas no rosto. Ele é muito lindo, tô hipnotizada por esses olhos verdes me encarando com um olhar que eu não consigo descrever muito bem... mas não é ruim.

— Bom, foi um prazer te conhecer, Ruiva — estende a mão, e eu a aperto.

Ele sorri para mim, e eu solto a sua mão para que ele vá ao encontro do Leo.

— Também é um prazer te conhecer, Peter.

Passo por ele, indo em direção à entrada de casa.

— Vem, eu aviso que você chegou.

Entramos em casa, e sinto um cheirinho maravilhoso de cookies no ar. Eu amo! Vejo que é a mamãe quem está preparando e subo para ir ao quarto do Leo avisar que o amigo dele chegou.

Termino de subir as escadas e bato na porta do insuportável do meu irmão.

— Leo, seu amigo chegou.

— Peça para ele subir, pirralha! E não é pra você vir junto.

Resmungo um "tá" e desço as escadas, indo de encontro ao Peter. Vejo-o conversando com a minha mãe e comendo alguns cookies.

— Peter, ele pediu para você subir — me aproximo, sentando na mesa ao lado dele.

— Certo. Obrigado tia Ellie, e valeu por avisar, Ruiva — pisca para mim e sobe, indo para o quarto do Leo.

Viro para a minha mãe, fazendo uma carinha de cão sem dono.

— Não, não, mocinha. Vá tomar banho primeiro e depois você come os cookies — suspiro derrotada e vou para o banheiro, murmurando um "o papai é mais legal".

[...]

Já são 20:00 horas e o Peter ainda está aqui. Sei disso, pois as risadas e os gritos deles são altos demais, e o meu quarto fica ao lado. Leo puxou ao papai ao jogar com os amigos, sempre escandaloso e barulhento.

Ouço baterem na porta do meu quarto e me levanto, indo até a mesma.

Assim que abro, dou de cara com o Peter, me encarando com um sorriso nos lábios.

— Vim dar tchau — diz ainda com um sorriso nos lábios.

— Tchau, Peter — digo sem tirar os olhos dele.

— Espero te ver mais vezes, Ruiva — se aproxima, deixando um beijo na minha bochecha, e sai.

Fico parada, sem saber como reagir. Com toda certeza do mundo, devo estar corada agora.

Volto para a minha cama com a mão na bochecha que ele beijou. Peter está sendo o único garoto amigo do meu irmão que não é um idiota comigo, pelo menos não por enquanto. Eu espero que ele seja legal mesmo.

Sorrio para o nada ao lembrar do seu sorriso.

— Pare, Lia. Aquilo não foi nada.

Deito, sem conseguir tirar Peter e o beijo que ele me deu dos meus pensamentos, e me entrego ao sono depois de um tempo.

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⏰ Última atualização: Aug 19 ⏰

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