Epílogo: O final tem cheiro de nós

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Quem vós conta aqui agora, sobre os desenrolares desta história, tem uma visão distante e alheia aos acontecimentos que circundeiam Gaia, minha irmã mais rica, conhecida vulgarmente como Terra.

Não que tenham questionado, mas como um planeta anão, esquecido pelos meus irmãos e desprezado pelos que se dizem razoavéis na galáxia. Sobra poucos passa tempos que posso realizar.

Um deles, eu devo admitir, é falar sobre um peculiar caso que venho observando na Terra, já a alguns bons anos. Acredite, as estrelas também fofocam e quando morrem, pelo seu brilho me enviam sinais dos ocorridos.

Como antes mencionei, a visão que tenho daqui não é das melhores, mas entre os meus anos de órbita solar, fui incapaz de ignorar uns dois átomos que abitaram, por breves segundos, o solo de Gaia.

Foi um lampejo forte, vi anos de memória vagando pelo espaço. Jimin e Jungkook, dois conglomerados de massa átomica, pelo que vi quando a poeira deles passou por aqui, posso confirmar: foram felizes.

Os mais felizes dos incuráveis românticos que conheci. Chegavam a irritar. Mas acredite, o que vi neles me marcou tanto, que entre esses bilhares de anos, ainda saio contando pelo vacúo os acontecimentos dos segundos que viveram.

Vi primeiro, o momento em que se conheceram, como um extáse pós nascer, foi como se o destino soprasse em suas linhas tempórais. Ficou marcado, naquele primeiro encontro. Eram um do outro, nada mudaria isso.

Por mais que, desaventuras tentassem comprovar a forca da sua ligação, nem mesmo a tentação que lhes separou por três anos conseguiu mudar a ordem das coisas.

Lembro de quando se reconciliaram, era uma bela noite, e foi uma madrugada feliz de magoas se esvairando.

O casamento, foi sim marcante. Com um noivado que antecedeu o evento sendo cercado de altos e baixos — muitos baixos, depressões! O selar daquela união havia de ser marcante.

E foi. Marcou a este pequeno planeta, pelo menos. Soube que a alguns outros átomos também, que torciam por eles mais perto do que eu podia. Eram famosos entre as poeiras do mundo, viraram um tipo estranho de resistência. Lutavam por algo que não sei explicar, igualdade, eu acho. Alguns não aceitavam seu amor, achavam-se donos da forma que amavam — mesmo não podendo ser ela catalógada.

Ali pelo meio da vida, tiveram filhos. Adotaram muitos esquecidos, como a mim mesmo, o qual criaram um carinho especial que vi necessidade em retribuir do jeito que podia.

Eram crianças doces que ao crescer honraram o amor dos país, procuraram por cor no mundo e lembrar sempre dos esquecidos, os ignorados pela sociedade.

De resto, sei que a felicidade tinha uma hegemonia tão gritante que não sobra o que dizer. Como explicar a felicidade? Parecia um estado tão pessoal deles, uma atmosféra própria. Não é que não sofriam, que não tinham dores, era apenas o fato das agonias vividas serem menores do que o conjunto deles.

Infinitos, é o que sei que eles foram. Foi o que vi quando as suas poeiras avançaram em direção ao Sol, como sabem, quem vira poeira dura mais que os presos em caixas no solo. Gosto de acreditar que eles sabiam disso e que queriam que os seus anseios me encontrassem. Que eu soubesse que viveram e se lembravam de mim.

Que imagem!

Em vida mundana, foram cremados, morreram juntos. Entretanto, em universo viveram para sempre, sendo propagados por amadores como eu. Que ainda são atormentados com a imagem única do que viram neles e um desejo: de se não amar daquele jeito, saber que um amor assim existe.

Fico feliz por ter feito parte de sua história. São uma lenda famosa entre as galáxias, muitos viajantes falam deles e visitam a luz da estrela formada da poeira dos dois — foi capaz de criar todo um novo sistema.

Dois corpos ocupando o mesmo espaço. Era isso que foram para sempre.

Assinado: Plutão; o planeta lembrado por um amor eterno.

134340: O Planeta Abandonado | JJK + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora