CAPÍTULO UM - MARCOS

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Estacionando meu carro em frente a casa de cerca branca estilo ''família feliz americana'', pego a embalagem do presente que comprei as pressas para presentear a filhinha do meu amigo. Johan já vinha me pressionando a participar do aniversário da sua filha há uns meses mas só ontem quando estava indo embora do escritório que minha secretária me perguntou se eu já havia comprado o presente para o evento ou se eu queria que ela resolvesse.

Dispensando sua ajuda, eu mesmo, antes de ir para casa começar o final de semana, passei em uma loja de brinquedos infantis e escolhi um unicórnio cor-de-rosa de chifre de plástico cor de creme que brilhava ao apertar um botão. Acho que menininhas gostam desse tipo de besteira.

Apertando a campainha da casa, sou recebido pelo meu amigo de anos.

- Ah Marcos ! Graças a Deus você chegou ! Não estou mais aguentando ficar no meio de jovens – Johan disse rindo para mim.

- Não se preocupe seu velho maldito, cheguei e trouxe cerveja ! - disse entregando-lhe as garrafas – onde deixo o presente ?

- Presente ? Ah, a Serena não vai acreditar ! Ela estava comentando comigo esses dias que não esperava ganhar presentes, já que adultos não ganham esse tipo de coisa e quando ganham, é só bebida ou besteira.

- Adulta ? - pergunto chocado com a revelação de que a filha aniversariante de Johan não era a pequena Lilo e sim Serena, sua filha do primeiro casamento que mora com a mãe no Havaí.

- É seu merdinha ! Eu te contei que a Serena resolveu voltar para o Texas para estudar artes cênicas. Já esqueceu ? - Trocamos olhares chocados: ele sem acreditar que eu já me esqueci da nossa conversa e eu pelo fato de que finalmente conheceria Serena. Johan vive falando o quanto sentia saudades da filha que eu só conheci na barriga da mãe.

E como o diabo aparece do chão quando o chamamos, uma mulher com curvas generosas em um vestidinho justo azul claro aparece no meu campo de visão me fazendo parar de escutar o que Johan estava falando.

Segurando uma long neck, a gostosa vem caminhando direto para mim, sem desviar o olhos dos meus. Engoli em seco quando ela os desceu por meu corpo me secando da mesma forma que estava fazendo com ela. Cristo ! Quando ela deu uma risadinha de canto e finalmente desviou os olhos de mim, levando-os para a pessoa ao meu lado, passei a escutar o que Johan continuava falando.

- ... bom que passou por aqui ! Quero que conheça Marcos, meu amigo de infância. Acredito que não o tenha conhecido ainda. - Johan termina a frase olhando para mim. - Marcos, finalmente conheça Serena. Sei que só a viu quando estava na barriga da Janet, mas agora ela é toda do papai aqui – terminou rindo e abraçando a mulher.

- Oi papai ! Ouvi a campainha e estava vindo atender a porta, mas acho que isso já foi resolvido – disse rindo com carinho para o velho.

Estendendo a mão para mim, Serena fala com a voz sedosa – Oi Marcos, sou Serena. É um prazer conhecer o melhor amigo do papai. Ele fala muito de você – Isso que vi foi um olhar maroto quando ela disse a palavra prazer ?

- O prazer é todo meu, Serena ! Ainda bem que está aqui, não aguentava mais o velho reclamando de saudades da filha mais velha. Também não estava mais afim dos convites de ir para o Havaí acompanhá-lo nas suas visitas – Disse apertando sua mão e rindo ao mesmo tempo. - Eu trouxe um presente, mas como não sabia que o aniversário era seu, acredito que não vá gostar muito – terminei de falar, meio sem jeito e envergonhado pelo presente.

Pegando o embrulho que lhe estendi, e dando o sorriso mais lindo, genuíno e ao mesmo tempo sensual que já vi, Serena abre o presente como se fosse uma criança e gargalha ao notar o conteúdo.

- Um unicórnio ? - ela olha incrédula para mim. Porra que desastre, Marcos !

- É, me desculpa, eu achei que o aniversário fosse da Li....

- Eu amei isso ! - Serena me interrompe rindo e meio gritando. - É tão fofo, Marcos ! - Vejo ela virando a pelúcia observando seu novo brinquedo.

- É... não é nada ! Como eu ia dizendo, achei que o aniversário fosse da Lilo ! Seu pai não me contou que estava de volta. - Disse passando a mão na minha nuca, envergonhado e meio chocado com sua reação.

Como ela não disse mais nada e continuou olhando para mim, eu fiz a idiotice de mostrar o que o brinquedo fazia. Chegando mais perto dela, estendi a mão e apertei o botãozinho na barriga que o fazia começar a pular e acender o chifre. - Ele ainda acende assim !

Com uma cara de chocada, ela olha do unicórnio para mim e depois de um minuto de silêncio absoluto, escuto a risada estrondosa de Johan ao meu lado que assistia a toda a cena !

- Eu não acredito nisso – Disse Johan gargalhando e andando para outro lugar – Fique à vontade Marcos, vou guardar as cervejas.

Volto a encarar Serena e a encontro olhando para o brinquedo sorrindo de canto.

- Não precisava Marcos... mas agradeço por ele ! Eu amo pelúcias... tenho uma coleção delas e essa aqui vai ter um lugarzinho especial ! - Serena disse com sinceridade me deixando um pouco mais relaxado ! Pelo menos não errei tanto assim, não é mesmo ?! - Eu vou guardar isso, mas fique à vontade ! Você já deve conhecer a casa. Eu já volto ! Nos vemos por ai.

E enquanto eu observava Serena ir em direção aos quartos, fiquei pensando comigo mesmo que eu conhecia aquelas curvas de algum lugar ! E que Deus e Johan me perdoassem, mas eu descobriria de onde era.

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