𝟔.𝐌𝐄 𝐓𝐑𝐀𝐍𝐒𝐏𝐎𝐑𝐓𝐎 𝐏𝐑𝐀 𝐏𝐄𝐑𝐓𝐎 𝐃𝐄 𝐕𝐎𝐂𝐄̂

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Eu odiava pegar ônibus, principalmente quando ele estava muito cheio e eu precisava carregar muitas coisas igual hoje. Internamente eu xingava muito por ter que ficar espremida e usando só uma das mãos pra me manter em pé por que a outra estava muito ocupada com bolsa, meu portifólio para trabalhos, uns itens de trabalho e isso sem contar a mochila em minhas costas.

Dou sinal para o motorista parar o ônibus mas ele ignora e passa do meu ponto, dou sinal novamente mesmo sabendo que a próxima parada seria muito longe da que eu precisava descer. Sinto vontade de chorar, eu estava com dor de cabeça, dor nos pés, minhas costas me matavam, sentia fome e pra tornar tudo ainda melhor também estava de TPM. Que dia merda.

O ônibus para no outro ponto e eu desço, olho para frente vendo todo o caminho que eu iria percorrer e começo a andar. Ainda tinha muitos comércios abertos o que tornava a caminhada menos perigosa, vez ou outra eu ouvia algum carro buzinando pra mim e eu mostrava meu dedo do meio para eles.

Estava parada na calçada esperando para atravessar a rua quando escuto uma buzina em minha direção, me viro pronta para mostrar meu dedo do meio mas vejo Alberto acenando pra mim dentro do carro, reviro os olhos voltando a andar mas ele não para de me seguir com o carro.

- O que você quer Alberto?- Paro de andar assim que o carro me alcança novamente.

- Tá fazendo o que aqui?

- Indo pra casa, ué.- Falo como se fosse óbvio e faço a menção de voltar a andar mas ele aperta a buzina.- Para com isso ou vou enfiar sua cara nesse volante.

- Estressadinha, para de me ignorar então.

- Caramba, você é chato demais. O que você quer??- Ele da um sorriso vitorioso.

- Entra aí, te dou uma carona.

- Nem pensar.- Ele buzina de novo e eu me apresso em entrar no carro.- Você é irritante demais.

- Você não disse isso a um tempo atrás.- Fuzilo Alberto com o olhar.- Credo, se olhar matasse eu estaria mortinho agora.

- E com razão.- Me afundo no banco do carona ainda sentindo cólica, quanto mais rápido fosse essa viagem melhor pra mim.

Seguimos em silêncio maior parte do caminho, por várias vezes vejo Alberto abrindo sua boca como quem fosse falar alguma coisa mas ficava em silêncio e eu não faço questão de falar com ele.

- Então... Como você está?- Me viro em direção ao japonês pensando em falar alguma grosseira mas Alberto batucando com seus dedos no volante no ritmo da música enquanto dirigia era tão atraente, engulo em seco subindo meu olhar até seu rosto sério e concentrado, mordo meu lábio inferior e desvio meu olhar quando ele me olha de soslaio.

- Cansada, e você?- Respondo baixo.

- Igual.- Ele desvia a atenção da pista e me olha por um momento, olho de volta e antes que pudéssemos falar alguma coisa meu estômago ronca alto.- Eita. Quer comer alguma coisa antes de eu te deixar em casa?

- Não preci...- Meu estômago ronca alto novamente, Alberto segura a risada e eu dou um sorriso sem graça.- Pode ser.

Passamos da entrada da rua levaria até minha casa e entramos em uma onde tinha várias lanchonetes e barraquinhas de comida de rua. O cheiro de comida invade todo o ambiente e eu peço internamente para que meu estômago não ronque de novo.

- O que você quer comer?- Alberto pergunta andando mais devagar com o carro para que eu pudesse olhar as lanchonetes.

- Pode ser hambúrguer.- Falo sugestiva e Alberto concorda com a cabeça saindo com o carro.

Deixa eu dizer que te amo || Bento HinotoOnde histórias criam vida. Descubra agora